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​Ufes rejeita laudos de autismo de estudantes que disputam por cotas para PCDs

Após manifestação, reitor Paulo Vargas afirmou que vai abrir procedimento interno 

O reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Paulo Vargas, se comprometeu a abrir um processo interno para averiguar a situação de duas estudantes autistas que tiveram seus diagnósticos rejeitados pela junta médica para ingressar no curso de Medicina por meio das cotas para Pessoas Com Deficiência (PCDs). Agora, a universidade tem até o próximo dia 22, prazo estipulado por ela mesma, para dar um retorno em relação à demanda.


O compromisso foi firmado pelo reitor após uma manifestação do Coletivo Mães Eficientes Somos Nós, realizada nessa segunda-feira (11). O grupo parou momentaneamente a Avenida Fernando Ferrari e depois foi recebido por Paulo Vargas. Uma das integrantes do coletivo, Lúcia Mara Martins, critica o fato de a junta médica ser formada por um ortopedista, um clínico geral e um médico do trabalho, especialidades que não estão relacionadas com a questão do autismo.
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A professora Sinara Nunes Guedes é mãe de Alice Martins Guedes, uma das estudantes cujo diagnóstico de autismo foi descartado pela Ufes. Ela recorda que a filha fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como candidata PCD, utilizando os mesmos documentos apresentados à Ufes para comprovar sua condição. O argumento da universidade para dizer que a jovem não tem autismo e, portanto, não tem direito à vaga por meio das cotas, foi de que a família não tem laudos que comprovem o autismo já na infância.

Contudo, informa Sinara, o autismo de Alice foi diagnosticado de forma tardia, por volta dos 14 anos, quando estava indo para o Ensino Médio. “O que está claro é que eles só aceitam autistas como pessoas com direito à vaga para PCDs se o laudo for desde a infância, mas isso não consta no edital”, diz. A professora também se queixa do comportamento da Perícia, que “já foi preparada para questionar os laudos apresentados”. Ela acrescenta: “era como se estivessem buscando uma brecha para colocar em xeque a veracidade”, critica.

Isso se expressou, afirma, em perguntas como se a estudante tem renda social, como são as relações sociais dela, e se tinha amigos na infância. “É como se o autista não pudesse ter relações sociais”, queixa-se. Outra reclamação da professora é quanto ao fato de a banca não permitir aprofundar as respostas, sendo possível dizer apenas sim ou não. “Em uns 10 minutos de conversa, chegaram à conclusão que ela não é autista, e, consequentemente, acusaram de mentirosos os profissionais que a acompanham. O capacitismo ficou claro na perícia”, lamenta.
Sinara questiona a falta de padronização para análise dos candidatos PCDs. Em outros cursos, como o de Pedagogia, aponta, não houve entrevista com junta médica, somente apresentação de laudo. “Por que em Medicina precisa de tudo isso?”, questiona. A professora destaca que, caso a universidade continue não reconhecendo o diagnóstico de autismo de Alice, ela terá que fazer o Enem novamente, mas ao tentar ingressar na Ufes, não poderá disputar pelas cotas para PCDs, já que foi descartada essa possibilidade.

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