Câmara de Cachoeiro e magistério de Cariacica receberam R$ 6 mil, maior valor
Servidores municipais de sete das dez cidades com maior população do Espírito Santo conseguiram abono salarial de Natal em 2024. Aos funcionários da Câmara de Cacheiro de Itapemirim, no sul do Estado, e ao magistério de Cariacica, na Grande Vitória, foram concedidos R$ 6 mil no mês de dezembro, o valor mais elevado dentre os dez municípios mais populosos.
No caso da Câmara de Cachoeiro, o abono foi concedido neste mês de dezembro aos servidores efetivos e comissionados inscritos na folha de pagamento de novembro. Vereadores e estagiários não tiveram direito à bonificação, que alcançou 250 funcionários.
Muita gente considerou o valor do abono excessivo. Entretanto, o presidente da Câmara de Vereadores, Brás Zagotto (Podemos), afirmou que o pagamento foi possível devido a “economias realizadas durante o ano”, e ainda anunciou a devolução de R$ 3 milhões ao Executivo municipal.
“Com o abono, os servidores poderão investir nas compras natalinas e colocar em dia as dívidas que eventualmente possam ter. Assim, ganham os trabalhadores e o nosso comércio, além de termos também o aumento da arrecadação municipal, o que retorna à população em forma de mais obras e serviços”, justificou.
Já o prefeito Victor Coelho (PSB), que está encerrando o segundo mandato consecutivo, concedeu R$ 2 mil a mais de vale-alimentação aos servidores e R$ 1 mil de bonificação aos estagiários. Nessa segunda-feira (23), Coelho apareceu nas redes sociais com chapeuzinho de Papai Noel para anunciar o adiantamento do pagamento dos salários de dezembro dos servidores, e também dos valores das rescisões de quem terá o contrato encerrado em 31 de janeiro.
Segundo o prefeito, houve ainda o cálculo dos valores de progressões e promoções de servidores que estavam atrasados e “deixado dinheiro em caixa para a próxima gestão pagar”. De acordo com a Prefeitura de Cachoeiro, a medida injeta contribui para injetar R$ 66 milhões na economia cachoeirense no fim do ano.
Em Cariacica, o prefeito Euclério Sampaio (MDB) decidiu dar abono de R$ 6 mil apenas aos profissionais da rede de Educação municipal, por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), mas os demais servidores ganharam R$ 1,2 mil a mais de tíquete-alimentação, triplicando o valor. No ano passado, ele disse que não pagaria abono, mas depois, diante das reações, resolveu pagar o tíquete dobrado.
Guerino se redime?
Em Colatina, noroeste do Estado, o prefeito Guerino Balestrassi (MDB), derrotado nas eleições deste ano, decidiu, no apagar das luzes, propor abono de R$ 2 mil aos profissionais do magistério em efetivo exercício nas escolas e na secretaria – incluindo aposentados em 2024, proporcionalmente aos meses trabalhados. O projeto foi protocolado nessa segunda-feira (23) e ainda precisa ser votado.
Atualmente, Balestrassi está em pé de guerra com servidores municipais. Sua gestão cobra que 527 servidores devolvam o Adicional por Tempo de Serviço (ATS) referente ao período de junho a novembro de 2024, alegando que o valor, que totaliza cerca de R$ 70 mil, foi pago indevidamente. Além disso, o magistério da rede municipal de ensino de Colatina foi pego de surpresa com descontos no contracheque, o primeiro de três, que variam de R$ 300,00 até mais de R$ 1 mil. A gestão informa que trata-se de um pagamento indevido do piso salarial de 2023.
Já os servidores ativos da Câmara de Colatina receberam R$ 3,2 mil de abono prêmio e R$ 1,3 mil de auxílio-alimentação extraordinário. No caso dessa última bonificação, os vereadores foram incluídos, mas aposentados e pensionistas ficaram de fora dos dois benefícios.
Veto derrubado e servidores na bronca
Em Aracruz, no litoral norte do Estado, o prefeito reeleito Dr. Coutinho (PP), além de não conceder abono aos servidores do Poder Executivo, tentou vetar a concessão da bonificação aos funcionários do Legislativo. Ele alegou que a legislação veda o aumento de despesas nos 180 dias anteriores ao término do mandato.
Entretanto, o veto foi derrubado pelos vereadores. Inicialmente, o valor concedido seria de R$ 4 mil, mas foi reduzido a R$ 2 mil por meio de uma emenda da vereadora Adriana Guimarães Machado (MDB), com o fim de “equilibrar os gastos públicos”. Todos os servidores ativos até 10 de novembro deste ano tem direito ao benefício.
Já em Linhares, também no litoral norte do Estado, o abono de R$ 3 mil concedido aos servidores da Câmara de Vereadores se estendeu a todos os servidores, incluindo inativos e pensionistas. O prefeito Bruno Marianelli (Republicanos), que perdeu a eleição para Lucas Scaramussa (Podemos), não encaminhou projeto de lei prevendo bonificação para os funcionários do Executivo, o que gerou uma nota crítica publicada em novembro pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Linhares (SISPML).
Os servidores públicos de Vila Velha, na Grande Vitória, também não ficaram nada satisfeitos com o abono salarial no valor de R$ 1 mil para os servidores ativos e aposentados, a ser pago em 15 de janeiro. O anúncio foi feito pelo prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) nessa segunda-feira (23). A insatisfação é ainda maior por causa do aumento de quase 90% no salário do prefeito, do vice e do secretariado, aprovado este mês.
Na capital Vitória, por sua vez, a gestão do prefeito reeleito Lorenzo Pazolini (Republicanos) apresentou projeto, já aprovado na Câmara, para concessão de abono de R$ 1,5 mil aos servidores do Executivo e do Legislativo. O valor, além de ser R$ 1 mil inferior ao do ano passado, só será pago junto com o tíquete-alimentação de janeiro.
Zerados
Em três dos dez municípios mais populosos do Estado, não haverá abono este ano. Em Guarapari, na região metropolitana, os servidores ativos da Câmara de Vereadores ganharam uma bonificação de R$ 600 no início do ano. Mas o prefeito Edson Magalhães (PSDB), finalizando o segundo mandato consecutivo, não ofereceu nada aos funcionários do Executivo municipal.
Na Serra, na região metropolitana do Estado, o prefeito Sérgio Vidigal (PDT), que passará o bastão para o seu pupilo, Weverson Meireles (PDT), alegou que estava impedido pela legislação de conceder abono em ano eleitoral, e que não há dinheiro suficiente no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para beneficiar o magistério.
Em São Mateus, no litoral norte do Estado, tanto os servidores do Executivo quanto os do Legislativo também ficarão sem abono. Em 2025, Marcus da Cozivip (Podemos) assumirá o cargo de prefeito do município no lugar de Daniel da Açaí (PDT).