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‘A arte pode estar no cotidiano e nos materiais mais simples’

Artista Fredone abre ateliê para visitações e oficina em Serra Dourada

A Stação Spacial, ateliê e espaço de criação pessoal comandado pelo multiartista Fredone Fone, em Serra Dourada, no município de Serra, abrirá suas portas ao público com uma programação entre este sábado (25) e o próximo dia 31 de janeiro. Haverá uma oficina de colagem no primeiro dia, e nos demais, visitantes poderão conhecer as obras desenvolvidas por ele, além de saber mais sobre a história do lugar em que o artista se formou. 

“Basicamente, a ideia de fazer uma oficina de colagem foi pensar nessa liga, juntar pessoas e todos contribuírem em uma única obra final, feita por muitas mãos, com ideias que vieram de vários lugares”, descreve. A atividade é inspirada no espírito das auto-construções comuns nas periferias, onde muitas vezes elementos vindos de diferentes lugares se combinam ao longo do processo: “uma janela usada, uma porta reaproveitada, uma pia doada”, explica.

Divulgação

A atividade acontecerá das 15h às 17h, aberta para todas as idades, com vagas limitadas e inscrição obrigatória por meio de formulário neste link. De 26 a 31 de janeiro, o público poderá apreciar desenhos, pinturas, colagens, vídeos, som e objetos criados a partir de materiais diversos, como resíduos de construção e confeitaria, reunidos na Stação Spacial. As visitas acontecraão mediante agendamento, também por meio de formulário neste link.

Fredone relata que o ateliê surgiu em 2018, no Centro de Vitória, como um local de produção artística e convivência, com a proposta de ser um espaço que paira e se desloca em diferentes territórios, até mesmo em outros países. A partir de 2021, a estação passou a funcionar em Serra Dourada, bairro onde o artista cresceu, influenciado pelas culturas do skate, do hip-hop e pelas trocas comunitárias. 

“Desde sempre me entendo como uma pessoa coletiva. Na infância, juntávamos madeira para construir trave de futebol ou obstáculos para skate. Isso me fez entender a importância da coletividade, algo presente até hoje”, observa. Ele destaca a importância de referências que também vieram de Serra Dourada, como o skatista Alex Varas e o músico L Brau, um dos fundadores do grupo de rap Suspeitos na Mira.

Pioneiro da cena hip hop dos anos 1990, L Brau abriu as portas de sua casa para outros jovens do bairro terem acesso à cultura hip-hop, aprendendo a rimar, explorar a música rap e trocar ideias sobre arte, livros e vida, sendo um ponto de convergência para a construção de uma identidade coletiva e artística, recorda Fredone. 

Aniversário de Fredone em Serra Dourada, Anos 1980. Foto: Acervo pessoal

Assim como foi acolhido e inspirado por outros, ele busca manter a tradição e oferecer esse tipo de oportunidade em seu espaço. Segundo o artista, a intenção é que as pessoas possam trocar ideias e entender que “a arte pode estar no cotidiano e nos materiais mais simples. Nesses últimos trabalhos, estou usando restos de entulho, fios, arames, forminhas de docinhos e outros materiais que encontro aqui no bairro. Tento trazer esses materiais para fazer algo que se relacione com a minha vivência há mais de 30 anos, algo que eu fazia antes mesmo de pensar em ser artista”, define. 

Fredone é fundador de dois coletivos de grafite, o LDM, que surgiu em 1998, com a ideia de espalhar pixações não autorizadas e realizar eventos culturais, e o La Tinta, criado em 2012, com objetivo de conectar artistas de diversos países da América Latina e promover encontros, bate-papos e pinturas murais. O artista afirma que a dimensão política é central em sua atuação. 

“Meu jeito de ver o mundo foi muito construído a partir do rap, que carrega em si uma orientação política periférica, do skate e da cultura hip hop como um todo. Acredito que o que faço hoje também incentiva outros jovens a se interessarem pelo hip hop e pela política, por mudança no seu bairro e pelo espírito de colaboração. É sobre acreditar na nossa capacidade de transformar o entorno, de fazer a diferença. Muita coisa já mudou através do rap, do skate e do graffiti”, ressalta.

Serviço:

Stação Spacial
Oficina de Colagem (inscrição obrigatória por meio de formulário neste link)
25/01 (sábado): 15h às 17h

Visitação (mediante agendamento, por meio de formulário neste link)
26/01 (domingo): 15h às 18h
28/01 (terça-feira): 9h às 11h
29/01 (quarta-feira): 9h às 11h 
30/01 (quinta-feira): 15h às 18h 
31/01 (sexta-feira): 19h às 21h 

Endereço: enviado para os inscritos após confirmação
Entrada: gratuita

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