Salários dos funcionários também continuam atrasados, apesar da troca na gestão da unidade
O Hospital Materno Infantil Menino Jesus, em Itapemirim, no sul do Estado, enfrenta desabastecimento de itens, desde remédios para os pacientes até lençóis para os leitos e uniformes para funcionários. Além disso, os salários de quem trabalha na unidade hospitalar continuam atrasados.
As denúncias têm sido feitas por funcionários e pessoas próximas ao hospital, mas que preferem não se identificar, por medo de represálias. Mesmo com a situação precária, os trabalhadores não têm recebido acompanhamento de nenhum sindicato.
O agravamento dos problemas no hospital ocorre em meio ao processo de troca de administração da unidade. No início deste mês de março, o Marfran Instituto e Gestão em Saúde assinou um contrato de seis meses com a Prefeitura de Itapemirim, assumindo o lugar que antes era ocupado pelo Instituto Vida Salus.
A secretária municipal de Saúde, Rafaela Abdon, alegou que a troca súbita de empresas se deu por conta de irregularidades apontadas pelo Ministério Público do Estado (MPES) em relação ao Instituto Vida Salus. Ainda de acordo com a secretária, o não envio da folha de pagamento pelo instituto tem resultado em atraso no último repasse financeiro a ser feito e, consequentemente, do pagamento dos salários dos funcionários.
Entretanto, a troca de administração coincide com um agravamento da situação do hospital. Segundo informações de bastidores, o prefeito de Itapemirim, Doutor Antônio (PP), chegou a cobrar explicações da secretária. O presidente da Câmara de Vereadores, Paulinho da Graúna (Republicanos), também tem solicitado informações ao Poder Executivo.
Além disso, os problemas deverão entrar na pauta das próximas reuniões do Conselho Municipal de Saúde (CMS), e Rafaela Abdon foi convocada a prestar esclarecimentos na Câmara de Vereadores, em sessão ordinária do próximo dia 27 de março.
O contrato da Prefeitura de Itapemirim com o Instituto Vida Salus previa 12 parcelas mensais de cerca de R$ 2 milhões, num total de pouco mais de R$ 25 milhões, mas organização ficou por mais dois meses além do previsto contratualmente. Já o contrato semestral com a Marfran é de R$ 16,2 milhões, e a administração municipal promete realizar novo chamamento público em breve.
Vulnerabilidade dos trabalhadores
Em meios às mudanças de gestão, os trabalhadores ficam em uma situação vulnerável. Antes do Instituto Vida Salus, a administração era feita pela Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim, que saiu da unidade devido a dificuldades financeiras.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do Sul do Espírito Santo (Sitesci), Joana Darck Caetano, relata que, no período de transição de gestão, em janeiro de 2023, houve uma reunião com os trabalhadores para explicar a questão das verbas rescisórias.
Entretanto, uma pessoa da coordenação do hospital começou a espalhar que os funcionários que assinassem o livro de atas não seriam contratadas pelo novo instituto. Nisso, alguns trabalhadores, com medo, começaram a rasurar os nomes no livro.
Segundo a presidente do sindicato, os atrasos ocorridos na atual gestão não foram comunicados ao sindicato – apesar de a informação circular em Itapemirim.
Século Diário tentou contato com a Prefeitura de Itapemirim e com representantes do Marfran Instituto e Gestão em Saúde, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.