Responsáveis por alunos defendem a manutenção da opção de turno parcial
A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Amilton Monteiro da Silva, em Mário Cypreste, está na lista das 11 unidades da rede de ensino de Vitória que adotarão o modelo integral a partir de 2025. Entretanto, a mudança tem sido questionada pelos responsáveis de alunos, que afirmam não ser contra o modelo, mas defendem que seja dada a possibilidade de escolha entre o integral e o parcial.
Mãe de um dos alunos, Gisele de Oliveira Nunes relata que foi feita uma reunião com os responsáveis para tratar do assunto, com a presença da secretária municipal de Educação, Juliana Roshner. Contudo, ao contrário do que imaginavam, não foi para pedir a opinião da comunidade escolar, mas sim informar que o novo modelo seria adotado. Conforme afirma Gisele, a escola não tem infraestrutura para um modelo integral.
Essa situação foi dita para a gestora, que informou que seria feita uma reforma. Porém, acreditam os responsáveis, um mês e meio, que é o tempo que duraria a obra para que a escola esteja pronta até o início das aulas, não é suficiente para fazer todos os ajustes. O colégio sofre com infiltrações, calor excessivo nas salas de aula e auditório, além de ter uma quadra totalmente descoberta. Há, ainda, como relata, o fato de que muitos responsáveis não acharam as atividades propostas para o integral interessantes, como a implementação de ações para discutir com os alunos “o que eu quero ser quando crescer”.
A reunião, informa Gisele, foi às 8h do dia 29 de outubro, mas foi anunciada na véspera, prejudicando a participação das pessoas. Naquela mesma manhã, recorda, a gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) anunciou, em coletiva de imprensa, que a Amilton Monteiro da Silva passaria a ser integral junto com outras 10 escolas. A secretária afirmou que os responsáveis que não quiserem colocar as crianças no modelo integral podem fazer matrícula na EMEF Alvimar Silva, em Mário Cypreste, ou na Alberto de Almeida, em Santo Antônio.
Muitos responsáveis acham, porém, que a Amilton Monteiro é de mais qualidade, uma vez que costuma promover atividades de conscientização contra o bullyng e há um diálogo maior com a escola. Gisele afirma que, na Alvimar, há relatos de casos de brigas entre alunos nos quais a unidade de ensino demorou a contatar os responsáveis para que estivessem a par da situação.
Vitória tem hoje 30 escolas em tempo integral. Em 2025, esse número passará para 41. A medida, de acordo com a prefeitura, representará a oferta de 3,1 mil novas vagas distribuídas entre os Centros Municipais de Educação Infantil em Tempo Integral (Cmei TI) e as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef TI), totalizando um quantitativo de 10,2 mil vagas em tempo integral para o ano que vem.
Além da Amilton Monteiro da Silva, as demais escolas que passarão a ofertar o Tempo Integral são as Emefs Paulo Roberto Vieira Gomes, em São Benedito; e Ronaldo Soares, em Resistência; além dos Cmeis Ana Maria Chaves Colares, em Jardim Camburi; Cecilia Meireles, em Monte Belo; Darcy Vargas, em Bela Vista; Geisla da Cruz Militão, em Nova Palestina; Georgina da Trindade, em São José; Nelcy da Silva Braga, em São Cristóvão; Professora Cida Barreto, em Pontal de Camburi; e Sebastião Perovano, no bairro Jabour.
Mais polêmica
Contrariando o que foi acordado em novembro de 2023 com a comunidade escolar do CMEI Jacy Alves Fraga, em Tabuazeiro, a gestão de Lorenzo Pazolini não vai manter as turmas parciais no ano letivo de 2025. A situação tem causado a indignação dos responsáveis pelas crianças, já que, caso a unidade de ensino de fato se torne integral, os pais que não podem ou não querem matricular seus filhos em uma escola desse modelo terão que procurar em outros bairros.
José Carlos Durans, pai de um dos estudantes, afirma, no entanto, que as opções são poucas. Uma é o CMEI Nelcy da Silva Braga, em São Cristóvão, que também será integral. A outra opção seria o Ocarlina Nunes Andrade, no mesmo bairro, mas os responsáveis questionam se haverá vagas para todos.
A violência também acaba sendo um impeditivo, pois a locomoção dos moradores entre as comunidades não é bem vista pelo tráfico. Os responsáveis pelos estudantes também questionam que, no período integral, a proposta de aulas terminaria às 16h, o que os impossibilitaria de buscar as crianças, por ser horário de trabalho.
Outro problema é a imposição aos docentes da atuação em tempo integral, portanto, quem tem cadeira em outros municípios ou na rede estadual de ensino, teria que optar por uma delas. A tendência, neste caso, é que os profissionais saiam de Vitória, já que é a cidade com menor salário para o magistério na região metropolitana.
Houve uma tentativa no ano de 2023, por parte da gestão de Lorenzo Pazolini, de transformar o Jacy Alves Fraga em tempo integral. Contudo, com a mobilização da comunidade escolar, ficou acordado que os alunos teriam a opção de se matricular no modelo parcial, em horário matutino. O anúncio foi feito pelo vereador Anderson Goggi (PP) e a secretária de Educação, em um vídeo que circulou nas redes sociais.
Tanto o integral quanto o parcial funcionariam no novo prédio construído para abrigar a unidade de ensino. Seria adotada uma transição, ou seja, novos alunos não poderiam se matricular no parcial, somente os que já estudam no CMEI. Assim, com o passar do tempo, as turmas iriam diminuindo, restando somente a opção pelo período integral. A reivindicação era de que houvesse a opção pelo parcial também no vespertino e que não precisasse passar por uma transição, mantendo permanentemente os dois modelos.