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Atualização do Plano de Manejo de Jacarenema preocupa ambientalistas

Entidades alertam sobre riscos de urbanização do ambiente natural

Reprodução/ PMVV

A Prefeitura de Vila Velha publicou, nessa segunda-feira (20) um aviso de licitação para contratar serviços técnicos para a revisão do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Jacarenema, localizado na Barra do Jucu. Entretanto, ambientalistas que compõem o Comitê Popular de Luta da Região 5 apontam riscos de intensificação dos impactos ambientais, caso não sejam priorizadas a recuperação de áreas degradadas e a preservação ambiental na revisão do documento.

O Plano de Manejo é um documento técnico produzido por uma equipe multiprofissional, responsável por desenvolver um diagnóstico ambiental e sociocultural da unidade de conservação e definir uso territorial para cada uma das zonas propostas no zoneamento planejado. O Parque de Jacarenema tem um plano de manejo, consolidado em 2010.

Para o oceanógrafo Nery Neto, membro do Comitê Popular de Luta da Região 5, a atualização do plano de manejo pode abrir caminho para novos empreendimentos que comprometam ainda mais a integridade do parque. “Há o risco de o planejamento não priorizar a recuperação de áreas degradadas e permitir que áreas de preservação sejam alteradas para atender a interesses privados”, alerta.

O Comitê Popular de Luta da Região 5 tem se posicionado com outros movimentos em defesa da preservação ambiental contra a urbanização provocada pelas intervenções realizadas no parque natural, cujo objetivo primário consiste na conservação do equilíbrio ecológico para as formas de vida que habitam o território.

A entidade divulgou uma nota de repúdio, assinada também pela Comissão de Luta pelo Meio Ambiente e pelo Fórum Popular em Defesa do Meio Ambiente e da Cidadania, no último sábado (18), dia em que a Prefeitura de Vila Velha inaugurou duas estruturas de impacto na unidade de conservação: a nova Ponte da Madalena e uma via de acesso integrada com ciclovia. Apresentado como uma medida para promover a preservação ambiental, o projeto da gestão do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) resultou em desmatamento da restinga, uma área de proteção permanente, além de facilitar a expansão de atividades humanas na área.

Criado em 2003, Parque Natural Municipal de Jacarenema é uma unidade de conservação de proteção integral com 346 hectares, que compreendem a Praia da Barrinha, o costão rochoso do Morro da Concha e o manguezal na foz do Rio Jucu. O local abriga diferentes formações de vegetação de restinga e mata ciliar, além de uma rica biodiversidade que inclui mais de 200 espécies de aves, além de peixes e outros animais, como capivaras, lontras e jiboias. No entanto, enfrenta desafios, como especulação imobiliária e ocupações irregulares.

Para Nery Neto, as obras realizadas no local impactaram o ecossistema do parque, com a fragmentação provocada pelas vias e a pavimentação do solo e o fluxo gerado pela circulação projetada para uma estrada que corta a área de preservação. Outro ponto levantado é o risco de que a revisão do plano de manejo possa facilitar a urbanização do espaço possa servir como base para justificar novos empreendimentos, como o loteamento Costa Nova, já iniciado nas imediações. “Nosso receio é que o parque perca gradualmente sua função ambiental e seja convertido em um espaço urbano degradado”, alerta.

A organização defende que o novo plano de manejo priorize a recuperação de áreas como as das margens da estrada antiga e proponha reflorestamento de zonas afetadas, como previsto no documento anterior, elaborado em 2010. Para mitigar os impactos das intervenções e garantir a preservação do parque, o Comitê Popular de Luta sugere ainda a instalação de guaritas, para controlar o fluxo de visitantes e usos do parque, com foco na educação ambiental e monitoramento científico, além de proibição de iluminação noturna na ciclovia para proteger espécies sensíveis, como tartarugas.

A Prefeitura de Vila Velha foi procurada para comentar sobre as preocupações levantadas pelos movimentos sociais, mas não deu retorno até o fechamento desta matéria.

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