Comunidade destaca risco de inundação e pede medidas para acesso e proteção
Após as fortes chuvas que atingiram o município de Aracruz, no litoral norte do Estado, nas últimas semanas, a barragem da aldeia indígena Tupinikim Irajá sofreu sérios danos, colocando em risco as comunidades próximas. A estrutura, que já apresentava fragilidades, não suportou o aumento do volume de água, levando ao transbordamento e comprometendo a segurança da região. Além disso, as chuvas tornaram as estradas da aldeia quase intransitáveis, isolando algumas famílias e dificultando a mobilidade.
Diante desse cenário, lideranças estão cobrando soluções urgentes do poder público. Uma reunião foi realizada na última quinta-feira (16) com representantes do mandato do vereador indígena Vilson Jaguareté (PT) e do executivo municipal, sob gestão do prefeito Dr. Coutinho (PP), para apresentar demandas. Entre os participantes estiveram a cacique Marcela Kunhãthãm e o presidente da Associação Indígena da Aldeia Irajá, Bruno Siqueira.
A cacique alertou para os perigos que a situação representa. “A barragem chegou ao ponto de a água passar por cima do nível desde a semana passada, e ela dá acesso a outra barragem próxima a moradias. O perigo é que inunde e invada onde tem casas. A gente pediu para a equipe da prefeitura avaliar a situação, porque precisa de uma estrutura bem forte para que isso não volte a acontecer”, explicou.
Ela enfatizou ainda as dificuldades geradas pelas estradas deterioradas e a necessidade de uma ponte sobre a barragem, para garantir acesso seguro à região. “Principalmente por se tratar de barragem, a gente fica muito preocupado”, relata.
Além de soluções para os problemas da barragem e das estradas intransitáveis devido às chuvas, as lideranças indígenas também abordaram a instalação de energia trifásica na aldeia, necessária para o funcionamento do forno do curso de cerâmica. Segundo Vilson Jaguareté, a demanda foi encaminhada à EDP pelo executivo municipal.
Em relação à necessidade de melhorias nas estradas, ele destacou que foi uma promessa de campanha do prefeito às lideranças indígenas e ressaltou que o mandato se reuniu recentemente com o chefe do executivo municipal, que reafirmou o compromisso de contratar uma patrulha mecanizada, composta por máquinas como patrol, retroescavadeira, rolo compactador e caminhão-pipa.
“Infelizmente, com os dois conjuntos de máquinas que o município tem hoje, não é possível atender todas as aldeias de forma adequada. O prefeito, ao nosso pedido, garantiu que irá contratar esse conjunto completo de máquinas. É um compromisso que esperamos ver cumprido, porque, sem ele, cada forte chuva derrete tudo novamente”, afirmou.
Visita técnica
Nessa sexta-feira (17), a administração municipal enviou uma equipe técnica ao local onde está localizada a barragem comprometida na Aldeia Irajá, com objetivo de avaliar os danos e discutir possíveis ações emergenciais. Durante a inspeção, a equipe identificou que os coletores da barragem não possuem capacidade hidráulica adequada para atender à demanda da lagoa, o que resulta em transbordamentos frequentes durante chuvas intensas.
O secretário de Agricultura, Almir Santos Vianna, acompanhou a visita e reconheceu que a estrutura apresenta fragilidades. Vianna afirmou que será realizado um estudo para dimensionar a seção mais apropriada de bueiro em caráter de urgência para implementar uma solução eficaz e garantir a segurança das comunidades que vivem próximas ao local.
“Estamos estudando a melhor fórmula para garantir a segurança da barragem e o tráfego na crista de forma segura”, afirmou. Ele também informou que, além da situação na Aldeia Irajá, todo o município foi significativamente impactado pelas chuvas recentes, com diversas vias interditadas devido à erosão e outros danos causados pelo volume de água.
Embora a prefeitura tenha assumido compromissos importantes, as lideranças enfatizam a necessidade de ações rápidas e efetivas, acompanhadas de um diálogo constante com a comunidade, pois a situação da barragem e das estradas evidenciou a vulnerabilidade enfrentada pelas comunidades indígenas em períodos de chuvas intensas.
Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, a cacique da aldeia Irajá considera que as medidas adotadas devem não apenas atender às situações emergenciais, mas também garantir o fortalecimento da infraestrutura das comunidades indígenas para proporcionar maior segurança diante de futuros desafios.
