A campanha eleitoral começou oficialmente nesta sexta-feira (16) e, entre os segmentos representados pelas candidaturas, está a comunidade LGBTQIA+. O site Vote LGBT, que se mobiliza em todo pleito para garantir o aumento da representatividade nos espaços de poder, indica onze nomes até agora no Espírito Santo, que tentarão cadeiras nos legislativos municipais. O número total, porém, tende a ser maior, já que o mapeamento segue em aberto e há quem ainda tenha receio de se registrar publicamente.
A maioria dos nomes que já constam no site Vote LGBT é da Grande Vitória: Tuanne Almeida (Psol) e Cryslaine Zeferina (Rede), de Vitória; Céia Lyrio (Psol), de Cariacica; Ramon Rodrigues (PV) e Thiago Peixoto (Psol), da Serra; Pedro Henrique (PV), de Guarapari; e Inês Simon (PT) e Andre Del Fiume So (PV), de Vila Velha.
No sul do Estado, são candidatos Marcos Assis (PT), em Muqui; e Agatha Benks (Psol), em Cachoeiro de Itapemirim. No noroeste, Adriana Maria (Psol).
No País, o site Vote LGBT cadastrou até agora 587 candidatos, de 25 partidos. O mapeamento é feito junto com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e integra a campanha “Cidades+LGBT”, que busca ampliar a participação política e social dessa comunidade nos municípios brasileiros. Além do mapeamento e divulgação de candidaturas, serão produzidos dados e ações de sensibilização.
Em 2022, foram eleitas 18 pessoas da mobilização à Câmara Federal e assembleias legislativas, sendo 16 mulheres. “No último dia 2 de outubro, o número de uma candidatura LGBT+ foi digitado 3,5 milhões de vezes nas urnas. Mesmo sendo só 1% das candidaturas nas eleições de 2022, as LGBT+ receberam mais de 5% dos votos nos Estados em que concorreram”, exaltou na época a campanha.
‘Compromisso’
A coordenadora de projetos do Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará, considera interessante as candidaturas LGBTQIA+ e exalta a ascensão de representantes na política. No entanto, alerta que não basta fazer parte da comunidade, é preciso “ter compromisso com ela, e com os pobres, os negros, o povo”.
Ela lembra de situações de “gente surfando na onda para conseguir se eleger, assumindo fazer parte dela, mas que não tem compromisso com as pautas. Segundo Deborah, pessoas da comunidade que “não têm histórico de defesa dessas pautas, de atuação nos movimentos sociais, não merece voto de ninguém, não vai passar a ter compromisso quando chegar lá”.
A ativista relata que, inclusive, tem sido convidada por candidatos para falar sobre a população LGBTQIA+ em atividades de candidaturas e tem se recusado. “A Gold está nos fóruns, nos conselhos, em diversas atividades o ano todo, esses candidatos nunca aparecem, nunca nos buscam, querem nos procurar agora para ajudar a confundir?”, questiona.
Outro ponto destacado é a importância de valorizar pessoas que já estiveram no executivo ou no legislativo, mas que, embora não pertençam à comunidade LGBTQIA+, fizeram mandatos que a contemplou.