Deputado federal declara apoio a Camarão, em reta final de campanha quente
Faltando pouco mais de uma semana para o pleito eleitoral de 6 de outubro, o clima esquentou na campanha em Muqui, no sul do Estado. Apoiando o candidato a prefeito Camarão (PL), o deputado federal Evair de Melo (PP) esteve no município esta semana, e publicou um vídeo nas redes sociais contra o adversário na eleição majoritária, Frei Paulão (PSB), que respondeu nessa quinta (26).
Na postagem, Evair de Melo tratou a chapa de Camarão e Zé Marcos (PSDB) como “ficha limpa” e acusou Frei Paulão de “terrorismo” e “corrupção”. “Quem traz ameaça, quem fala que ‘se não for eleito, Muqui terá as portas fechadas’, ‘tá’ querendo esconder alguma coisa, principalmente quem tem corrupção no seu currículo – não é por mim, a Justiça assim o diz, já foi afastado de cargos públicos, já foi impedido de disputar eleições”, disparou o deputado federal.
“Agora, infelizmente, de uma maneira covarde e sorrateira, está andando nas propriedades rurais, no comércio, visitando você, mais simples aqui de Muqui, trazendo esse terrorismo”, continuou acusando Evair de Melo.
Em resposta, Frei Paulão disse em seu perfil no Instagram que “conhece muito bem” Evair, o qual, segundo ele, nunca destinou recursos para o município, “nem mesmo um prego”, em 12 anos de mandato. “Na verdade, ele não conhece Muqui. Será que alguém sabe o que ele é? Gente, ele é um deputado que só apoia projetos para os ricos, isto é: grandes pecuaristas e grandes cafeicultores”, comentou.
“Mas”, continuou Frei Paulão, “ele surge agora para tumultuar o processo eleitoral, o momento mais importante da democracia, promovendo desinformação e ataques pessoais. Eu sei que você que me assiste concorda comigo e lamenta profundamente que um deputado federal e um candidato a prefeito se prestem a esse papel. Quem não tem projeto apela para o ódio e mentiras, sem preocupação com quem mais precisa”.
Este ano, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Muqui tenta uma inusitada tentativa de “reeleição sem reeleição”. O atual prefeito, Cacalo, é filiado à sigla e foi eleito em 2020 com o apoio de Frei Paulão. Ele poderia tentar mais um mandato, mas os socialistas preferiram apostar em Paulão para disputar o comando da prefeitura. O companheiro de chapa é o atual vice-prefeito, Toninho Andreão (Podemos).
Frei Paulão foi prefeito de Muqui em dois mandatos, de 2001 a 2008, e secretário de Estado da Cultura, em 2011. Em 2016, foi novamente eleito, mas teve o registro de candidatura indeferido, com base na Lei da Ficha Limpa. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades em um contrato da prefeitura para aquisição de ambulâncias de 2004, e ele foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ficando inelegível por oito anos.
Paulão é aliado de longa data do governador Renato Casagrande (PSB), que gravou vídeo em apoio ao colega de partido. Em 2019, Casagrande teve que voltar atrás de uma nomeação do ex-prefeito de Muqui como subsecretário de Aquicultura e Pesca, por conta da Lei da Ficha Limpa estadual, mas conseguiu nomeá-lo novamente em 2023, dessa vez como diretor de Segurança e Trânsito no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-ES).
Já Sergio Luiz Anequim, o Camarão, teve cinco mandatos de vereador, tendo inclusive ocupado a presidência da Câmara de Muqui em quatro legislaturas. Em 2017, foi prefeito interino por sete meses devido à cassação do registro de Frei Paulão. Ele também entrou na disputa majoritária em 2020, candidatando-se pelo extinto Democratas (DEM), e ficou em segundo lugar.
Além de Evair de Melo, o deputado estadual e candidato a prefeito de Cachoeiro de Itapemirim Theodorico Ferraço (PP) também apoia Camarão. Ferraço tem feito pouca campanha nas ruas devido à idade avançada, mas discursou junto ao candidato de extrema direita de Muqui nesta semana. Júnior Corrêa (Novo), vice na chapa ferracista, também marcou presença.
José Luis Lopes (DC) também se registrou como candidato a prefeito de Muqui este ano, mas foi inabilitado.
Câmara Municipal
Atualmente, o PSB e o Partido Liberal (PL) contam, cada um, com dois vereadores em Muqui: Eros Prúcoli e Zé Antônio Beré, do lado dos socialistas, e Nélio da Aliança e Tadeu Custódio, filiados ao partido bolsonarista. Nos bastidores, existe a expectativa de uma grande renovação nas cadeiras da Câmara Municipal. O PSB tem a meta de voltar ocupar três cadeiras, mas tem consciência de que a missão é difícil.
Muqui conta com 94 candidatos a vereador nas eleições deste ano. Além dos quatro parlamentares do PSB e do PL, também ocupam cadeiras na Câmara Municipal: Zazá Meloni e Claudinho do São Domingos (União); Tiago da Farmácia (Republicanos); Edina Moreira (Agir); e Roninho Bola 7 (MDB).
