Conselheiro aposentado do TCE Sérgio Borges estaria com o apoio do vice-governador, Ricardo Ferraço
“Lamentável, mas o desmonte do MDB no Espírito Santo tem um nome: Baleia Rossi [presidente nacional do partido], que em todo esse tempo, em nenhum momento pensou no partido e nos emedebistas”. O desabafo é de um antigo militante, que aponta “descaso com a indefinição para formação de comissões provisórias em vários municípios”, incluindo a de Vitória, e é parte de um texto que circula nos meios políticos.
A insatisfação tem a ver com a comentada aproximação do presidente da comissão provisória estadual, o vice-governador Ricardo Ferraço, com o ex-deputado estadual Sérgio Borges, conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES), e do seu sobrinho, Renato, que já estariam no comado da legenda na Capital do Estado. Circulam, inclusive, comentários de que Ricardo não ficará à frente do partido, e sim Sérgio Borges.
O descontentamento maior vem do pessoal ligado ao ex-deputado Lelo Coimbra, isolado no processo de transição liderado pelo presidente nacional do partido, em 2023, em articulações com a participação do governador Renato Casagrande (PSB), mantido nessa posição no cenário atual, apesar dos contatos que têm com a direção partidária.
Em consequência, o partido, ainda com maior número de filiados no Estado, segue sem poder formar chapas de vereador e prefeito. Acrescenta o observador, no anonimato, que o partido “rifou a ex-senadora Rose de Freitas, em nome de um apoio para a eleição ao Senado que não aconteceu; e rifou o ex-presidente Lelo Coimbra Coimbra, para admitir aventureiros”.
“Não nos esqueçamos que não deu certo a eleição de Simone [Tebet] para o Senado, não deu certo a eleição de Baleia Rossi para a Câmara dos Deputados, não deu certo a eleição de Simone para a Presidência da República, não deu certo a eleição de Rose para o Senado, além de que, no Estado, na eleição de 2022, não tivemos quaisquer eleitos”, diz o texto.
Os emedebistas questionam: “a quem interessa o esfacelamento do MDB no Estado?”, e respondem: “Infelizmente, os gestores atuais, que ainda não enxergaram que o partido seria um aliado singular, capaz de decidir as eleições futuras. Porém, os comportamentos dos últimos meses transformam possíveis aliados em reais opositores”.
“Ninguém deveria se esquecer que o MDB congrega o maior número de filiados. Exemplificando: Arnaldinho Borgo foi obrigado a deixar o MDB, mas os emedebistas não o abandonaram; Rose de Freitas não se elegeu para o Senado, pois ignorou a existência dos emedebistas”, prossegue o texto.
O partido, que já teve a maior bancada na Assembleia Legislativa, passou a viver uma fase de conflitos internos entre os grupos de Lelo Coimbra e Rose de Freitas, terminando com a escolha do vice-governador, que assumiu o comando em outubro de 2023. Nos bastidores, essas alterações são parte de estratégias do Renato Casagrande (PSB), visando as eleições gerais de 2026.