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‘Queremos dar visibilidade à luta quilombola pelo viés das mulheres’

Feira quilombola no Centro de Vitória destaca cultura e luta por titulação de terras, diz Olindina Cirilo

Vitória receberá, nesta sexta-feira e sábado (9 e 10), a I Feira e Exposição das Mulheres Quilombolas do Espírito Santo, na praça Costa Pereira, no Centro. O evento, organizado pela Comissão Quilombola do Sapê do Norte e pelo Coletivo de Mulheres Raízes do Sapê, tem como objetivo “dar visibilidade à luta quilombola pelo viés das mulheres”, como destaca a professora e integrante do coletivo, Olindina Cirilo Nascimento Serafim.

A Feira contará com mulheres quilombolas de vários municípios, como Conceição da Barra, São Mateus, Montanha e Ibiraçu, no norte, e Santa Leopoldina, na região serrana.

“Estamos lá no norte, lutando, nadando contra uma corrente chamada capitalismo. Vamos para Vitória, para que a Capital veja quem somos, o que queremos, o tamanho do que queremos e quem está conosco”, aponta Olindina.

Quanto ao que as mulheres querem e ao tamanho desse querer, uma das lutas, aponta, é a titulação das terras exploradas há décadas principalmente pela Suzano Papel e Celulose (Ex-Aracruz Celulose e ex-Fibria), conquista alcançada em território capixaba somente pela comunidade quilombola de Ibiraçu até o momento. Em maio último, a comunidade quilombola de Linharinho, em Conceição da Barra, teve seu reconhecimento oficializado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Das 34 comunidades reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares (FCP) no Sapê, 22 têm processos em andamento no Incra, sendo Linharinho a primeira a ter sua portaria de reconhecimento, que é publicada com base no Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). O próximo passo no caminho da titulação definitiva da comunidade é a definição das áreas que serão desapropriadas ou doadas à comunidade, em caso de identificadas como patrimoniais ou devolutas.
No que diz respeito a quem somos, a professora afirma  que as quilombolas são “mulheres que lutam por seus territórios, que querem ter a liberdade de dizer ‘eu sou mulher quilombola, sem rótulos, sem que alguém se ache no direito de dizer quem sou'”. Em relação ao quem está com elas, Olindina responde: “os orixás, eles nos conduzem, eles estão aqui”.

A professora recorda que a feira foi idealizada no mês de março, durante os debates do Dia Internacional da Mulher. Será realizada neste final de semana em alusão ao 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana.

A escolha da praça Costa Pereira como local do evento, segundo Olindina, é por ser “um espaço de luta e liberdade, de defesa da democracia”. Ela afirma isso recordando que, nesse espaço, há um monumento em memórias das vítimas da ditadura militar no Espírito Santo.
Programação
A abertura oficial da Feira será às 13h, na praça, com a presença de parceiros do evento, como a Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase); a Associação de Moradores do Centro (Amacentro); Incra; Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras do Estado do Espírito Santo (Fetaes); Movimento Negro Unificado (MNU); e União de Negros e Negras pela Igualdade no Espírito Santo (Unegro).

Também às 13h, as barracas já estarão abertas à visitação, com venda de artesanatos e comidas típicas, como o beiju, feito a base de mandioca, iguaria produzida no norte do Espírito Santo, sobretudo na região do Sapê do Norte, que inclui diversos quilombos nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra.

Divulgação

Tanto na sexta quanto no sábado, acontecerão às 14h, 15h20 e 17h, a Mostra de Cinema Quilombola, no Centro Cultural Sesc Glória. Além das barracas com artesanatos e comidas típicas e da Mostra, no sábado haverá oficinas na praça. Às 10h, acontecerá a de Racismo Ambiental e Agricultura Quilombola. Às13h, Educação Popular da Saúde Quilombola e Educação Quilombola. A seguinte, às 15h, terá como tema Cultura e Artesanato. A programação se encerra às 18h, com a apresentação de uma roda de jongo.

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