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Vale quer retirar transporte de trabalhadores do interior para Vitória

Empresa pretende forçar mudança de funcionários para locais próximos ao Complexo de Tubarão; medida gera apreensão

Leonardo Sá

A mineradora Vale, que tem sua planta industrial no Complexo de Tubarão, entre Vitória e Serra, pretende retirar o ônibus que transporta diariamente trabalhadores que moram nos municípios de Aracruz, Fundão, Ibiraçu, João Neiva e Viana. O objetivo é forçar os funcionários a se mudarem para locais mais próximos de Tubarão.

A denúncia dessa situação foi feita pela deputada estadual Janete de Sá (PSB) em sessão da Assembleia Legislativa realizada nesta quarta-feira (24). A deputada afirmou que pretende interceder pelos trabalhadores junto ao governador Renato Casagrande (PSB) e aos prefeitos dos municípios envolvidos.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas Ferroviárias de Vitória (Sindfer), Wagner Xavier, os trabalhadores foram comunicados pela Vale nessa segunda-feira (22), e o clima entre eles é de muita apreensão e desmotivação. A empresa teria oferecido um salário e meio de cada trabalhador para que possa fazer a mudança de residência, o que, segundo ele, não cobre dois meses de aluguel.

O prazo final para que os trabalhadores façam a mudança é 31 de julho. Depois disso, quem quiser manter a residência no município de origem, terá que fazer o transporte por conta própria. A justificativa dada pela Vale para tal medida é a de “zelar pela segurança dos trabalhadores”, um argumento classificado como “esdrúxulo” por Janete de Sá.

“A Vale não tem a menor consideração por seus empregados de 5, 10, 15, 20 anos de trabalho, que têm suas residências já sedimentadas nesses municípios, que têm filhos estudando nos municípios em questão”, protestou Janete, ressaltando que é ex-funcionária da empresa.

“Eles dizem que é por segurança, mas, na verdade, isso é um pretexto para reduzir custos. Com essa medida, vão impactar mais de 200 famílias. Também haverá impacto para os próprios municípios, já que são pessoas que vão deixar de residir nessas cidades”, comenta Wagner Xavier.

O presidente do sindicato destaca que, nos últimos quatro anos, a Vale teve lucro de cerca de R$ 300 bilhões. “Quando não é para tirar as pessoas de casa por causa das barragens, querem tirar através da ganância”, critica, fazendo alusão a casos como o caso da Samarco/Vale-BHP, em 2015, o maior crime socioambiental do Brasil.

Ainda de acordo com Wagner Xavier, o sindicato enviou um ofício para a empresa, e está prevista a realização de uma reunião na semana que vem. A expectativa dos trabalhadores é de que a medida possa ser revertida.

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