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Pazolini é reeleito com resultado já esperado no campo da esquerda

Prefeito liderou desde o início a campanha, marcada por poucos embates com a oposição

Com mais de 105,5 mil votos (55%), o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), foi reeleito para um segundo mandato consecutivo às 18h30 deste domingo (6), ao lado da empresária Cris Samorini (PP), contra 29,3 mil (15,62%) de João Coser (PT), seguido por Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), com 23,3 mil (12,46% ). O Capitão Assumção (PL) marcou 17,9 mil (9,55%), Camila Valadão (Psol),10,7 mil (5,74%), e Du (Avante), 786 votos (0,42%).

O resultado da votação, com João Coser fora do segundo turno, já era esperado nos bastidores políticos, pincipalmente no PT. O “climão” se tornava mais intenso desde a antevéspera da votação, prevendo a derrota, e também o movimento do “voto útil”, para evitar a vitória em primeiro turno do atual prefeito.

O cenário, depois das últimas pesquisas de opinião, gerou desânimo entre a militância do campo progressista, pendurado, na reta final, na esperança de ampliar o número de vereadores. Em parte, deu certo, com a reeleição de Karla Coser, com 7,2 mil votos, a maior votação, e do Professor Jocelino (PT). No mesmo campo, também entrou Ana Paula Rocha (Psol), e ficou fora o vereador André Moreira (Psol), um dos mais combativos da atual legislatura.

Acomodado no chamado bolsonarismo liberal, Pazolini inaugura um segundo mandato mantendo laços com setores do governo Tarcísio de Freitas, em São Paulo, estado onde se ergue o maior eixo da extrema direita no Brasil para as eleições presidenciais de 2026, sem a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro(PL), figura altamente danosa para o Brasil, que responde a vários crimes, entre roubo de joias e tentativa de golpe de Estado.

“Não chegaremos ao segundo turno, fizemos uma campanha sem emoção, com pouca formação política: metade dos candidatos a vereador em Vitória, do PT, sem noção nenhuma, que até eu dizia que não abrissem a boca, pois falavam sobre ‘os perigosos do bairro da Penha”, queixava-se um militante do PT.

O candidato a vereador, nesse caso, fazia referência ao local em Vitória onde a Polícia Militar mais realiza ações da chamada “guerra ao tráfico”, cujas as principais vítimas são moradores da região, como o adolescente Davi, 16 anos, fuzilado nessa terça-feira (1), com um buraco na cabeça. Seu nome só apareceu depois, pelos familiares e conhecidos; para a polícia era um “suspeito”, como são chamadas os que tombam em “confrontos”, forma cruel de dizimar a juventude pobre e preta.

A ausência de uma formação política para despertar a consciência de classe está na base de discursos como esse. Do mesmo jeito que leva o partido à divisão, “sem a participação de militantes antigos, muitos deles isolados pela direção estadual, liderada pela deputada federal Jack Rocha, cada qual cuidando do seu grupo”, seguem as análises de bastidores.

Foi nessa atmosfera que também surgiu, nos últimos dias de campanha, uma questão crucial: a falta de dinheiro para candidatos a vereador considerados sem chances de vitória. “Falta o restante da cota do fundo partidário. Os “maiores” – bem posicionados eleitoralmente – já receberam, mas os outros, que fizeram compromissos, estão com problemas”, critica um ativista.

O que pôde ser observado foram campanhas separadas, individualizadas, confirmando a predominante desestruturação partidária. “É uma campanha que não passa das superficialidades e sofismas, tudo muito próximo da falta de argumentos e programas da extrema direita”, comenta um observador progressista, sob a condição de anonimato.

“Dificilmente teríamos um segundo turno para prefeito, porque faltou a polarização entre o fascismo bolsonarista, representado pelo atual prefeito, e um candidato que galvanizasse os votos dos democratas, ficou muito gelatinosa, e o voto útil só funciona com a polarização, é a história”, afirmou o analista político Francisco (Xico) Celso Calmon, também escritor e ativista.

O clima de derrota gerou, desde a última semana, um movimento de retrocesso e se tornou mais intenso entre seguidores do PT na véspera, insatisfeitos com a condução da campanha no Estado, ancorada em “um discurso banal do João” e falta de ações de partido dentro do conceito político do coletivo, destacando o nome do PT e os bons resultados alcançados pelo Governo Lula.

Declarações

Após o resultado das urnas, Coser disse que “reconhece a vitória do candidato eleito. Esse é um movimento que faz parte do processo democrático. Peço a Deus que ele possa fazer uma gestão para aqueles que mais precisam, inclusive incorporando as boas propostas que surgiram nesse processo. Agradeço o carinho, o apoio e os votos recebidos. Meu amor por Vitória é incondicional e por ela vou continuar trabalhando”.

Já a Federação Psol/Rede entende que, com a candidatura de Camila, “cumpriu um papel muito importante para enriquecer o debate político-eleitoral. Nesse processo, obteve êxito na eleição de uma mulher preta para a Câmara Municipal de Vitória, mantendo a tradição de ampliar o espaço de poder promovendo a inclusão e lutando pela igualdade. Na Câmara de Vereadores e na Assembleia Legislativa, o Psol manterá o seu posicionamento de enfrentamento a governos conservadores representantes de uma direita retrógrada que tanto retrocesso tem trazido a Vitória”.

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