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​Em sua 30ª edição, Grito dos Excluídos vai defender ‘todas formas de vida’

Além das pautas tradicionais, como mulher, jovens e negros, ato destacará questão climática

O Grito dos Excluídos chega à 30ª edição no próximo dia 7 de setembro, com o tema “Vida em Primeiro Lugar!”. O lema é “Todas as formas de vida importam, mas quem se importa?”. A concentração será no Portal do Príncipe, em frente à Rodoviária de Vitória, seguindo rumo ao Palácio Anchieta. No Espírito Santo, ao longo dessas três décadas, muitas pautas têm se repetido, como o fim do extermínio da juventude negra e da violência contra a mulher. Outras abordagens mais incisivas passam a se concentrar, agora, na questão climática.

O coordenador do Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, Giovanni Livio, afirma que o Grito já trouxe em outras edições a pauta ambiental com foco na ecologia, mas que se faz urgente tratar das questões climáticas. “Vide as enchentes do início deste ano no sul do Estado e no Rio Grande do Sul”, recorda, referindo-se, no caso do Espírito Santo, às enchentes do mês de março, que afetou municípios como Apiacá, Bom Jesus do Norte, Alegre, Vargem Alta, Muniz Freire, mas principalmente Mimoso do Sul.

Levando em consideração o lema do Grito, Giovanni afirma que as vidas com as quais muitos não se importam são as das mulheres, negros, jovens e pobres. Ele destaca que esses grupos estão majoritariamente nas periferias, os locais mais afetados pelas questões climáticas. “As crises climáticas prejudicam principalmente nas áreas de risco”, aponta. Quanto a quem não se importa com essas vidas, Giovanni destaca o poder público. Ele destaca que cabe ao Governo do Estado, constitucionalmente, garantir a segurança, mas os municípios também precisam fazer sua parte.
O coordenador do Fórum faz críticas à ação da Polícia Militar (PM) nas periferias. “O Estado acaba sendo promotor da morte, principalmente da juventude negra e pobre, agindo de forma violenta nos territórios, matando para depois perguntar, atribuindo essas mortes ao envolvimento com as drogas, com alegações de que a vítima era usuária, traficante ou que já tinha passagem pela polícia. É como se dissessem: ‘se tem passagem,pode matar'”, denuncia.
Nos municípios, Giovanni destaca o trabalho da Guarda Municipal, que, para ele, acaba atuando como “pequenos batalhões municipais”, principalmente no que diz respeito à repressão à população em situação de rua nas cidades de Vitória, Vila Velha e Serra. “É como se essas pessoas sequer pudessem passar pelas ruas, não há políticas públicas de acolhimento para elas”, lamenta.
Mas quem se importa com essas vidas invisibilizadas? De acordo com Giovanni, é a sociedade civil organizada, como as pastorais sociais; a Campanha Paz e Pão, da Arquidiocese de Vitória, que distribui cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social; o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB); sindicatos; centrais sindicais emovimentos populares; que “tem o papel de se mobilizar e cobrar do poder público políticas de defesa da vida”.
Preparação 
Na noite desta quinta-feira (1º), é realizada a terceira reunião de preparação para o Grito dos Excluídos, no Colégio Agostiniano, Parque Moscoso. Já foram criadas as comissões de infraestrutura e finanças, animação, cultura, segurança e comunicação. Quem quiser ajudar na organização, pode participar de qualquer uma delas. No próximo dia 10, acontecerá uma atividade pré-grito na rua Sete de Setembro, no Centro de Vitória, com panfletagem para divulgação do ato e apresentações culturais.
Nesses 30 anos, o Grito dos Excluídos nunca deixou de ser realizado no Espírito Santo, nem mesmo durante a pandemia da Covid-19. Em 2020, diante do contexto de restrições às atividades econômicas e sociais, o ato foi marcado por uma celebração inter-religiosa no Convento da Penha, em Vila Velha, transmitida pelas redes sociais. O ritual contou com a participação do arcebispo da Arquidiocese de Vitória, Dom Frei Dario Campos; do pastor da igreja Luterana, Carlos Ulrich; da representante do Candomblé, Leila Silva; do umbandista Valdemir Anchesk; do representante da igreja Casa da Benção, Jakson Vicentini; e dos freis Pedro e Paulo, do Convento.
Além da celebração inter-religiosa, o Grito dos Excluídos realizou uma projeção mapeada no Convento, que aconteceu no dia 6 de setembro, com exibição de imagens de outras edições do Grito e falas de lideranças religiosas, como o papa Francisco e Dom Dario Campos. 

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