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​Elon Musk e o Twitter – parte I

 Elon Musk progrediu como empresário com um volume de trabalho imenso, incansável, típico de um workaholic. Depois de sair da África do Sul e estudar no Canadá, abandonou os estudos, já nos Estados Unidos, para empreender, primeiro com uma plataforma online de jornais, vendida para a Compaq por R$ 300 milhões.

A saga foi rápida e eficiente. Com o dinheiro da venda, criou um banco online, batizado de X.com, que depois virou o PayPal, e foi vendido para o eBay, em 2002. Por sua vez, aos 31 anos, Musk já acumulava uma fortuna de US$ 165 milhões.

Quando fundou a plataforma Zip2, Elon Musk dormia em seu escritório, trabalhando de 80 a 100 horas por semana, num ritmo alucinante, e que ele diz ter acelerado o seu avanço com suas empresas. Após a venda da PayPal, em 2002, Musk usou o dinheiro ganho para fundar três empresas, que seriam a Tesla, Space X e a Solar City.

Depois de um começo difícil com a Tesla, num mercado ainda dominado por petróleo, com a empresa sendo produtora de carros elétricos, o jogo virou, e a empresa se tornou pioneira e referência na produção de carros elétricos, que ganharam as suas melhores versões. Em meio aos problemas iniciais, Musk obteve um empréstimo de US$ 456 milhões do governo dos Estados Unidos, em 2008. Em 2010, por sua vez, a empresa se tornou a primeira montadora americana a negociar ações na bolsa desde a Ford, em 1956.

Musk, com a sua Space X, agora planeja viagens espaciais tripuladas rumo a Marte. As dificuldades ainda são enormes, o que inclui a distância e questões como radiação e de conservação física dos astronautas. A Nasa, por exemplo, tem planos para este tipo de empreendimento apenas para os anos 2030, pois ainda existem muitas limitações que devem ser superadas.

Contudo, a Space X avança bem em seus estudos e experimentos, sendo pioneira no lançamento de foguetes reutilizáveis, ultrapassando rivais como a Nasa e a norte-americana Boeing, com oferta de voos espaciais mais baratos. Na esfera dos voos espaciais privados, a Tesla tem como concorrente a Blue Origin, do empresário Jeff Bezos, dono e fundador da Amazon.

Elon Musk ainda teve uma outra empresa que se dedica a explorar o subsolo. Alguns anos atrás, a Boring Company obteve a permissão do governo dos Estados Unidos de escavar um túnel de cerca de 12 quilômetros sob o estado de Maryland. Musk tentou que este túnel servisse para a passar o seu futuro trem-bala eletromagnético, que ele batizou de Hyperloop, e que seria projetado para transportar passageiros a uma velocidade de até 1.233 km/h. O resultado foi nulo, e a startup Hyperloop One fechou.

Levantamento deste mês de setembro da revista Forbes avaliou a fortuna de Elon Musk em US$ 243,7 bilhões, sendo considerado, no momento, o homem mais rico do mundo, liderando o ranking da revista. Ele segue em seu caminho de transformar a forma que se entende as indústrias do voo espacial privado, e também avança em áreas de inteligência artificial e de energia solar.

O Twitter, por sua vez, foi fundado em 21 de março de 2006, por Jack Dorsey, Christopher Isaac Stone, Noah E. Glass, Jeremy LaTrasse e Evan Williams, com sede em San Francisco, na Califórnia. O primeiro tweet foi feito pelo cofundador do Twitter, Jack Dorsey, e que fazia parte de um sistema interno de mensagens para a Odeo, uma empresa de podcasting em que Dorsey, Stone e Williams trabalhavam na época, e que dizia o seguinte: “Estou apenas configurando meu twttr”.

A versão completa para o público foi lançada em 15 de julho de 2006, se tornando uma empresa própria em 2007, sendo que, em outubro de 2006, Dorsey, Stone e Williams compraram a Odeo, criando a Obvious Corp, em que foi mais desenvolvida a versão final do Twitter. Em março de 2007, a empresa começou a ganhar popularidade graças a um festival interativo de nome South by Southwest (SXSW) em Austin, no Texas. O Twitter colocou grandes telas nos salões da conferência, mostrando tweets ao vivo sobre o evento SXSW.

O interesse pelo Twitter cresceu com esta estratégia de marketing e, no final desta semana, o seu uso diário triplicou. Após o sucesso no SXSW, foi criado o Twitter Inc., que era uma entidade corporativa e Dorsey virou o primeiro CEO do Twitter. Dorsey foi demitido da empresa em 2008 e retornou ao cargo de CEO em 2015, ocupando este cargo até novembro de 2021.

Elon Musk, tuiteiro prolífico, anunciou em 4 de abril de 2022, a compra de 9,2 % das ações da empresa, tornando-se o maior acionista individual. A seguir, o Twitter anunciou em abril do mesmo ano, a entrada de Elon Musk para o Conselho de Administração da empresa.

Esta era uma tentativa de impedir Musk de adquirir mais ações da empresa, pois sua nomeação como conselheiro seria um entrave para isso. A Comissão de Valores Mobiliários (Security Exchange Commission) dos Estados Unidos, segundo documentos oficiais apresentados, dizia que Musk não poderia, como conselheiro da empresa, ultrapassar a sua participação em mais de 14,9 % das ações até a reunião anual dos acionistas em 2024.

O então CEO do Twitter, Parag Agrawal, chegou a anunciar em um tweet a entrada de Musk no Conselho. Contudo, na semana seguinte, Musk declinou da proposta. Com este movimento, ficou livre para adquirir mais ações da empresa. Em 4 de abril de 2022, ele compra mais 9,2 % das ações do Twitter e se torna o maior acionista.

Em 25 de abril de 2022, o Twitter aceita a proposta de compra da empresa por Elon Musk. Depois de uma pílula de veneno, o conselho achou por bem recuar e aceitar a oferta chamada de “cavaleiro branco”, pois tal possibilidade para uma empresa que nesses anos de atividade nunca foi rentável como outras redes sociais, poderia não se repetir. Musk investiu U$ 33,5 bilhões para financiar a transação.

Elon Musk se autointitula um absolutista da liberdade de expressão (uma versão controversa deste conceito, mais parecida com a prática legal norte-americana). Por fim, ele comprou o Twitter por US$ 44 bilhões e prometeu mudar a característica da rede social como algo de nicho e ampliar os usuários dos Estados Unidos.

Depois de suspender a sua oferta para a compra do Twitter, com alegações como a de que ao menos 5% das contas era de perfis fake e que havia muitos spams na rede social, Musk então traça a prioridade de remover os bots de spam da plataforma. Por sua vez, diante da polêmica, o então CEO do Twitter, Parag Agrawal, afirmava que as contas de spam na rede social estavam bem abaixo de 5%, numa estimativa que permanecia a mesma desde 2013.

Parag Agrawal disse que não se podia reproduzir tais dados externamente, pois teria que se usar informações públicas e privadas para determinar se uma conta é spam, ao que Musk deu como resposta um emoji de cocô.

(continua)

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Blog
: http://poesiaeconhecimento.blogspot.com

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