União de Erica e Neffa Junior revira disputa à OAB e adversários lançam suas jogadas
O anúncio de união entre os candidatos Erica Neves e José Antônio Neffa Junior mudou a configuração da disputa à Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) e sacudiu os bastidores. Desde essa quarta-feira (11), quando a dupla se apresentou lado a lado, são intensas as movimentações nas redes sociais e entre as chapas e seus aliados. A estratégia executada na reta final do pleito do próximo dia 22, por dois nomes que protagonizam oposição ferrenha ao atual presidente, José Carlos Rizk Filho, vem como a última cartada para somar votos e tentar tirá-lo do poder, depois de dois mandatos seguidos. A reação de Rizk, como não poderia deixar de ser, foi imediata. “A advocacia não é profissão para covardes”, disparou nas redes, seguido do questionamento: “Quem tem medo de uma eleição ou se aproveita da covardia alheia, como defenderá prerrogativas da nossa classe?”. O outro candidato que completa o tabuleiro, Bem-Hur Farina, acabou ficando de fora dessa polarização, mas também lançou seu jogo: “Quem é de oposição, não quer conchavo, quer mudança, vamos virar voto pela dignidade, ética e transparência”, convocou. Ele tem apontado a união dos candidatos como “traição e negociata”. “Você, que foi enganado, venha conhecer nossas propostas, e faça parte do único time que é a real oposição nesta eleição”. Como se vê, o desfecho dessa reviravolta promete!
Arranjos
Com o acordo, que é inédito na eleição da Ordem, a cabeça de chapa ficou com Erica, que enfrentou Rizk em 2021, e Neffa Junior passa a compor na chapa como candidato a tesoureiro. A advogada Elisa Galante, que seria sua vice, também foi incorporada, para a função de conselheira federal.
Blocos
Na eleição passada da OAB, Erica se consolidou como nome da oposição e foi a principal adversária de Rizk. Não à toa, a estratégia a mantém como candidata à Presidência. Rizk foi reeleito com 54% dos votos, e ela recebeu 35,2%. O advogado Alexandre de Lacerda Rossoni ficou bem mais distante, com 6,49%.
Discurso
Para convencer seus eleitores a transferir voto para Erica, Neffa Junior ressalta que “nunca caminhou por um projeto de poder”; que as propostas se uniram “para deixar o plano de compromissos ainda mais robusto”; e pontuou como prioridades “prerrogativas, transparência e aperfeiçoamento técnico”.
Discurso II
Erica Neves segue a entoada: “nenhum cargo, ego ou disputa são maiores que o nosso desejo de unir forças para resgatar a OAB. Queremos salvar a Ordem!”.
Discurso III
Os advogados Rizk e Bem-Hun e seus apoiadores defendem justamente o contrário. Eles tratam a união dos candidatos, a essa altura do campeonato e depois de críticas trocadas entre eles, como “incoerência” e “sede de poder”.
Meio político
A propósito, o presidente da Ordem reforça os apoios políticos que têm recebido, eleição pós eleição. Nesta sexta, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União), pediu voto para o advogado, e participa com ele de evento em Cariacica, sua base eleitoral.
Meio político II
Rizk também tem ao seu lado o deputado estadual Mazinho dos Anjos (PSDB) e, na Câmara de Vitória, o vereador de Vitória Davi Esmael (Republicanos), e o eleito, Pedro Trés (PSB).
Sem recuo
Já Ben-Hur Farina é o candidato do ex-presidente da Ordem, Homero Mafra, marido de sua candidata a vice, Lígia Mafra. Depois do anúncio de fusão, Bem-Hur convocou uma reunião, e um novo burburinho ganhou as rodas: “renúncia”, “vai desistir”? Nada disso, o encontro foi, pelo contrário, para reafirmar a chapa.
Nas redes
“Os bobinhos que imaginam que todo político é corrupto desconhecem figuras como Max Mauro, ex-governador do ES, que faleceu na madrugada de hoje [quinta-feira, 14]. Eu o conheci quando ainda era repórter em Vitória, a aprazível cidade em que nasci e me iniciei na profissão (…)”. Sylvio Costa, diretor do site Congresso em Foco, de Brasília.