Mostra reúne trabalhos criados pelo grafiteiro Basi no transporte coletivo
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A efemeridade da rua, o vai e vem incessante do transporte público, e as nuances do cotidiano deram origem à exposição Basicamente Coletivo, assinada pelo grafiteiro Basi, inaugurada na Casa Cultural 155, em Vila Velha. A mostra reúne um alfabeto desenvolvido pelo artista em meio às viagens de ônibus que realizou ao longo de 2024. As visitações estarão abertas por 30 dias, de quarta a sexta-feira, das 18h às 22h, e aos sábados, das 14h às 18h, com entrada gratuita.
Feito com caneta esferográfica azul sobre sketchbooks, o projeto revela o olhar singular sobre o coletivo e propõe uma reflexão sobre a mobilidade urbana através da caligrafia e a estética do graffiti, pela qual o artista transforma o ato de se deslocar em arte.
A exposição é fruto da imersão de Basi na vivência cotidiana dos coletivos, onde, entre balanços e paradas, sua arte foi tomando forma. “O singular se dá na maneira de olhar o transporte. O singular é basicamente a minha visão diante de todo o meu arredor, que é o coletivo. Assim como o alfabeto, letra com letra, o singular forma o coletivo. O coletivo das letras ao alfabeto é o que eu vou apresentar nesta exposição”, explica o artista. Grafiteiro há 12 anos, ele explica que desenvolveu seu trabalho ligado à tradição surgida em Nova Iorque, nos anos 1990. Basi carrega essa identidade nas letras, em que ressignifica a experiência do deslocamento.
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A curadoria do projeto ficou a cargo do produtor cultural Rayan Brayan, que destaca a riqueza do processo criativo de Basi. “Ele desenvolveu uma caligrafia própria durante suas viagens de ônibus. Além do alfabeto completo, a exposição também traz sequências individuais das letras, um vídeo expositivo e obras que reúne esboços de pessoas e paisagens do percurso”, conta o curador.
A proposta de Basi vai além da estetização do deslocamento. Ele descreve como seu trabalho capta a instabilidade do movimento, o imprevisto das paradas, o caráter transitório de quem passa pelo mesmo espaço sem, necessariamente, interagir. “Esse transitório é muito relacionado à vivência que eu tenho com a rua. A arte de rua tem essa incerteza, assim como a instabilidade do ônibus. O que eu criava era sempre influenciado pelo movimento, pelo balanço do transporte. Nada ali era estático, e essa dinâmica acabou se refletindo na própria composição do alfabeto que desenvolvi”, reflete o artista.
O grafiteito conta que a inspiração veio da tradição do sketchbook dentro do graffiti, utilizado para trocas e registros antes que as pinturas ganhem as paredes e murais das cidades. “A minha prática está sempre ligada ao ato de pintar na rua, de criar letras, grafitar. No decorrer do meu processo criativo, sempre estudei muito dentro do ônibus, com o sketchbook, em vários lugares”, descreve.
A escolha da caneta esferográfica azul também não foi aleatória. “Era algo que eu vinha construindo na identidade do meu caderno. Essa identidade se dá em azul bic”, afirma. O gesto, por mais simples que pareça, reforça a permanência de algo que a rotina insiste em apagar. “A caneta azul bic dá uma unidade ao trabalho e reforça a permanência dessas experiências registradas”, acrescenta.
A exposição também inclui rascunhos e esboços, vídeos de registros do dia a dia no ônibus e poesias que dialogam com a transitoriedade da cidade e as relações entre singular e coletivo. “Acho que quem visitar a exposição vai conseguir identificar muito dessas experiências que são comuns a muitos de nós, mas que nem sempre paramos para observar”, comenta o artista.
Serviço:
Basicamente Coletivo
Visitação: 7 de fevereiro a 7 de março
Casa Cultural 155 (@casacultural155), Avenida Jerônimo Monteiro, 155, Centro de Vila Velha
Entrada gratuita