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Vereadoras eleitas no sul do Estado apontam expectativas de mandato

Tálita, Eliane Turini e Renata Alves são algumas das 27 vereadoras eleitas na região

Redes sociais

Nos 26 municípios do sul do Espírito Santo, 27 mulheres se elegeram como vereadoras após a votação do último dia 6 de outubro, menos do que as 30 do pleito de 2020 e abaixo da média nacional, de 18,24% do total de candidaturas nos municípios. Apesar disso, algumas das candidatas eleitas alcançaram resultados expressivos. Partidos de centro e de direita foram os que mais colocaram figuras femininas nas Câmaras da região.

Em Atílio Viváqua, município com apenas 9,3 mil eleitores, a professora de Educação Física Tálita Gomes conseguiu o primeiro lugar entre os concorrentes à Câmara de Vereadores, com 445 votos. Na pré-campanha, ela era especulada como possível vice na chapa de Helinho Lima (PSB), o candidato a prefeito vitorioso, mas preferiu entrar na disputa proporcional. Seu partido, o Progressistas (PP), elegeu outras duas mulheres na região, em Cachoeiro de Itapemirim e Iconha.

“Havia expectativa em ser eleita, mas em nenhum momento vislumbrava ser a mais votada, foi uma campanha de muito comprometimento, muitas visitas e uso constante das redes sociais. É um marco para nós mulheres. Há alguns pleitos não temos uma mulher com uma votação tão expressiva, e eu entro como a sexta mulher eleita na história do legislativo do município” relata.

Do ponto de vista ideológico, Tálita se identifica com a centro-direita, mas diz não gostar de “estereótipos”, e opina que “numa política municipal o extremismo de qualquer lado não contribui com o debate democrático”. No contexto político local, ela se coloca como uma vereadora de situação, mas não tem a pretensão de participar da Mesa Diretora.

Já Eliane Turini, de Vargem Alta, se elegeu pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), sigla que teve sete mulheres eleitas para Câmaras Municipais no sul do Estado, o maior número da região. Ela é ex-secretária municipal nas pastas de Administração, Finanças, Meio Ambiente e Gabinete.

“Vejo o cenário político-eleitoral de Vargem Alta como positivo, onde a Câmara e a Prefeitura estão alinhadas em prol do desenvolvimento da cidade. Tenho orgulho de me colocar como uma apoiadora do governo Elieser Rabello [do MDB, prefeito reeleito], pois acredito que sua gestão tem sido fundamental para que Vargem Alta continue avançando e se consolidando como um município próspero e com mais oportunidades para todos”, comenta Eliane.

Em questões ideológicas, Eliane se coloca como progressista, mas “sem radicalismo”. Uma das suas prioridades para o primeiro mandato é buscar recursos para a ampliação da Defesa Civil municipal, com a criação de um sistema de alerta antecipado com sirenes em áreas ribeirinhas, para prevenir tragédias em momentos de desastres naturais.

“Também pretendo buscar recursos para a construção de uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento] em Vargem Alta, visando melhorar o atendimento da Saúde, com especialidades médicas. Outra prioridade será a correção da tabela salarial dos servidores públicos, para garantir valorização e reconhecimento justo ao trabalho dos funcionários municipais”, completa.

Renata Alves (PT), por sua vez, quarta mais votada em Alegre, é a única representante de um partido de esquerda e uma das três únicas mulheres negras eleitas vereadoras na região. Professora de História, ela afirma que estava confiante na vitória devido ao trabalho de 28 anos na área social. Ela iniciou sua trajetória atuando junto ao Centro Espírita Amor e Caridade, instituição com 105 anos. Atualmente, integra também a luta feminista no coletivo “Umas Pelas Outras” e como presidente do Conselho dos Direitos da Mulher de Alegre, além de defender pautas relacionadas a gênero e raça em palestras em instituições de ensino.

“Apesar de ser a primeira candidatura, eu não cheguei com o nome esvaziado. A gente trouxe um histórico de ação na sociedade. Tive um apoio muito consistente do partido, e conquistei muitos votos da não-esquerda – algumas pessoas não queriam votar justamente pelo partido, por ser vinculado à esquerda”, relata.

Renata se diz triste pelo desempenho da esquerda da região em geral, pois tinha expectativa de que mais candidaturas tivessem sucesso, mas avalia que há um crescimento do “Centrão” e da extrema direita em curso no Brasil, um desafio ao campo progressista.

O Partido dos Trabalhadores (PT) apoiou o candidato derrotado na eleição majoritária de Alegre, Romário Brasil (PSB), mas Renata afirma que o prefeito reeleito, Nirrô (PP), ligou para ela e parabenizou pela eleição.

“O que eu falei com ele é que os nossos partidos têm conceitos e proposições diferentes, e eu acho que isso soma muito na construção da democracia. Porque a política se faz com as diferenças, desde que haja respeito e um bem comum. Então eu falei com ele que quando a gente tiver traçando rotas e planejamentos para o bem comum da comunidade de Alegre, eu vou estar junto com ele. Quando for algo que não concorde porque sai fora dos ideais do partido em que eu atuo, é óbvio que eu não vou concordar”.

Distribuição dos votos

Depois do PSB, o partido que mais elegeu mulheres no sul do Estado foi o Podemos, com quatro, seguido de: PP e Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com três; União Brasil, Partido Liberal (PL) e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com duas; PT, Republicanos, PSD e Partido da Renovação Democrática (PRD), com uma.

Alegre será o município com maior número de vereadoras, com três. Ficarão sem representação feminina na Câmara na próxima legislatura os municípios de Marataízes, Alfredo Chaves, Muniz Freire, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Bom Jesus do Norte, Itapemirim, Guaçuí, Iúna e Muqui.

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