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Pescadores de Vitória e Cariacica protestam por auxílio emergencial

Deputados Marcelo Santos e Gandini se comprometeram a dialogar com o governador

Pescadores de Vitória e Cariacica fizeram um protesto em frente à Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira (16). Eles reivindicam auxílio emergencial, já que estão há 26 dias sem poder trabalhar devido à contaminação dos peixes no rio Santa Maria. Os trabalhadores também se reuniram com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União), e o deputado estadual Fabrício Gandini (PSD), que se comprometeram a intermediar um diálogo com o governador Renato Casagrande (PSB) para tratar da demanda.

Gandini, que também é presidente da Comissão de Meio Ambiente, já havia feito uma indicação à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), para que conceda auxílio extraordinário aos pescadores que dependem exclusivamente da pesca artesanal. A proposta foi aprovada no dia 2 de setembro, mas ainda não há sinalização da pasta sobre o assunto.

Participaram da reunião representantes da Associação de Pescadores de Cariacica (Pescar), Associação dos Catadores e Caranguejeiros da Grande Nova Rosa da Penha (Ascapenha), Associação de Pescadores Artesanais de Porto de Santana e Adjacências, Associação dos Pequenos Pescadores da Comunidade Nova Canaã e Associação dos Pescadores, Marisqueiros e Desfiadeiras da Região da Grande São Pedro.

A presidente da Associação de Porto de Santana e Adjacências, Rosinéia Pereira, afirma que a situação dos pescadores é de instabilidade financeira, já que não podem vender o pescado para não fornecer aos consumidores um produto que pode causar prejuízos à saúde. “Os boletos estão chegando, o aluguel está sem pagar, água e luz também. As crianças que estudam em escola integral, pelo menos, estão comendo na escola”, diz.

Durante a manifestação, os pescadores portavam cartazes com frases como “água para a vida, não para a morte” e “nós, pescadores, precisamos de atenção do governador”. A cada vez que o semáforo fechava, eles se posicionavam em frente aos carros, com os cartazes. Os trabalhadores também se mobilizam nas redes sociais.

Rosinéia relata que os pescadores comentam nos posts de Casagrande cobrando uma iniciativa da gestão estadual. “Ele está ciente, pois tudo que a gente tem publicado, ele é marcado, mas não está dando assistência. Ele sempre coloca na sexta-feira ‘sextou, mas não sextarei’. Aí a gente coloca que a gente não vai sextar também, pois a gente está preocupado porque não pode pescar”, relata.

Um problema semelhante aconteceu em Jacaraípe, na Serra, na última quinta-feira (12) e sexta-feira (13), com muitos animais mortos nas proximidades da praça Encontro das Águas, incluindo diversas espécies de peixes, como robalo e tainha, siris e tartarugas. Os animais apareceram boiando nas águas que vêm das lagoas Juara e Jacuné e seguem rumo ao mar. Além disso, as águas estavam verdes e com mau cheiro.

O pescador André Luiz da Silva ressaltou preocupação com a situação e afirmou que não é possível saber de qual lagoa estão vindo os animais mortos. “Deve ser falta de oxigênio ou algum poluente. Tem que fazer análise para saber se tem algum produto químico na água”, cobrou.

A Prefeitura da Serra informou, na ocasião, que as equipes da Fiscalização Ambiental e do Departamento de Saneamento Ambiental estiveram no local para análise da situação e investigação da causa da morte dos animais. “As amostras recolhidas indicam baixa presença de oxigênio na água do manancial, o que provocou a mortandade dos peixes e animais aquáticos. A causa dessa baixa oxigenação será investigada pelos técnicos ao longo da próxima semana”, garantiu, mas sem detalhar se a baixa oxigenação pode ter causado também a mudança na coloração da água e o odor.

A Organização Não Governamental (ONG) Juntos SOS Espírito Santo Ambiental tem exigido providências do poder público tanto no caso do rio Santa Maria quanto de Jacaraípe. Uma das suspeitas da entidade é que, em ambas situações, as águas tenham sido contaminadas com Revsol, um composto produzido pela empresa ArcelorMittal Tubarão para ser aplicado em vias urbanas e rurais e outros tipos de terreno.

A Juntos SOS Espírito Santo Ambiental oficiou a Prefeitura da Serra solicitando informações sobre se houve utilização de Revsol nas proximidades dos espelhos d’água das lagoas Juara e Jacuné; se foram coletadas amostras de animais mortos para exames toxicológicos; se existe licença ambiental na Serra para uso do Revsol; e se está sendo utilizado com segurança de danos ambientais zero, quais protocolos técnicos, estudos de impactos ambientais, notas Técnicas e demais condicionantes legais.

A ONG também encaminhou notícia de fato para a ArcelorMittal, requerendo o financiamento de um projeto de pesquisa e extensão, com o objetivo de mensurar os impactos dos produtos Revsol com amostras fornecidas pela ArcelorMittal e também coletadas no aterro das margens do rio Santa Maria da Vitória. O valor estimado do projeto de pesquisa, que teria duração de dois anos, segundo a ONG, é de R$ 108,3 mil.

Já o diretor-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), Mario Louzada, deve informa à entidade e fornecer cópias de todas as documentações técnicas, análises e exames que fundamentam a afirmação que fez na imprensa capixaba, de que os aterros com produtos siderúrgicos da ArcelorMittal não são responsáveis pela morte dos peixes.

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