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Partidos são acusados de fraude às cotas de gênero em Viana

Tunico, candidato a vereador do PV, fez denúncias contra Progressistas e Podemos

CMV

Um candidato a vereador do Partido Verde (PV) de Viana, na Grande Vitória, acusa os partidos Progressistas (PP) e Podemos de irregularidades nas eleições deste ano. De acordo com Antônio Morais Firme, o Tunico, que ficou como primeiro suplente da Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB), as duas siglas fraudaram as cotas de gênero e precisam perder as vagas que conquistaram no parlamento municipal.

De acordo com a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra o PP de Viana, ajuizada no último dia 16 de dezembro, a candidata a vereadora Graça Silva teve apenas 11 votos, apesar de ter declarado receita de campanha de R$ 6,6 mil. Desse total, R$ 6 mil saíram de repasse da Direção Nacional do Progressistas, e R$ 683 foram doados por Wanderson Bueno (Podemos), prefeito reeleito de Viana.

Entretanto, Graça utilizou apenas R$ 683, dias antes da votação eleitoral. A petição inicial da AIJE destaca que a única rede social informada pela candidata está configurada como privada. “Essa atitude é claramente incompatível com a de uma candidata que pretende promover uma campanha eleitoral para obter votos e efetivamente disputar a eleição para a qual se candidatou”, afirma.

Conforme tabela apresentada na ação, as cinco candidaturas femininas do PP em Viana, do total de 14, foram as menos votadas da sigla no município – quem obteve mais votos foi Claudia Valeska com 514, e as demais não chegaram a cem votos. Em comparação, Dalmo, o candidato a vereador do PP menos votado, com 516 votos, teve uma receita de campanha de R$ 1,8 mil, inferior à de Graça Silva.

Os R$ 6 mil obtidos da direção nacional do PP foram devolvidos por Graça Siva. Esses fatos, segundo a denúncia, indicam que a candidata não teve apoio e nem realizou campanha efetiva, tendo sido registrada apenas para cumprir a cota de gênero obrigatória.

Outro ponto destacado na ação é que a doação de Wanderson Bueno à candidata seria ilegal, uma vez que o Podemos não teria formado coligação com o PP em Viana – mas, na verdade, o dois partidos estiveram, sim, na mesma coligação, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O Progressistas obteve três cadeiras na Câmara de Vereadores, com Flávio Volponi (1,1 mil votos e R$ 28,1 mil de receitas de campanha), Ademir Pereira (968 votos e R$ 13 mil de receitas de campanha) e Josué Enfermeiro (985 votos e R$ 7,7 mil de receitas de campanha).

Laranjas no Podemos

No caso da acusação ao Podemos, Século Diário teve acesso a um documento da defesa de Tunico com as informações que constariam na petição inicial da ação, e não ao processo conforme registrado na Justiça Eleitoral.

De acordo com o documento, todas as cinco candidaturas femininas do Podemos à Câmara de Vereadores tiveram votações inexpressivas, de menos de cem votos. É o caso, por exemplo, de Bette Dutra, que obteve apenas 20 votos, apesar de ter recebido R$ 10 mil da direção nacional do Podemos e mais R$ 1,1 mil de Wanderson Bueno.

O documento também destaca a candidata Tati Paixão, que teve receita de campanha de R$ 1,3 mil e obteve 61 votos. Em 2020, Tati recebeu R$ 3,7 mil e obteve 39 votos. A diminuição no volume de recursos e a votação inexpressiva indicariam que não há efetivo investimento nas candidaturas femininas. Outro ponto citado é que a irmã de Tati, Luciana Paixão, apoiou nas eleições o presidente da Câmara de Viana, Joilson Broedel, e não a própria familiar que concorreu pelo mesmo partido, o que seria mais um indicativo de “candidatura laranja”.

Em comparação, a ação cita Waldeir Gonçalves, segundo candidato a vereador mais bem votado do Podemos, que conseguiu 1,6 mil votos a partir de R$ 8,7 mil de receitas de campanha. O candidato a vereador mais votado no geral também foi do Podemos, Wantuil Schulz, com 1,8 mil votos, que declarou R$ 34,6 mil de receita eleitoral.

Resultado eleitoral

O Podemos e o PP obtiveram, juntos, quase 50% das 13 cadeiras da Câmara de Viana. As outras siglas com representação no parlamento municipal são o Partido Socialista Brasileiro (PSB), que elegeu Dr. Erik da Fisioterapia, Sueli Pancier e Diego da Farmácia; o Partido Liberal (PL), com Guilherme Lube, Wesley Pires e Lucas Casagrande; e o Partido dos Trabalhadores (PT), que elegeu Pacheco.

Na disputa majoritária, Wanderson Bueno foi reeleito com uma votação esmagadora: 37,5 mil (92,49%), contra 2,1 mil (5,22%) de Fabrício Machado (PV) e 928 votos (2,28%) de Luzinete Deolindo (DC). Dos partidos com representação parlamentar, apenas PL e PT não apoiaram formalmente o prefeito nas eleições.

PP, Podemos, PSB, Republicanos, Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Partido Democrático Trabalhista (PDT) e Partido da Renovação Democrática (PRD) fizeram parte da coligação de Wanderson Bueno. Fabrício Machado teve o apoio da Federação Brasil da Esperança e das federações formadas por Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Cidadania e Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e Rede Sustentabilidade, respectivamente. Luzinete, por sua vez, não formou coligação.

Século Diário tentou contato com os envolvidos nas acusações de fraude eleitoral em Viana, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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