Ivo Lopes afirma que ataques à comunidade LGBTQIAPN+ tem viés político
Para rebater uma “campanha de desqualificação” divulgada pelo pastor e policial militar bolsonarista Diego Cassotto, o Cabo Cassotto (PL), que se candidatou a vice-prefeito na chapa do vereador Igor Elson (PL), que chegou em quarto lugar, o Conselho Municipal de Promoção de Política da Igualdade Racial (Comppir) da Serra e o Fórum Municipal pela Cidadania LGBTI+ divulgaram nota de repúdio nessa sexta-feira (18). O ataque é dirigido, de uma forma mais veemente, à militância LGBTQIAPN+, seguindo o mesmo modo dos evangélicos conservadores.
Ivo Lopes, presidente do colegiado, afirma que os ataques à comunidade LGBTQIAPN+ tem viés político, ao fazer ligações com o plano de governo de Weverson Meireles (PDT), líder na disputa do segundo turno, concorrendo com o bolsonarista Pablo Muribeca (Republicanos).
Com os mesmos argumentos de setores da área evangélica, o pastor e militar afirma: “Uma armadilha que pode estar acontecendo, debaixo do seu nariz, e você não está enxergando. Quando você observa a lei que foi passada um ano atrás, compara isso com o plano do governo PDT atual. Você, que é líder cristão, evangélico, católico, pode estar com a sua liberdade em cheque (sic) a partir da introdução de pequenos trechos subjetivos”, diz.
O cabo passa a atacar a composição do Comppir, com ligações infundadas ao plano de governo de Weverson Meireles, candidato apoiado pelo prefeito Sergio Vidigal, evangélico, mas também alvo da área bolsonarista. Ele relaciona artigos aprovados quando da criação do colegiado, em 2023, inclusive com a aprovação do vereador Igor Elson.
Ivo Lopes ressalta que o conselho “atua em parceria com a municipalidade, em diversas ações de promoção da igualdade racial, acolhendo denúncias de racismo e discriminação racial e deliberando sobre diversas propostas importantes voltadas à população negra no município”, e apontou, em conversa com Século Diário, o “nível das acusações, muito baixo, sendo uma forma de perseguição”.
Ele entende que “uma pessoa negra LGBTI+ enfrenta barreiras e desafios tanto relacionadas ao racismo quanto à homofobia ou transfobia, e a interseção dessas opressões molda a sua experiência de forma distinta de outras pessoas negras ou LGBTI+. Portanto, ao reconhecermos a interseccionalidade, entendemos que as lutas pela equidade e dignidade precisam ser amplas e considerar essas múltiplas realidades, garantindo que as vozes e necessidades de todas as pessoas sejam ouvidas e respeitadas”.
Na nota, Ivo Lopes ressalta a “importância da construção do projeto de lei que possibilitou criação do conselho, que surge a partir de um amplo diálogo com a sociedade civil por meio de audiência pública, além da aprovação plena da Câmara Municipal, votação que foi consenso, restando apenas um voto de abstenção e nenhum contrário”.
Destaca que o Comppir “existe tão somente para a construção de uma governança com respeito a toda e qualquer pessoa, sem distinção de cor, raça, religião, sexo, nacionalidade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas, conforme prevê a Constituição Federal de 1988”.
A Serra possui 71% da população preta e parda e grande parte em situação de vulnerabilidade social. “Um Conselho que atua a partir do olhar racial, entende que é necessário combater o sintoma das mazelas sociais, que se dá por meio do racismo estrutural presente em nossa sociedade”, assevera Ivo.
Em sua visão, “as representações do Comppir foram dialogadas e propostas com base em dados do município, onde é preciso garantir o acesso a direitos básicos. Portanto, não há previsto em nenhum artigo da lei de criação do conselho, alguma temática voltada à promoção de discriminação, seja ela qual for”.