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Região serrana não teve nenhuma candidatura feminina às prefeituras

Nas câmaras, representação chega a 11%: Sandra Gomes foi eleita em Laranja da Terra

As eleições municipais deste ano resultaram em um agravamento da sub-representação feminina na região serrana do Espírito Santo. Embora as mulheres representem mais de 52% do eleitorado, nenhuma se candidatou à prefeitura nessas localidades. O cenário expõe a persistente desigualdade de gênero, refletida também no contexto estadual, onde apenas 2,63% das prefeituras foram ocupadas por mulheres, o pior índice do país, muito abaixo da média nacional de 13,2%.

Nas câmaras de vereadores, a presença feminina permaneceu desproporcional à base feminina de votantes, mantendo o índice de 2020, em 11%, apesar do aumento de duas vagas no legislativo de Marechal Floriano. De acordo com dados da associação Gênero e Número, obtidos por meio do portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a média nacional de mulheres eleitas vereadoras neste ano é de 18%.

Em relação à declaração étnico-racial, o número de vereadoras que se declaram pretas ou pardas, que na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define a população negra no País, continuou abaixo de 1% da representação feminina. Em 2020, apenas uma mulher preta foi eleita: Rose (Republicanos), que se candidatou a vice-prefeita em Afonso Cláudio ao lado de Baé (Avante), na coligação que ainda contava com o Agir. Em 2024, 15 mulheres conquistaram cargos legislativos na região, das quais somente três se declararam pardas: Sandra Gomes (PSB), em Laranja da Terra; Sabrina Fiorotti (PSB) e Lusia da Saúde (MDB) em Itarana.

As demais eleitas, que se declararam brancas, são Luciana do Posto (PDT) e Luzinete ACS (Republicanos), em Brejetuba; Andréia Dalbó (MDB), em Conceição do Castelo; Janaina Grecco (PSD), em Domingos Martins; Brígida (PSD), em Itaguaçu; Ilza Jastrow (PSB), em Itarana; Enfermeira Eliza (PL), Selene Jastrow (PSD) e Professora Ana Paula (Republicanos), em Santa Maria de Jetibá; Sarita “Filha do Quinim” (União), em Santa Teresa; e Olga Simonelli (PSDB) e Flávia Ferrari (PP), em São Roque do Canaã.

Quatro municípios da região serrana do Espírito Santo não elegeram nenhuma mulher para a câmara de vereadores nas eleições de 2024. Afonso Cláudio e Santa Leopoldina perderam sua única representante feminina, enquanto Venda Nova do Imigrante também registrou uma queda de duas para nenhuma mulher eleita. Marechal Floriano, apesar de ter aumentar o número de vagas na Casa de Leis, também não conseguiu garantir a presença de mulheres, passando de duas para zero.

Fraudes e desigualdades estruturais

Os dados reforçam a disparidade entre homens e mulheres em cargos políticos no Espírito Santo, com persistente desigualdade de gênero e racial na política capixaba. A falta de diversidade nas câmaras e a ausência de mulheres no comando do executivo municipal evidenciam as dificuldades em corrigir essa desigualdade, mesmo com a existência de políticas como a cota de 30% para candidaturas femininas e incentivos às candidaturas de mulheres negras.

Apesar das iniciativas desenvolvidas para enfrentar esse cenário, injustiças estruturais que colocam as mulheres em desvantagem, além de fraudes e desvios de recursos, têm prejudicado o avanço na busca por uma participação equilibrada em termos de gênero e raça nos espaços de poder.

Um levantamento realizado pelo Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, revelou que a cota de gênero foi descumprida em 16 dos 78 municípios capixabas nas eleições deste ano, por pelo menos um partido ou federação. No Brasil, essa política foi desrespeitada em 772 municípios.

Mesmo cenário

A representatividade de gênero na política do norte e noroeste do Espírito se manterá, a partir de 2025, abaixo da média nacional, assim como em 2020. Apenas duas mulheres foram eleitas prefeitas na região, sendo as únicas a vencerem disputas majoritárias no Estado com o menor percentual de mulheres eleitas no Brasil: Iracy Baltar, em Montanha, e Ana Malacarne (MDB), reeleita em São Domingos do Norte.

No sul do Estado, também não foram registrados avanços em representatividade de gênero nas prefeituras e câmaras municipais em comparação com os resultados de 2020. A região não terá mulheres no comando das prefeituras e apenas 28 foram eleitas para exerceram a legislatura – no pleito passado, foram 30.

Nos nove municípios capixabas com mais de 100 mil habitantes – Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Guarapari, São Mateus e Colatina -, as mulheres também serão minoria nas câmaras. Apesar de um aumento de 1,2% em representatividade de gênero, com 18 mulheres eleitas nessas cidades, três a mais do que o pleito passado, elas representam apenas 10,65% do total de 169 cadeiras, um índice inferior à média nacional de 18%.

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