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Portuários paralisam trabalho por uma hora no Espírito Santo

Entrada do Porto de Capuaba ficou bloqueada; ato defendeu a exclusividade de trabalhadores avulsos

Os portuários do Espírito Santo paralisaram os serviços das 7h às 8h desta quinta-feira (14), como parte de uma mobilização nacional contra iniciativas de acabar com a exclusividade de contratação de trabalhadores avulsos pelas companhias portuárias. A ação, capitaneada pela Intersindical da Orla Portuária do Estado, teve maior incidência no Porto de Capuaba (VPorts), em Vila Velha, cuja entrada ficou bloqueada temporariamente.

Divulgação/Suport-ES

No último dia 16 de fevereiro, os portuários capixabas aprovaram, em assembleia, estado de greve, e uma plenária nacional realizada nos dias 21 e 22 de fevereiro referendou a mesma deliberação em todo o Brasil. O protesto desta quinta-feira levou em conta, especificamente, a instalação de uma comissão de juristas na Câmara dos Deputados esta semana, que visa revisar a Lei dos Portos (12.815/2013) e acabar com a exclusividade dos trabalhadores avulsos.

A luta nacional contra a mudança é encabeçada pelas três federações que representam os trabalhadores da área: Federação Nacional dos Portuários (FNP), Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e a Feccovib, que reúne diversas categorias.

De acordo com a Lei dos Portos, a contratação de trabalhadores de capatazia, bloco, estiva, conferência de carga, conserto de carga e vigilância de embarcações com vínculo de emprego por prazo indeterminado precisa ser feita exclusivamente dentre portuários avulsos registrados no Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) – dispositivo que agora é questionado por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI).

A ação foi ajuizada em conjunto pela Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres (Abratec) e Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop). As entidades patronais querem que a “exclusividade” seja interpretada como “prioridade”, abrindo margem para contratar profissionais fora do Ogmo.

A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou contrariamente à ADI, reforçando o caráter literal da expressão “exclusividade”, dentro de uma lei que passou por todos os trâmites no Congresso Nacional. A Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos – Casa Civil da Presidência da República e o Senado Federal seguiram o mesmo entendimento, e requereram ao relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, que a ADI seja julgada improcedente.

A Câmara dos Deputados também reconheceu que a lei passou por todos os trâmites legais para ser validada e instituída em 2013. Mesmo assim, a comissão de juristas, criada pelo presidente da Câmara s, Arthur Lira (PP-AL), foi instalada. A iniciativa é repudiada pelos trabalhadores, que consideram que a maioria dos integrantes tem posições reconhecidamente contrárias aos portuários avulsos.

Divulgação/Suport-ES

Para as organizações dos portuários, na prática, o fim da exclusividade da mão de obra avulsa significaria o fim do Ogmo e dos sindicatos, e o início de uma era de trabalhadores portuários vinculados com baixos salários, sofrendo ameaças de demissão a todo momento.

“As federações e os sindicatos estão mobilizados politicamente e juridicamente para enfrentar mais essa batalha. Permanecemos em estado de greve e atentos a qualquer movimentação que possa ferir os direitos da categoria”, afirma Marildo Capanema, presidente do Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo (Suport-ES).

Paralisação em 2023

No dia 6 de junho de 2023, trabalhadores portuários também fizeram uma paralisação na Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV), para denunciar a utilização de mão de obra própria para descarregamento de veículos que haviam chegado em contêineres pelo Terminal de Vila Velha (TVV).

Em audiência realizada em agosto daquele ano, a CPVV se comprometeu a requisitar mão de obra do Organismo Gestor de Mão de Obra (Ogmo) para operações de spot, carga geral e pontuais no terminal, em vez de utilizar mão de obra própria, como vinha acontecendo. 

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