sexta-feira, outubro 4, 2024
24.9 C
Vitória
sexta-feira, outubro 4, 2024
sexta-feira, outubro 4, 2024

Leia Também:

‘Assinatura da ordem de serviço do Mergulhão foi monólogo da prefeitura’

Ao contrário do que queria a comunidade, apresentação do projeto não foi feita e moradores não puderam falar

Ao contrário do que esperavam os moradores de Jardim Camburi, a assinatura da ordem de serviço do Mergulhão não contou com apresentação do projeto nem com a escuta da comunidade para sanar suas dúvidas. A Associação Comunitária de Jardim Camburi (ACJAC) aponta que os espaços de fala foram para o prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), o secretário municipal de Obras, Gustavo Perin, e algumas pessoas apontadas pela gestão como lideranças comunitárias, mas nenhuma delas integra a entidade, que não foi convidada para falar. 


A obra do Mergulhão, de acordo com a Prefeitura de Vitória, vai eliminar a retenção de veículos no cruzamento da rodovia Norte-Sul com a avenida Dante Michelini. A obra será executada pela Zurich Airport Brasil e teve sua ordem de serviço assinada nesta sexta-feira (2), na Praça da Bocha. A obra custará até R$ 92,2 milhões, com duração de 30 meses.
Divulgação/PMV

“A assinatura da ordem de serviço foi um monólogo da prefeitura, não houve debate público”, constata o presidente da Associação, Bruno Malias. A comunidade esperava a apresentação do projeto, com “dados, motivações, evidências, obras que complementam a do Mergulhão”, acrescentou. “A gente não conseguiu se aprofundar, debater, pois a prefeitura não nos deu essa oportunidade”, queixa-se.

Bruno aponta que a falta de apresentação de um projeto pode ser pelo fato de a prefeitura “não ter argumento para dizer que é bom”. “Por que não apresentam? Por que não trazem as informações? Precisamos da apresentação e do debate público, para termos clareza do que vai acontecer”, reitera. Devido à falta de diálogo por parte da prefeitura, a ACJAC já havia oficiado o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para solicitar uma audiência pública sobre o Mergulhão de Camburi.

Questionamentos

No documento, a entidade recorda que, em agosto último, por meio do Ofício 051/2023, trouxe à tona questionamentos da comunidade sobre as obras de asfaltamento das vias do bairro e da construção do Mergulhão de Camburi. Também encaminhou, um mês depois, o Ofício 055/2023, “referente à urgência para as explicações da Prefeitura de Vitória sobre o tema”. Bruno Malias explica que o asfalto diz respeito ao projeto Asfalto Vix e que os moradores se queixaram que algumas ruas foram asfaltadas sem necessidade. Os ofícios culminaram em reuniões com o MPES, quando a comunidade reivindicou que a gestão municipal dialogasse sobre toda e qualquer obra que possa impactar o seu cotidiano.
Naquele momento, recorda, não havia tido ainda a contratação da empresa responsável pela obra do Mergulhão, por isso, o assunto não chegou a ser debatido, somente o asfaltamento. Como a prefeitura se comprometeu a dialogar, houve o arquivamento da Notícia de Fato nº 2023.0021.3529-80, instaurada a partir do recebimento do expediente Ofício nº 055/2023.
A ACJAC, no atual pedido, se baseia nesse descumprimento do compromisso para, novamente, pedir abertura de diálogo por parte da prefeitura. Considera também o fato de que o secretário municipal de Obras, Gustavo Perin, declarou à imprensa que “o município sempre manteve e mantém diálogo com os moradores e que o projeto foi apresentado à comunidade”. Além disso, aponta que há “ausência de informações sobre os dados obtidos e dos resultados das análises destes dados, bem como a falta de informações para a população em geral”.
A associação evidencia algumas dúvidas sobre a obra, como se há algum estudo técnico apresentado e que justifique a intervenção. “Por que não há interesse em comunicá-lo com a comunidade que será impactada e não possui o mínimo de informação necessária para fazer juízo de valor sobre uma obra milionária que mudará a característica de entrada do bairro de Jardim Camburi para sempre?”, indaga.
Outra questão foi gerada por notícia veiculada na imprensa de que haverá apenas duas faixas para a saída do bairro de Jardim Camburi pela Avenida Dante Michelini. “Atualmente, o trânsito com três faixas já está saturado, duas faixas e a retirada do semáforo resolvem?”. Consta no documento ainda o questionamento sobre se, diante da predominância de veículos que utilizam a Norte Sul com origem ou destino à cidade da Serra, não seria melhor privilegiar o tráfego pela Rodovia das Paneleiras.
Mais um ponto é em relação à intervenção proposta para a “suposta fluidez da Norte Sul”, que pode reter as saídas do bairro, mais precisamente na rua Carlos Gomes Lucas e nas avenidas Armando Duarte Rabelo e Raul de Oliveira Neves para a Norte Sul. “Em um raciocínio lógico, quanto mais carros na Norte Sul, mais necessidade de fluidez no trânsito nesta via, dificultando, dessa forma, a saída do bairro de Jardim Camburi”, destaca.
Para a associação, “seguindo a mesma linha de raciocínio, com o trânsito fluindo melhor no cruzamento das Avenidas Dante Michelini com Norte Sul, o ficará retido nos próximos cruzamentos, entre as Avenidas Dante Michelini e Av. Adalberto Simão Nader, bem como no entroncamento da Rua Carlos Gomes Lucas e Avenida Norte Sul?”. A ACJAC também quer saber quais foram e onde podem ser encontrados os resultados do Plano de Mobilidade de Vitória, denominado Vix Mob. “Para além da publicidade legal, deveriam ter primado pela intenção de comunicar”, cobra.

Mais Lidas