Após receber o diagnóstico de osteomielite crônica, uma infecção grave nos ossos que requer tratamento imediato, uma mulher de 43 anos com deficiência física tem enfrentado uma situação angustiante, encaminhada de um centro de atendimento a outro na rede estadual de saúde, sem conseguir iniciar os cuidados médicos necessários.
Maria Conceição passa por problemas de saúde desde um acidente de carro em 2004 e recebia cuidados médicos na Santa Casa de Misericórdia de Vitória, onde se preparava para uma cirurgia corretiva da escoliose. No entanto, o procedimento foi adiado devido a feridas persistentes em suas pernas, que não cicatrizavam. “Os médicos não passaram nada. Eu estou em casa, sem fazer tratamento nenhum, e com a documentação toda no posto, esperando a marcação, mas ninguém sabe quando vai sair”, compartilha.
Enquanto aguarda uma solução sem o tratamento adequado, o estado de saúde corre o risco de se agravar. A falta de uma resposta rápida e eficiente para casos graves de osteomielite pode resultar em complicações adicionais, aumentando o risco de amputações e outras consequências severas.
“Eu não queria chegar a esse ponto. Porque, segundo os médicos, está só na perna do joelho para baixo. Então, uma amputação, no caso, para eliminar de vez o foco, seria a solução mais viável”, explica Maria.
Após consulta com um angiologista, a paciente foi diagnosticada com osteomielite crônica há mais de um mês, mas apesar da gravidade da doença, Maria sofre com a falta de orientação sobre como acessar o tratamento e afirma que não recebeu nem mesmo medicação ou antibióticos para tratar a infecção.
O médico da Santa Casa que acompanha Maria, especializado em coluna, não está habilitado para tratar osteomielite e a encaminhou ao posto de saúde para avaliar a necessidade de amputação e iniciar o tratamento.
Ela também relatou que o Centro de Reabilitação Física e Social (Crefes), onde realiza curativos, não é especializado no tratamento desse quadro e os profissionais de saúde de ambos os locais não sabiam indicar um serviço de referência para osteomielite.
O caso de Maria Conceição é especialmente preocupante dado que, em 2022, outra paciente cadeirante com osteomielite crônica também enfrentou dificuldades similares. Na ocasião, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) foi criticada por demoras no tratamento.
A Sesa havia garantido tratamento para a paciente Viviane Rangel, que obteve uma liminar judicial para internação imediata devido à gravidade de seu quadro, e afirmou que medidas seriam tomadas para garantir o acesso à assistência médica necessária para casos graves como o de Viviane.
Século Diário questionou a Secretaria de Saúde sobre as medidas a serem adotadas para garantir o tratamento de condições urgentes como a osteomielite crônica, mas, até o fechamento desta matéria, a Sesa não respondeu à solicitação.