Comunidade acredita que medida foi motivada por posição contrária ao tempo integral
A comunidade escolar do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Sinclair Philips, em Caratoira, Vitória, se opõe à decisão da Secretaria Municipal de Educação de Vitória (Seme) de juntar turmas no ano letivo de 2004. Pais de alunos, que preferem não se identificar por medo de represálias, afirmam que metade dos estudantes do grupo 4 estão tendo aula com os do grupo 3. A outra metade está junto com o grupo 5. A junção, afirmam, fez com que três professoras tivessem que se desligar da unidade de ensino. Para eles, trata-se de uma retaliação à mobilização feita pela comunidade escolar que vetou a implantação do tempo integral na unidade, contrariando os planos da gestão municipal.
O grupo 3 abarca crianças de 2 anos e 11 meses. O 4, de 3 anos e 11 meses. O 5, de 4 anos e 11 meses. Um dos prejuízos, segundo os pais, é o fato de os estudantes do grupo 5 terem que estudar novamente o conteúdo já visto no ano passado, como as iniciais da letra do próprio nome, já que, caso seja ministrado o que deveria ser visto este ano, parte dos alunos do grupo 4 terão mais dificuldade, por terem que pular o conteúdo proposto para sua faixa etária.
Os pais informam que, no grupo 3, há 15 alunos e três na fila de espera. No 4 tem 21 e um na fila. O grupo 5 conta com 11 e três na espera. De acordo com a Seme, o número mínimo de estudantes para cada turma deve ser de 10 a 12 alunos. O máximo é 25. Como as turmas estão no mínimo, resolveram juntá-las.
Divergências
A crença dos responsáveis pelas crianças é de que a atitude da secretaria é uma retaliação. Por meio de uma consulta pública sugerida pela própria comunidade, optou-se pela manutenção da jornada ampliada na unidade de ensino. Essa opção contou com 124 votos. Havia, ainda, outras duas. Uma eram um processo de transição de dois anos para que se tornasse um CMEI de tempo integral, que obteve sete votos. A outra, a implantação do integral de forma imediata, que recebeu 15 votos.
Além disso, a forma como a gestora se referiu ao trabalho dos docentes causou indignação. Os relatos pontuam que ela falou que o CMEI passaria a ter profissionais qualificados, com formação específica para trabalhar com projetos, e que na realidade atual, que é de oferta de jornada ampliada, os alunos vão de manhã para brincar e à tarde vão para as “aulinhas”. Os professores do CMEI, segundo Juliana Roshner, teriam que fazer pedido de remoção para continuar trabalhando 25 horas semanais.