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Estudantes protestam contra troca de diretor de escola em Marataízes

Conselho de Escola também declarou suspensão do ato praticado pela Secretaria de Estado da Educação

Foto Leitor

Estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Domingos José Martins, localizada em Alto Lagoa Funda, em Marataízes, no litoral sul do Espírito Santo, decidiram se manifestar contra a troca do diretor da unidade pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu). Mais de 40 alunos foram para a frente da escola com faixas, cartazes e um trio elétrico na manhã desta terça-feira (28), e o movimento teve continuidade após uma pausa para almoço. Uma reunião sobre o tema foi agendada na Câmara de Vereadores.

No site institucional da Sedu, já está publicado o processo seletivo para a escolha de um novo profissional para gerir a unidade. Apesar disso, o Conselho de Escola votou por declarar a suspensão do ato praticado pela Sedu, em reunião realizada nessa segunda-feira (27).

A comunidade escolar também ficou sabendo nessa segunda da exoneração do diretor da unidade, Alexandro Ferreira de Souza. A notícia pegou a todos de surpresa, tendo em vista que Alexandro é uma pessoa querida entre eles. A justificativa que teria sido dada pela Sedu é de que o gestor não atendeu às expectativas “na velocidade esperada”.

“Ele vem fazendo muito pela escola, todo mundo tem visto isso. Porque a escola ficou muito esquecida nos últimos anos, estava caindo aos pedaços quando o Alex chegou, e ele fez de tudo para transformar. Então, os alunos estão inconformados, os funcionários também, e a gente quer respostas”, afirma Ana Clara Petri, aluna do terceiro ano e presidente do Comitê de Líderes da escola, que reúne os líderes de turma.

De acordo com Ana Clara, após a chegada do novo diretor, em janeiro de 2023, foi feita a troca da fiação elétrica, paredes foram pintadas, o jardim foi refeito, e câmeras foram instaladas. Também foi construída uma nova sala para o Atendimento Educacional Especializado (AEE), com instalações adaptadas para pessoas com deficiência.

“Ele começou a reerguer tudo praticamente do zero. Fora todo o apoio que nos deu. Ele preza pelo desempenho dos alunos, por um bom ambiente escolar. O Alex foi a primeira pessoa que, nos últimos anos, nos fez acreditar que podemos ter um futuro brilhante”, relata Ana Clara.

Apesar do protesto em frente à escola, as aulas seguiram normalmente, e Ana Clara ressalta que não houve pressão para que alunos aderissem ao movimento. O próprio Alexandro Ferreira de Souza esteve presente na escola nesta terça-feira, para tratar de demandas pendentes.

Foto Leitor

Pressão

Profissionais da educação que atuam no Estado, que preferem não se identificar, apontam que tem aumentado cada vez mais a pressão por parte da Sedu para que educadores atinjam metas preestabelecidas. Nesse sentido, a troca de diretor na escola de Marataízes não é um caso isolado.

No sul do Estado, esse processo se aprofundou a partir de dezembro de 2023, quando Fernanda Ferreira Villela Vieira assumiu a chefia da Superintendência Regional de Educação de Cachoeiro de Itapemirim. Tornou-se comum em reuniões os profissionais ouvirem frases como “só vai ficar quem aguentar a pressão”, “ou muda ou se muda” e “tem que virar a chave”, de acordo com relatos.

“Esse é um processo que vinha acontecendo. Com a entrada da nova superintendente, só se agravou. O órgão central, que é a Sedu, vem buscando resultado. A base central é meta, preenchimento de papel, é todo um processo que tira a autonomia das escolas e de quem exerce o papel principal nas escolas”, comenta uma educadora de outro município da região.

Século Diário solicitou um posicionamento da Secretaria de Estado da Educação a respeito da troca do diretor EEEFM Domingos José Martins, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Já Alexandro Ferreira de Souza preferiu não se manifestar.

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