Plantio foi feito por representantes de segmentos historicamente excluídos, como indígenas, LGBTs e sem terras
O manifesto LGBTQIA+ passou pelas ruas de Vitória na tarde deste domingo (28), saindo da Vila Rubim rumo ao Sambão do Povo, deixando no trajeto marcas duradouras: três mudas de Pau Brasil. Elas foram plantadas coletivamente por indígenas, integrantes da comunidade LGBTQIA+, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outros grupos, ou até mesmo por pessoas que fazem parte de dois ou mais deles. O ato simbolizou a união dos mais diversos segmentos no cultivo de um mundo mais igual, além de dialogar com o tema da 12ª edição do Manifesto LGBTQIA+, que foi “População LGBTQIA+ na Luta por Justiça Ambiental”.
“O Pau Brasil é a árvore símbolo do Brasil, dá nome ao nosso país. É representativo hoje ver pessoas historicamente excluídas em nosso país plantando essa árvore”, diz Diego Herzog, presidente da Associação Grupo Orgulho Liberdade e Dignidade (Gold), organizadora do Manifesto.
Uma das pessoas que participaram do plantio das mudas foi a indígena Samanta Terena, uma mulher trans que veio do Mato Grosso do Sul para o evento. “Além da resistência, esse plantio significa a vida. A árvore é a vida. Nós, povos indígenas, temos uma relação de cuidado com a natureza, somos seus guardiões”, exaltou.
O Manifesto LGBTQIA+ marcou também o encerramento do 1º Encontro Estadual dos LGBTs do Campo, das Águas e das Florestas, organizado pelo Coletivo LGBT do MST. Seu coordenador, Eric Oliveira, falou da relação entre as pautas do movimento e a questão agrária. “Nos juntamos aqui para somar forças. Reforma agrária e luta contra a LGBTfobia tem tudo a ver. Sem LGBT não há revolução”, defende.
Outras pautas, trazidas por outros movimentos, também desfilaram pelas ruas de Vitória, mostrando que de fato a diversidade foi a tônica do Manifesto. O militante do Movimento Negro, Isaias Santana, levou as bandeiras da Palestina e da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). “O povo da Palestina é de luta, assim como a comunidade LGBTQIA+ e a população negra”, destacou.
Na chegada ao Sambão do Povo, o público foi contemplado com diversas atrações culturais de artistas capixabas. Na estrada de acesso ao sambódromo, várias barracas de comida e bebida de moradores da região da Grande Santo Antônio. A Gold viu nessa iniciativa uma forma de minimizar o impacto na localidade com o fechamento de vias e poluição sonora. Todo o lixo produzido no Manifesto será encaminhado para reciclagem por meio da Rede de Economia Solidária dos Catadores Unidos do Espírito Santo (Reunes).
A coordenadora de Projetos da Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará, afirma que foi a primeira vez no Brasil que um manifesto LGBTQIA+ teve como mote a questão ambiental. Ela destaca a importância de chamar atenção para o racismo ambiental, temática que considera ainda pouco discutida. Deborah aponta que os desastres ambientais atingem, principalmente, as periferias e as travestis, principalmente as negras. Isso porque, seja do sistema prisional ou que vivem nas ruas, elas normalmente têm suas raízes nas comunidades periféricas.
Manifesto LGBTQIA+ chega a 12ª edição em Vitória neste domingo
Manifesto LGBTQIA+ volta às ruas de Vitória em 2024
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