A iniciativa, segundo a presidente do Conexão Perifa, Crislayne Zeferina, vai debater a violência policial nas periferias capixabas, sobretudo no Território do Bem. “Será uma construção coletiva, uma forma de dar voz às comunidades, que estão gritando por uma nova política de segurança pública e não estão sendo ouvidas”, destaca.
O evento acolherá famílias que perderam parentes para a violência policial nas comunidades, para o encarceramento em massa, e está aberto também para ativistas, movimentos sociais e demais entidades de defesa dos direitos humanos.
O nome, informa Crislayne, veio do desabafo de uma mãe em sofrimento diante da perda do filho. “Ecoou da voz de uma das mães que perderam seu filho pela PM [Polícia Militar] em uma das atividades do Coletivo Beco, o que nos chamou a atenção para discutir o quantitativo de mortos”, afirma Diz Crislayne, que explica que forjado nada mais é do que “quando a PM não encontra nenhum indício de crime e coloca droga nos pertences da pessoa para acusá-la de envolvimento com ações ilícitas”.
Programação
O evento começará às 8h30, com café da manhã. Em seguida, às 9h, haverá a Roda de Conversa Lélia Gonzalez, sobre genocídio da população negra, que contará com as representantes do Desencarcera – ES, Ariane Ferreira e Marcella Silva; Crislayne Zeferina; o promotor de justiça aposentado Saint’Clair Júnior; a socióloga Thairiny Alves; e a moradora do bairro Bonfim, Eduarda Oliveira. Logo depois, será realizado um debate sobre os temas abordados.
Ao meio dia será o almoço, mas antes acontecerão apresentações musicais de jovens da comunidade. Na parte da tarde, às 13h, começa a Roda Ana Flauzina, sobre segurança pública e política de encarceramento, com Giselle Florentino, representante da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJ Racial RJ), organização que atua com ações de enfrentamento à violência de Estado; a representante do Desencarcera – ES, Ana Nery; a diretora da Associação de Moradores do Centro (Amacentro), Rozilene de Sá; o advogado do Núcleo Jurídico do Conexão Perifa, Gabriel Chaia; e os representantes da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas (Abracrim), Pedro Ramos e Ligia Mafra.
Após o debate, inicia-se a terceira mesa, que é a roda “Cadê meu filho, Senhor Estado? – a caneta por trás do fuzil”, com Dona Santa e Dayane, moradoras do bairro Bonfim; Cristiane Oliveira, Jane Araújo e Andreia Silva, residentes no Bairro da Penha; e Adriano Rodrigues, de São Benedito, algumas das comunidades que integram o Território do Bem.
Violência policial
O órgão ministerial assumiu o compromisso de buscar abertura de diálogo com o Centro de Apoio Operacional Policial para tratar do assunto, além de sinalizar para a possibilidade de criação de uma comissão formada por moradores do Território do Bem e representantes do MPES, que também é uma reivindicação do instituto. Contudo, conforme informa Crislayne, nada foi colocado em prática.
Em agosto do ano passado, moradores do Território do Bem realizaram a manifestação do Dia Nacional de Lutas dos Movimentos Negros Pelo Fim da Violência Racista da Polícia, com concentração na praça de Itararé. No trajeto, rumo ao quartel da PM, em Maruípe, os manifestantes pediam por políticas públicas de saúde, educação, geração de emprego e renda, direitos reivindicados por um público de faixa etária diversificada, abrangendo crianças, adolescentes e adultos.
Já em frente a quartel, um dos destaques feitos pelos manifestantes foi quanto à nomenclatura da região, denominada pelos moradores de Território do Bem, mas chamada pela grande imprensa e pelas forças de segurança como Complexo da Penha, nome considerado pejorativo. Posteriormente, os manifestantes retornaram para a Praça de Itararé, onde o protesto foi encerrado.
Assessoria Jurídica
O Instituto Conexão Perifa também oferece atendimento jurídico gratuito para moradores das periferias da Grande Vitória. A iniciativa conta com três advogados populares que atuam voluntariamente. Um deles tem como foco a busca pelo acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), e os demais, pessoas que foram vítimas de violência policial, seus familiares e encarcerados. Para marcar uma conversa com os advogados, que pode ser presencial ou virtual, basta entrar em contato por meio do número
(27) 99531-5057.