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Júnior Corrêa faz mistério sobre participação nas eleições em Cachoeiro

Vereador afirma que participará do pleito, mas não confirma se será vice na chapa de Theodorico Ferraço

O vereador Júnior Corrêa (Novo) parece ter entrado no cenário eleitoral deste ano em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, disposto a “causar”. Três meses após anunciar que desistiria não apenas de uma pré-candidatura a prefeito, mas de qualquer pretensão política para “voltar ao primeiro amor” e se tornar padre, aqui está ele de novo: anunciou reconsiderar a participação em um projeto nas eleições municipais deste ano – mas não confirmou se será vice na chapa de Theodorico Ferraço (PP), possibilidade sinalizada durante reunião de apoiadores nessa segunda-feira (27).

Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira (28) em sua casa, no bairro Aeroporto, Corrêa deu sua versão sobre as suas mudanças de ideia mais recentes. Disse que estava “falando sério” quando anunciou a vontade de se tornar padre. Entretanto, continua participando das articulações políticas junto ao Novo, sigla que adotou após os conflitos no Partido Liberal (PL), transmitindo sua “experiência” para pré-candidatos a vereador. 

Zezé da Cofril e seu filho, o vereador Júnior Corrêa. Foto: Reprodução

“O partido Novo virou para mim e falou assim: ‘Juninho, você, por acaso, reavaliaria a questão de poder retornar à política não como candidato a prefeito, mas retornar contribuindo com algum projeto?’ Eu falei: ‘olha, se for para contribuir com um projeto que pense no futuro da cidade, que pense no melhor de Cachoeiro, que esteja alinhado com os interesses dos cachoeirenses, eu poderia reavaliar, sim'”, relatou Corrêa.

Entretanto, isso não quer dizer que o seu “retorno” se dará, necessariamente, integrando uma chapa, liderando ou como vice. Sua participação “mais efetiva” pode ser apenas com apoio a algum candidato indicado pelo seu grupo – neste momento, Novo, Progressistas (PP) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB) trabalham com o nome de Theodorico Ferraço como pré-candidato, deputado estadual de 86 anos que já foi prefeito em quatro mandatos. “Até a convenção, muita coisa pode acontecer”, acrescentou.

Quanto à vocação religiosa, como fica? “Eu continuo tendo o meu chamado. O chamado não é de uma hora para a outra”, argumentou Júnior, dizendo que ainda está muito envolvido na política e não poderia seguir um novo caminho com o “coração dividido”.

O vereador de extrema direita ressaltou ainda que não está fazendo nada “pensando em Juninho, mas pensando em Cachoeiro”, relatando que, desde que fez o anúncio da desistência da política, muitas pessoas nas ruas passaram a questioná-lo sobre a possibilidade de voltar atrás. Indagado a respeito de o seu grupo estar apenas testando o mercado eleitoral, Júnior negou e disse que “quem está falando de vice são vocês [jornalistas], estou me colocando para contribuir para um projeto”.

Outras questões importantes ficaram em aberto mesmo após o encerramento da coletiva. Theodorico Ferraço afirmou que o seu vice seria anunciado até esta quarta-feira (29), e será uma pessoa “jovem”. Haverá outro anúncio para confirmar Júnior Corrêa nesta quarta? Não sendo ele, quem será? Ferraço será mesmo candidato, tendo em vista esse mistério todo?

Como alguém que faz “uma reunião para marcar outra reunião”, Júnior Corrêa e seus apoiadores deixaram tudo para depois. Na transmissão ao vivo feita pelo perfil do partido Novo no Instagram, entre inúmeros comentários elogiosos, houve também espaço para críticas. “Que papelão, Juninho! Estou decepcionada com a sua postura”, escreveu Mayla Picoli (União), ativista conservadora de Cachoeiro e pré-candidata a vereadora.

Um sinal de que o outrora favorito a ganhar a disputa pela Prefeitura de Cachoeiro corre o risco de se transformar, aos olhos do público, em apenas mais um político sem palavra.

Articulações

Durante a coletiva, Júnior Corrêa não descartou a possibilidade de apoiar outros pré-candidatos, revelando que “tomou um café” recentemente com Diego Libardi (Republicanos) e o deputado estadual Dr. Bruno Resende (União), seu apoiador junto com o também deputado Allan Ferreira (Podemos). Libardi foi lançado por Ferraço nas eleições de 2020, ficando em segundo lugar, mas, depois do processo eleitoral, os dois romperam.

Corrêa também foi questionado sobre uma suposta tentativa de aproximação entre o atual prefeito, Victor Coelho (PSB), e o Novo. O vereador deixou bem claro que sempre fez oposição a Coelho e que, em reuniões com o Novo, o prefeito teria colocado como o “único nome bom” para a disputa majoritária a sua secretária de Obras e Manutenção e Serviços, Lorena Vasques, fechando as portas para uma eventual articulação.

Cachoeiro também tem como pré-candidatos a prefeito o vereador de extrema direita Léo Camargo (PL), que entrou na disputa justamente após a desistência de Corrêa, e Carlos Casteglione (PT), que comandou o Executivo cachoeirense de 2009 a 2016.

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