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Associação marca audiência para discutir ‘Tancredinho’ em Jardim da Penha

Moradores querem a presença da Prefeitura de Vitória para apresentar projeto da obra, ainda desconhecido

A Associação de Moradores de Jardim da Penha (Amjap) marcou para a próxima quarta-feira (17) uma audiência pública para discutir a obra do “Tancredinho”. Será às 19h, na praça Regina Frigeri Furno, onde a prefeitura afirma que vai construir uma quadra coberta, a qual descreve como uma miniatura do ginásio de esportes localizado no bairro Mário Cypreste, em Vitória.

A gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi convidada para o debate. A ideia, informa o coordenador-geral da Amjap, Angelo Del Caro, é que a prefeitura apresente o projeto, já que a reclamação da comunidade é de que a obra foi pensada sem diálogo com os moradores, que souberam da iniciativa somente por meio da imprensa.

Angelo informa que a prefeitura contatou a Associação somente para convidar para o lançamento do edital de licitação da obra, no último sábado (6). A Amjap, relata o líder comunitário, já solicitou o projeto, mas ainda não obteve resposta.

Além da prefeitura, foram convidados para a audiência a Câmara Municipal de Vitória; a Secretaria Municipal de Governo (Segov), encarregada de encaminhar o convite para as demais secretarias relacionadas ao tema, principalmente a de Obras; o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU/ES); o Ministério Público do Espírito Santo (MPES); e deputados estaduais com domicílio em Vitória.
A Amjap realizou audiência pública sobre o tema no dia 19 de junho, também na praça, para a qual a prefeitura foi convidada, mas não compareceu. Angelo afirmou estar confiante na presença de representantes da gestão municipal na audiência do próximo dia 17, pois o assunto ganhou repercussão diante das queixas dos moradores quanto à falta de informações sobre o projeto.
Divulgação

O convite à prefeitura foi feito com quase três semanas de antecedência, segundo Angelo, para que haja tempo de fazer o projeto. “Na minha humilde opinião, acho que eles nem têm um projeto”, diz. O edital para a obra, que custará R$ 3,9 milhões, também não foi apresentado à comunidade, que, por meio da Amjap, já procurou o documento, mas não encontrou. Por isso, também foi solicitado à prefeitura que apresente o edital.

Na praça há feira de artesanato semanalmente e feira gastronômica todos os dias, ambas com muitos trabalhadores que têm nessa atividade sua única fonte de renda. Também funcionam diversos projetos, como os de patinação artística, escolinha de futsal, ginástica para a terceira idade, atletismo e skate. Diante disso, relata Angelo, os moradores querem saber onde esses trabalhadores ficarão durante os 540 dias previstos para a conclusão da obra, bem como onde os projetos irão acontecer.

Leonardo Sá

Os moradores questionam, ainda, como ficará a situação dos trabalhadores após a obra, pois não há garantia nenhuma de que as feiras continuem a acontecer na praça, assim como as práticas esportivas. A obra pode mudar o cotidiano da comunidade em outros aspectos também.

“Uma das pessoas presentes na audiência falou que costuma ir com o filho para a praça e comer um churrasquinho enquanto observa a criança brincando no parque. A preocupação dele, e de muitos outros, é que a quadra, por ser fechada, vai tirar a visão. Ele questionou: vou conseguir deixar meu filho no parquinho e observá-lo?”, afirma Angelo, que acrescenta outra incógnita: “a obra prevê a preservação do parquinho?

O líder comunitário aponta necessidades da comunidade que deveriam ser priorizadas, podendo utilizar essa verba. Uma delas diz respeito à Unidade Básica de Saúde (UBS), que é pequena e carece de profissionais. A outra é providenciar um prédio próprio para o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Cida Barreto, que funciona em um imóvel da Igreja Batista, para quem a prefeitura pagar aluguel no valor de R$ 50 mil.

Angelo afirma que o fato de a unidade de ensino funcionar em um espaço da igreja interfere, inclusive, nas atividades educacionais. Ele recorda que, em 2017, um pastor pediu que um painel com bonecas negras de pano, conhecidas como Abayomi, fosse retirado da creche com o argumento que se tratava de macumba, causando protestos por parte de movimentos sociais e culturais. O Centro de Convivência para a Terceira Idade, acrescenta, também funciona em um prédio alugado pelo valor de R$ 25 mil mensais, e deveria ter espaço próprio.

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