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Cadeirante perde consulta por falta de transporte do Transcol + Acessível

Espera pela consulta foi de três meses; paciente corre risco de amputar a outra perna

A aposentada Maria da Conceição Santos de Jesus, moradora de Cariacica, perdeu uma consulta com ortopedista e infectologista no Hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo (AFPES), por falta de disponibilidade do Transcol + Acessível, o antigo Serviço Especial Mão na Roda, responsável pelo atendimento ao transporte de cadeirantes. Ela relata que solicitou o transporte via aplicativo, mas foi informada de que não seria possível atender à solicitação.

Arquivo Pessoal

A consulta seria no dia 6 de dezembro. O transporte foi solicitado em 27 de novembro, por meio do aplicativo. Agora, Maria da Conceição, que já amputou a perna direita, terá que repetir todo o trâmite necessário para conseguir novamente a consulta e dar início a um tratamento para não amputar a esquerda. Para isso, relata, terá que se dirigir novamente ao posto de saúde para o médico solicitar a consulta. Depois, é preciso aguardar a autorização. A espera na última vez, informa, foi de três meses. Ela acredita que não será diferente agora.

Maria da Conceição relata que sempre foi cadeirante, pois nasceu com problemas de locomoção. Quando adulta, sofreu um acidente de carro a caminho de uma consulta, que a deixou com uma fratura no fêmur esquerdo. Por causa disso, ficou impossibilitada de fazer os movimentos que costumava praticar, como sair da cadeira de rodas para a cama e dormir ou sentar em outros lugares.

Com o corpo sem se movimentar, a circulação sanguínea foi afetada. O passar do tempo fez com que contraísse osteomielite, uma infecção que levou à amputação de uma das pernas. Agora, para não perder a outra, precisa de um tratamento com um ortopedista e um infectologista de forma concomitante. A aposentada informa que não é a primeira vez que não consegue o serviço de transporte. De acordo com ela, já foram perdidas consultas na Santa Casa de Misericórdia, no Centro de Vitória, e no Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes), na Praia da Costa, em Vila Velha.

Hélio Filho/Secom

O Transcol + substituiu o Mão na Roda desde o último 31 de outubro. Os agendamentos por aplicativo ou telefone se mantêm. O serviço, conforme anunciado pela gestão de Renato Casagrande (PSB) em outubro, passou a contar com 30 vans adaptadas e climatizadas. As lanchas do sistema Aquaviário passaram a ter duas vagas destinadas a cadeirantes e os ônibus elétricos em circulação passaram a ser adaptados para comportar até dois cadeirantes.  A promessa é que a partir de 2025 todos os novos ônibus do Transcol sigam essa mesma diretriz.

Debate na Assembleia

Com a substituição do Mão na Roda pelo Transcol + Acessível, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa realizou, em 19 de novembro, um debate a pedido de pessoas com deficiência, usuárias do sistema.

Suzana Lima, representante de pessoas com deficiência e solicitante do debate no âmbito da Comissão de Direitos Humanos, apontou que não houve diálogo com os interessados na mudança do sistema de transporte para pessoas com deficiência, nem consulta pública. “Estamos falando de 276.305 pessoas com deficiência no Espírito Santo e levantamento feito em 2023 diz que 20% da população com deficiência são pessoas com deficiência motora”, reclamou.

Ela ainda criticou o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que não teria convocado os Conselhos Municipais e nem a população interessada para debater o programa, que, para Suzana, reduz as vagas ofertadas no sistema de transporte coletivo para pessoas com deficiência. Também questionou a falta de atualização da Lei Complementar 213/2001, que estabelece os critérios para quem tem direito à gratuidade no sistema de transporte.

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