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Amigos, amigos…

Estratégia do prefeito de Vitória “atropelou”, na Câmara, aliados da primeira fileira

CMV

O freio imposto pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), na Câmara Municipal, para barrar o projeto que proíbe pessoas em situação de rua na Capital e impõe multa, mexeu diretamente com dois aliados da primeira fileira, os vereadores do seu partido, Luiz Emanuel, autor da proposta, e Davi Esmael. A estratégia consistiu em antecipar a votação da data anunciada, que seria na quarta-feira (13), sem fazer alarde, evitando mais embates e repercussões. Foi o que aconteceu nesta terça, após uma tentativa frustrada no dia anterior. Luiz Emanuel, ao defender seu PL em plenário, se colocou como desavisado da mudança, ao manifestar “surpresa” com a votação. “Imaginava que a discussão fosse feita amanhã”, afirmou. Já Davi Esmael, presença constante ao microfone, inclusive para tratar deste tema, ficou “recluso” na sessão. Não fez discurso, não defendeu a gestão, e votou favorável ao projeto, o único vereador além do autor. E por que Pazolini queria que essa proposta morresse logo ali, sem nem chegar em suas mãos? Primeiro, o assunto gerou reações incisivas e sequenciais da Igreja Católica, área com a qual nenhum político quer se indispor. Segundo, a polêmica permeia as demandas das classes mais altas da população há anos, na meta de “limpar” as ruas, processo conhecido como “higienização”, e o prefeito acaba de ser reeleito com votos desse eleitorado e em parceria com o empresariado. Caso o projeto passasse na Câmara, caberia a ele sancionar ou vetar, desagradando um lado ou outro. Quer dizer, uma fatura cara, em todos os casos, ainda mais para quem já está de olho em 2026!

Blocos

O placar contra o projeto fechou em 11, incluindo os seguintes nomes da base: o líder do Governo, Duda Brasil (PRD), Anderson Goggi (PP), André Brandino (Podemos), Mauricio Leite (PRD), Chico Hosken (Podemos), Dalto Neves (Solidariedade) e Aloísio Varejão (PSB).

Blocos II

Os outros votos foram da oposição, André Moreira (Psol), Karla Coser (PT) e Vinicius Simões (PSB). O vereador Luiz Paulo Amorim (PV) é mais um voto, mas fica aqui, “flutuante” – ele retornou ao partido que faz federação com o PT, mas não se declara de oposição.

‘Escudos’

Quem tomou frente dos interesses de Pazolini diretamente foram cinco vereadores, que apresentaram o pedido de votação em regime de “urgência, urgentíssima”, garantindo a votação antecipada. Agora, estão na mira: Duda Brasil, Anderson Goggi, Dalto Neres, André Brandino e Varejão.

Fez curva

Embora contrariado por estratégia do próprio aliado, Luiz Emanuel não mirou críticas a Pazolini. Foi em todos os momentos muito sutil para se referir à prefeitura ou aos “poderes públicos”, no geral. “Espero a sensibilidade do nosso querido prefeito, para que as coisas mudem”, disse em uma das falas. Por outro lado…

Alvo ‘torto’

…chamou o governador Renato Casagrande (PSB) à responsabilidade. Foi lembrado por vereadores de oposição que o prefeito de Vitória é Lorenzo Pazolini, e que ele nem ao menos acionou, por decisão política, programas e editais dos governos estadual e federal voltados a pessoas em situação de rua.

Sei…

Luiz Emanuel também se dirigiu ao seu eleitorado, moradores e comerciantes de Jardim da Penha, de onde vem demandas relacionadas ao projeto. Depois da derrota em plenário, ele postou nota “explicativa” em suas redes sociais, e atribuiu a votação ao movimento dos cinco vereadores e, mais uma vez, nada do prefeito!

Fora de alcance?

Tanto o lado do vereador-autor quanto da Igreja Católica e movimentos sociais organizavam uma grande mobilização para esta quarta na Câmara de Vitória. A jogada do prefeito também desfez essas articulações, que certamente o colocariam em meio ao fogo cruzado.

Capítulos seguintes

A gestão atual, como se sabe, deve muito nessa área, e é citada até em denúncias de violências contra essas pessoas com o uso dos equipamentos públicos. Ainda há muita água para rolar – e cobranças também!

Nas redes

“Estive hoje [terça, 12] na Câmara de Vitória junto com movimentos sociais, igrejas e o vereador André Moreira para denunciar o caráter higienista e negacionista do PL 57/23 (…)”. Ana Paula Preta, do Psol, em prévia do mandato que vai assumir em 2025.

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