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Currículo padronizado para português e matemática revolta professores

Chamada de Rotina Pedagógica Escolar, iniciativa da Sedu “tira a liberdade de ensinar”

A Secretaria Estadual de Educação (Sedu) criou a Rotina Pedagógica Escolar, voltada para as disciplinas de Matemática e Português. Trata-se de uma planilha com conteúdo padronizado para os alunos da rede estadual de ensino. Contudo, professores que preferiram não se identificar, por medo de represália, afirmam não aprovar a iniciativa, classificando-a como um desrespeito à categoria. Criticam, ainda, que não houve diálogo com a comunidade escolar.

Os trabalhadores relatam que a aplicação da Rotina Pedagógica Escolar foi informada aos diretores e coordenadores pedagógicos das unidades de ensino para que comunicassem aos professores. Assim, os docentes, que já haviam feito seus planos de ensino e cronogramas de aula, terão que seguir a planilha com os conteúdos ali colocados. Muitos deles, conforme afirmam, nem ao menos fazem parte do currículo estadual. “Joga fora da noite para o dia o trabalho dos professores”, queixam-se.

O fato de não ter sido publicada uma portaria a respeito da Rotina Pedagógica Escolar, segundo os professores, fere o princípio da transparência. Eles também apontam a retirada da liberdade de ensinar. “O que a Sedu quer é que a gente pegue um livro, abra uma página, explique o que tem ali e mande o aluno fazer o exercício. Isso um estagiário pode fazer. Não precisa de mestrado, doutorado, para fazer isso não, como muitos professores da rede estadual têm”, protestam.
Os trabalhadores destacam que professor é alguém que “domina uma área de conhecimento”. “Se uma escola tem quatro professores de matemática e português, cada um faz um plano de ensino. Agora, todos irão seguir o mesmo plano padronizado. Em vez de educar, despertar senso crítico, querem que a gente faça dos alunos cobaias de avaliações externas”, denunciam os professores, já que Matemática e Português, justamente as disciplinas alvo da mudança, são as exigidas em avaliação como a do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A Rotina Pedagógica Escolar, acreditam os professores, poderá, inclusive, fazer com que os alunos percam o interesse no conteúdo. “Quando damos aula de literatura nas escolas de periferia, por exemplo, muitas vezes utilizamos letras do Racionais MC, Slam, que têm uma linguagem que atrai os estudantes, não ficamos focando somente em textos com uma linguagem do século XVI”, apontam.


‘Aprendizagens’

Procurada por Século Diário, a Sedu informou que, “conforme previsto nas Diretrizes Pedagógicas 2024 da secretaria, uma das ações da Recomposição das Aprendizagens é a priorização curricular dos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática das etapas do ensino fundamental anos finais e do ensino médio, com o propósito de fortalecer aprendizagens que não foram plenamente desenvolvidas pelos estudantes”.
Afirma ainda que “as habilidades priorizadas de Língua Portuguesa e Matemática do ensino fundamental anos finais e do ensino médio do currículo priorizado foram alinhadas aos descritores de baixo desempenho nas avaliações, de modo a complementar o processo de recomposição das aprendizagens”.
A nota acrescenta que “juntamente com os descritores do Paebes [Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo], também foram incluídos os descritores das Avaliações Diagnósticas de Língua Portuguesa e Matemática aplicadas em fevereiro, ambos com o intuito de apoiar o trabalho da equipe pedagógica da escola e do professor na análise e uso dos resultados das avaliações no processo de recomposição e de nivelamento das aprendizagens”.
A Sedu destaca que foram incluídas, ainda, “atividades para o desenvolvimento das habilidades previstas no currículo priorizado, que podem ser utilizadas pelo professor na íntegra, complementadas ou, até mesmo, substituídas por atividades produzidas pelo próprio professor. Essas atividades foram organizadas conforme a quantidade de habilidades/descritores previstos e o número de aulas necessários, mas devem se adequar ao calendário de cada escola”.

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