sábado, novembro 23, 2024
23.9 C
Vitória
sábado, novembro 23, 2024
sábado, novembro 23, 2024

Leia Também:

Candidatos de Cachoeiro apostam em virada contra Ferraço

Ex-prefeito, que já perdeu eleição ‘ganha’, entra na mira de concorrentes na reta final

O deputado estadual Theodorico Ferraço (PP) tem sido apontado como o favorito este ano na disputa pela Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, com enorme vantagem sobre os demais candidatos da eleição majoritária em pesquisas de intenção de voto. Ainda assim, seus concorrentes apostam em uma virada na reta final da campanha – e há precedentes na história eleitoral do município.

ferraco_leonardo_sa2.jpg
Leonardo Sá

Em 2008, Ferraço também era o candidato favorito, com o dobro de intenções de voto em relação ao segundo colocado, Carlos Casteglione (PT), mas o petista conseguiu uma arrancada na reta final e se elegeu prefeito pela primeira vez. Casteglione se reelegeu em 2012 com outra virada na votação, dessa vez contra Glauber Coelho, falecido irmão do atual prefeito, Victor Coelho (PSB).

Esse histórico tem sido relembrado por Carlos Casteglione em suas propagandas de televisão, tendo em vista que ele apareceu como último colocado entre os cinco candidatos nas últimas pesquisas eleitorais.

Diego Libardi (Republicanos) também fez menção à virada de Casteglione em 2008 em uma peça de propaganda. Mas, para não levantar tanto a bola do adversário petista, Libardi destacou ainda que o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também não era favorito nas eleições de 2022 contra Fernando Haddad (PT).

Entretanto, quem apareceu esses dias mais próxima de uma arrancada na reta final é a candidata governista Lorena Vasques (PSB). Segundo pesquisa espontânea do Instituto Solução, publicada pelo jornal Aqui Notícias nessa sexta-feira (27), Lorena saltou da penúltima para a segunda colocação na corrida eleitoral, com 14,2%.

Ferraço ainda tem mais do que o dobro de intenções de voto da segunda colocada, mas caiu do patamar de quase 60% para 45%. Léo Camargo (PL) se manteve no terceiro lugar, com 12,7%, e Diego Libardi desceu de segundo para quarto colocado, com 11,5%. Carlos Casteglione apareceu com 2,7% dos votos. Declararam voto em branco ou nulo 0,5% dos eleitores, e 13% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

No quesito rejeição, Carlos Casteglione liderou, com 44,5% do eleitorado dizendo que jamais votaria nele. Em seguida, estão Ferraço (6,8%), Léo Camargo e Lorena Vasques (ambos com 6,7%) e Diego Libardi (2%). Declararam voto nulo ou em branco 0,7%, e 32,7% não souberam ou não quiseram responder.

Pesquisas eleitorais, além de representarem apenas uma fotografia do momento, estão sempre envoltas em controvérsias de todo o tipo. Não à toa, alguns dos levantamentos feitos em Cachoeiro este ano foram retirados de circulação pela Justiça Eleitoral a pedido de candidatos. Resta saber, portanto, se outras pesquisas confirmarão uma nova tendência em curso. De qualquer forma, ainda é cedo para dizer se o jogo eleitoral no maior município do sul do Estado está ou não liquidado.

Alvo principal

Favorito e tendo já governado Cachoeiro em quatro mandatos, Theodorico Ferraço continuará como o alvo preferencial dos concorrentes da eleição para prefeito de Cachoeiro nesta reta final. Um dos focos é procurar rachaduras no passado cachoeirense idealizado pelos Ferracistas.

Obras como a da “Torre que fazia chover” – monumento que virou piada nacional por se propor a refrescar a cidade com jatos de água disparados do topo de uma torre – e a do “Elefante Branco” – hospital “inaugurado” que ficou décadas sem funcionamento – tem sido relembradas pelos candidatos como exemplos de má gestão de Ferraço à frente do Executivo municipal.

Outro ponto a ser explorado contra ele, esse mais sensível, diz respeito às suas condições físicas para governar. Aos 86 anos, Ferraço apresenta lucidez mental, mas suas capacidades motoras estão reduzidas. Na Assembleia Legislativa, há tempos que ele só comparece para as sessões por videoconferência. Nas atividades de rua, tem aparecido pouco, sendo representado pelo vice de sua chapa, o vereador Júnior Corrêa (Novo).

Essa situação reforça os rumores de que, na prática, o cabeça da chapa é Júnior, e não Ferraço. Durante a pré-campanha deste ano, a expectativa do deputado estadual era apoiar Corrêa como candidato a prefeito – até surgir a história da desistência de Júnior para se tornar padre. Theodorico se viu pressionado pelo setor empresarial a se colocar na disputa, e depois convenceu o vereador a entrar como vice em sua chapa.

A Rede Gazeta exibiu, na noite desse sábado (28), debate com os candidatos a prefeito de Cachoeiro, e Ferraço foi o único que não compareceu. Ele alegou que a decisão se deveu à “conduta de alguns candidatos”, que teriam sido inclusive advertidos pela Justiça por causa de “ataques contra a minha pessoa”.

Ao longo do debate, os candidatos mencionaram a suposta “covardia” de Theodorico Ferraço em faltar ao debate. Também foi permitido que se fizessem perguntas ao concorrente ausente no primeiro bloco. “A sua ausência significa que o senhor vai deixar a cidade nas mãos do seu vice?”, questionou Lorena Vasques. “Por que o senhor, enquanto prefeito, nunca valorizou os professores e servidores, por exemplo, com o reajuste obrigatório anual?”, perguntou Diego Libardi.

Apoios políticos

Outras questões apresentadas pela pesquisa Ipec divulgada pela Rede Gazeta, em 16 de setembro, também são importantes de serem destacadas pelo possível impacto na disputa eleitoral. Na avaliação da administração atual da prefeitura, 42% consideraram a gestão de Victor Coelho regular; 19%, ótima ou boa; 37%, ruim ou péssima; e 3% não souberam ou não quiseram responder.

Em relação a apoios políticos, 32% declararam que um apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a um candidato a prefeito de Cachoeiro aumentaria muito as chances de votar nele. No caso do governador Renato Casagrande (PSB), a importância foi citada por 18%; apoio do presidente Lula, por 14%; e do prefeito Victor Coelho, por 6%.

Ou seja, os números tendem a beneficiar as candidaturas mais à direita e menos afinadas à gestão atual, ainda que a avaliação do prefeito não seja totalmente negativa. Nesse sentido, Diego Libardi tem reforçado em campanha que é um candidato de direita e foi superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama) durante a presidência de Jair Bolsonaro, ao mesmo tempo em que fala de temas dos quais os conservadores costumam fugir, como violência doméstica e combate às queimadas florestais.

Léo Camargo, por sua vez, é o “bolsonarista-raiz” da eleição majoritária cachoeirense este ano. Já Lorena Vasques tem o apoio de Renato Casagrande e representa a gestão de Victor Coelho, e Casteglione teve pedido de voto do presidente Lula. Theodorico Ferraço, pai do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), tem falado em dialogar com os governos estadual e federal.

Mais Lidas