Doutora Mariana é cotada para entrar na disputa majoritária contra o atual chefe do Poder Executivo
A vice-prefeita de Muniz Freire, Doutora Mariana (PSD), anunciou, nessa terça-feira (23), sua renúncia ao cargo, alegando divergências com o atual chefe do Poder Executivo, Dito Silva (PSB). A própria Mariana é cotada como pré-candidata a prefeita este ano, em meio a um clima político tenso no município do Caparaó capixaba.
Em carta aberta publicada nas redes sociais, ela afirmou que “há um abismo entre o plano de governo eleitoral e as ações e o ritmo de governo”, e citou também que não pactuaria “com situações em que o fisiologismo político se sobreponha à tomada de ações em benefício do povo”, sem entrar em detalhes.
“O voto foi depositado em confiança a um plano de governo elaborado para a Gestão Dito Silva e Dra. Mariana, o que não ocorre explicitamente há pelo menos um ano e meio, como é de conhecimento geral. Ganhamos as eleições e começamos a trabalhar, porém, desde os primeiros dias de governo, fui sendo deixada de lado, seja na realização de atos e ações, seja até mesmo para opinar, trazer ideias e soluções”, diz o texto.
Em contato com Século Diário, Mariana afirmou que tomou essa decisão já no último ano do mandato, porque seus eleitores estavam “cobrando uma atitude”. Ela reiterou que, ao longo do mandato, foi “afastada e isolada das decisões”, mas que, recentemente, aconteceram “fatos mais graves”, que não detalhou. “Não vou falar nomes, porque faz parte de uma política velha com a qual eu não compactuo”, resumiu.
Sobre uma possível pré-candidatura a prefeita, ela afirmou que o seu nome tem sido citado na cidade, mas que não há definição se entrará na disputa. Mariana falou de outra pré-candidata de sua sigla, o Partido Social Democrático (PSD): Márcia Oliveira, que coordenou a área de assistência social em outra gestão da prefeitura. “O PDT [Partido Democrático Trabalhista] também lançou pré-candidato, podemos formar uma chapa boa. Não precisa ser o meu nome”, comentou.
A Prefeitura de Muniz Freire teve outra saída polêmica recentemente. Em março, o prefeito Dito Silva exonerou o então secretário municipal de Cultura, Mário Cesar Spadetti. O decreto de exoneração cita como motivos “o desleixo, o descaso, a falta de compaixão, de respeito, a ausência injustificada e sem precedentes”, mencionando ainda a enchente ocorrida no município na época. O texto relata ainda “deboches dele perpetrados hoje e desprovidos de qualquer base empírica, ocorrido, inclusive, em praça pública”.
Mais articulações
Nas eleições de outubro deste ano, Dito Silva deverá tentar a reeleição. Em 2020, desbancou o então prefeito, Doutor Carlinhos (Pros), de quem havia perdido em 2016. O nome do próprio Carlinhos, aliás, tem sido colocado no mercado eleitoral local.
Dentro do Partido Socialista Brasileiro (PSB), no qual Dito Silva está filiado atualmente – era do PDT quando se elegeu –, o ex-prefeito Doutor Delson também anunciou a intenção de se candidatar a prefeito este ano novamente. Ainda não se sabe se Delson tentará vencer o atual prefeito internamente em uma convenção ou se acatará uma eventual decisão contrária a ele vinda das lideranças partidárias.
No PDT, outro ex-prefeito, Evandro Paulúcio, foi o nome anunciado recentemente. Em 2020, também chegou a entrar na disputa, mas sua candidatura foi indeferida pela Justiça Eleitoral. Na época, ele ainda era filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), sigla que em 2024 trabalha com o nome de Márcio Bolzan, professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), recém-chegado na cidade. Bolzan tem angariado o apoio de lideranças estaduais do PT, como o senador Fabiano Contarato, o deputado federal Helder Salomão e o deputado estadual João Coser.
Outros nomes apontados como pré-candidatos a prefeito de Muniz Freire são o do ex-vereador Roberto Paulúcio (Podemos), que chegou a entrar na disputa majoritária em 2020 pelo Cidadania, mas acabou renunciando; e o do atual vereador Agenor Favoreto Filho (PDT), o quarto mais votado na eleição passada.