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Estratégia da ‘reeleição sem reeleição’ é derrotada em Muqui

Frei Paulão assumiu a candidatura do PSB no lugar do prefeito Cacalo

Na eleição para prefeito deste ano, Frei Paulão assumiu a candidatura do Partido Socialista Brasileiro (PSB) em Muqui, no sul do Estado – mesmo com a possibilidade de o atual prefeito, Cacalo, que é filiado à sigla, tentar a reeleição. Até o companheiro de chapa de Paulão era o atual vice-prefeito, Toninho Andreão (Podemos). No final, o candidato do PSB recebeu 41,42% dos votos no pleito do último domingo (6), uma diferença significativa para o vencedor e único adversário, Camarão (PL), que conseguiu 58,58% dos votos.

Frei Paulão e Cacalo e atividade de campanha. Foto: PSB-Muqui

Nos bastidores, figuras do PSB de Muqui colocam a derrota na conta de alguns problemas da administração de Cacalo, com má avaliação de secretários de pastas como Obras e Administração. Esse teria sido o motivo para que Frei Paulão, que foi prefeito de Muqui em duas ocasiões e que teve um terceiro mandato cassado logo no início, assumisse a candidatura.

Mas é preciso destacar que Frei Paulão não escondeu a vontade pessoal de retornar à prefeitura. “Eu sinto que a sociedade quer me devolver o mandato [2017-2020] que me foi tirado ilegitimamente. A sociedade não quer que eu entre apoiando um outro candidato, ela quer que o candidato seja eu. A sociedade conhece a minha administração, sabe a importância para o município de ter eu como gestor”, comentou em entrevista para Século Diário em maio deste ano.

Outro ponto que precisa ser mencionado é que no Brasil, comumente, a tentativa de reeleição de um candidato é tratada como uma espécie de plebiscito. Se o mandatário tem uma avaliação de “mediana” para “boa”, a tendência é que o eleitorado lhe dê nova chance para mostrar a que veio. Esse foi, inclusive, um dos comentários feitos por José Luiz Orrico, diretor político da Futura Inteligência, na edição do programa Política ES, da TV Século, que avaliou os resultados das eleições capixabas no geral – sem entrar especificamente no caso de Muqui.

Dentro dessa perspectiva, a estratégia da “reeleição sem reeleição” do PSB pode ter pavimentado o caminho para que o eleitorado avaliasse as duas candidaturas com mais cuidado, aumentando a disposição em apostar numa novidade política.

Após o resultado final da votação, Frei Paulão agradeceu aos apoiadores nas redes sociais. “Continuamos com nossos sonhos, pois somos muquienses que amamos essa cidade. E uma campanha do bem só pode desejar que a próxima gestão possa trazer também bons frutos para nosso município”, escreveu.

Camarão e o PL

A eleição de Camarão, que foi vereador por cinco mandatos e prefeito interino em 2017, foi uma das poucas vitórias eleitorais do Partido Liberal (PL) no Espírito Santo. O candidato vencedor representou uma coligação de seis partidos, desconsiderando a orientação geral do presidente estadual da sigla, Magno Malta, de privilegiar chapas de extrema direita “puro-sangue”.

Até mesmo o prefeito eleito de Cachoeiro de Itapemirim, Theodorico Ferraço (PP), que pouco esteve presente nas atividades de corpo a corpo com o eleitor cachoeirense nas eleições deste ano, participou de uma atividade de campanha de Camarão em Muqui. O deputado federal Evair de Melo (PP), outra figura da extrema direita estadual, protagonizou um embate com Frei Paulão pelas redes sociais na reta final da campanha.

Um dos questionamentos que fica para o início do mandato de Camarão em Muqui diz respeito a como será o diálogo entre uma figura de extrema direita e o governo estadual, grande responsável por investimentos no município. O governador Renato Casagrande (PSB) apoiou Frei Paulão na disputa eleitoral, seu aliado de longa data.

Câmara de vereadores

Apenas quatro dos nove vereadores de Muqui conseguiram se reeleger este ano. Ficarão de fora da próxima legislatura Zé Antônio Beré (PSB), Claudinho do São Domingos (União), Roninho Bola 7 (MDB), Tadeu Custódio (PL) e Edina Moreira (Agir), a única mulher negra.

No placar de vencedores para a Câmara de Vereadores, a coligação de Camarão conquistou cinco cadeiras, e a frente partidária de Frei Paulão, quatro. O PL conseguiu eleger três vereadores, incluindo o mais votado, Barrela. Republicanos e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), fechados com Camarão, conseguiram uma cadeira cada um.

O PSB conseguiu manter duas cadeiras na Câmara de vereadores. O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o União Brasil, partidos que apoiaram Frei Paulão, elegeram um vereador cada um.

Confira a lista completa de vereadores eleitos em Muqui:

Barrela (PL) – 475 votos

Tiago da Farmácia (Republicanos) – 415 votos (reeleito)

Ronie Von (PSB) – 365 votos

Dr. Eros Prúcoli (PSB) – 327 votos (reeleito)

Nélio da Aliança (PL) – 291 votos (reeleito)

Bozó (PL) – 289 votos

Marquim Bolonha (PSDB) – 236 votos

Zinho (MDB) – 230 votos

Zazá Meloni (União) – 229 votos (reeleito)

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