Vereador, que teve atrito com Magno Malta no PL, afirma que vai deixar a vida pública para se tornar padre
O vereador de extrema direita Júnior Corrêa (PL), de Cachoeiro de Itapemirim, anunciou na tarde desta quarta-feira (14) que desistiu da candidatura a prefeito no município do sul do Estado e que se licenciará do cargo na Câmara Municipal. Ele afirma que deixará a vida pública para se dedicar ao sacerdócio como padre católico.
O anúncio de desistência de um candidato considerado favorito no pleito de outubro ocorre em meio aos embates com o senador Magno Malta dentro do Partido Liberal (PL), os quais o próprio Júnior tornou público em uma nota divulgada na semana passada nas redes sociais. A partir de então, começaram especulações sobre uma iminente saída do vereador em direção ao Progressistas (PP), sigla cujo diretório municipal é comando pelo deputado estadual Theodorico Ferraço e tem como vice-presidente o seu próprio pai, Zezé da Cofril.
Em coletiva de imprensa realizada na sua casa e transmitida pelas redes sociais, Júnior contou que tomou a decisão após um retiro de 15 dias em um mosteiro, realizado na virada de 2023 para 2024. Ele admitiu que os “estresses” recentes com figuras do PL, incluindo o deputado estadual Callegari, reforçaram a decisão. Mas atribuiu a decisão exclusivamente ao “chamado” espiritual, e classificou a decisão como um “retorno ao primeiro amor” – tendo em vista que já passou por um seminário católico anteriormente.
“Eu preciso voltar ao meu primeiro amor. Eu tomei essa decisão tem um tempo, mas eu precisava passar por esse momento de agora para dizer que eu saio da vida pública. Não vou mais disputar a eleição de prefeito. Nem como vereador serei candidato, nem deputado. Não darei prosseguimento à vida pública para me dedicar a quem deu a vida por mim”, comunicou.
Júnior se desculpou com apoiadores e com o PL pela eventual frustração, mas ressaltou que sua experiência espiritual pessoal falou mais alto. “Se existe um culpado, o culpado é o próprio Jesus, que me chamou há uns dez anos e eu respondi com dez anos de atraso. Se não estou dando prosseguimento, não é por desilusão. Eu tinha um chamado, e precisava responder da maneira certa”, explicou.
Apesar disso, o vereador destacou que “não tira nenhuma palavra” da nota em que tornou público o conflito com Magno Malta, a quem mandou o recado de que é necessário, em sua visão, haver diálogo com outras forças conservadoras para o partido chegar forte às eleições municipais de outubro. “O PL tem uma McLarem nas mãos, mas corre o risco dessa McLarem chegar à corrida eleitoral com o pneu careca e, na primeira curva acentuada, derrapar”, metaforizou.
Questionado sobre outras candidaturas que teriam o seu apoio, Júnior Corrêa disse que, até o momento, a maioria dos pré-candidatos tem algum tipo de ligação com o governo estadual, tornando a decisão difícil, em sua visão.
Fora do campo do governador, Diego Libardi (Republicanos) “tem dificuldade de cumprir compromissos”, segundo ele. Já Léo Camargo, seu colega no PL, “não está preparado”, em sua opinião, e o caminho mais certo é uma candidatura como deputado estadual em 2026.
Com o licenciamento de Corrêa, quem deverá assumir em seu lugar é Amós Marcelino (PL), que alcançou 643 votos nas eleições de 2020 e ficou como primeiro suplente. Júnior, no entanto, ressalta que, se o suplente não seguir a mesma linha ideológica que a sua, vai retornar ao cargo.
Corrêa recebeu 2,5 mil votos em 2020, sendo o mais votado na disputa para a Câmara de Vereadores. Em 2022, conseguiu 37,7 mil votos como candidato a deputado federal, alcançando a primeira suplência. Esse eleitorado expressivo alcançado em um curto período de tempo o credenciavam como um dos favoritos na disputa majoritária de outubro deste ano.
Atualmente, em Cachoeiro de Itapemirim, a pré-candidatura que representa o grupo do prefeito Victor Coelho (PSB) é a da secretária municipal de Obras e Manutenção e Serviços, Lorena Vasques (PSB).
Há também o “grupo dos três” políticos que pretendem caminhar juntos nas eleições, que inclui os deputados estaduais Allan Ferreira e Bruno Resende (União) e o secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Diego Libardi (Republicanos) – que se tornou “grupo dos quatro” com a aproximação de Márcia Bezerra (PRD), ex-secretária de Desenvolvimento Social da gestão de Victor Coelho.
No campo progressista, as pré-candidaturas colocadas até o momento são a do ex-prefeito Carlos Casteglione (PT) e a do empresário e sindicalista Wesley Corrêa (Rede).
Júnior Corrêa, vereador de Cachoeiro, tem atrito com Magno Malta no PL
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