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PT faz 45 anos com a necessidade de se reerguer no Espírito Santo

Partido teve como melhor resultado em 2024 a votação de Karla Coser em Vitória

CMV

Os deputados estaduais João Coser e Iriny Lopes discursaram na Assembleia Legislativa nessa segunda-feira (10), assim como vereadores nas câmaras municipais, celebrando os 45 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), sigla em que ambos são militantes históricos. Apesar das falas de exaltação à história do partido, os petistas precisam pensar em como se reerguer no Estado após resultados eleitorais inexpressivos nos últimos anos.

Nas eleições municipais de 2024, o PT não conseguiu eleger nenhum prefeito nas 18 cidades capixabas em que teve candidato. Em Vitória, o próprio João Coser perdeu ainda no primeiro turno para Lorenzo Pazolini (Republicanos). Em Cariacica, a derrota de Célia Tavares para Euclério Sampaio (a caminho do União Brasil) foi ainda mais esmagadora, 88,4% contra 9%. Outros candidatos como Roberto Carlos (Serra), João Batista Babá (Vila Velha) e Carlos Casteglione (Cachoeiro de Itapemirim) também ficaram nas últimas colocações.

Mesmo com a presença de Lula na Presidência da República a partir de 2022, o resultado foi ainda menos expressivo do que em 2020, quando o presidente era Jair Bolsonaro (PL). Para efeito de comparação, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), outrora o principal rival dos petistas a nível nacional – mas que agora está à beira da extinção –, conseguiu eleger quatro prefeitos capixabas em 2024.

Com isso, a participação na frente ampla de apoio ao governador Renato Casagrande (PSB) fica diminuída. Hoje, o PT compõe o primeiro escalão do governo estadual com o secretário estadual de Esportes e Lazer, José Carlos Nunes. No passado, de 1995 a 1998, o próprio Casagrande foi o vice de Vitor Buaiz, primeiro e único governador petista do Estado.

As melhores notícias, ainda que escassas, vieram das Câmaras de Vereadores. Karla Coser, filha de João Coser, se reelegeu em Vitória em 2024 com a votação mais expressiva, 7,2 mil votos. O PT também conseguiu mais uma cadeira na Câmara da capital, com Professor Jocelino, além de outras conquistas importantes, como as primeiras mulheres negras eleitas em Cariacica (Açucena); São Mateus, norte do Estado (Professora Valdirene); e Alegre, no sul (Renata Alves).

No que diz respeito às bases sociais, o movimento da ala majoritária do PT nacional cada vez mais à direita, combinado com as dificuldades do partido no plano eleitoral estadual, pode fazer com que novos militantes se sintam mais atraídos por outras siglas da chamada esquerda radical, como Unidade Popular (UP) e Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), que começam a ganhar adeptos no Estado.

Também se discute nos bastidores, a nível nacional, uma possível inclusão de novas siglas para a federação do PT, como o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), o que certamente teria impactos importantes no Espírito Santo.

Perspectivas

Para as eleições de 2026, o desafio será manter, ao menos, os mandatos atuais, dentro do contexto de uma disputa provavelmente acirrada a nível nacional, haja vista a queda de popularidade do presidente Lula. Na Assembleia Legislativa, tanto João Coser quanto Iriny Lopes tiveram votações expressivas em 2022. Na Câmara Federal, Helder Salomão foi o deputado federal mais bem votado, e Jack Rocha também se saiu bem, despontando como uma nova liderança da sigla.

No Senado, a disputa que se desenha para o PT é bem mais difícil. Hoje, o partido conta com Fabiano Contarato, que precisará tentar a reeleição em 2026. Ele se elegeu pela Rede Sustentabilidade em 2018 e migrou para o PT depois. Na verdade, a população capixaba votou no “Delegado Contarato”, e muita gente de direita se mostrou arrependida quando o senador saiu do “armário petista”.

Soma-se a isso um cenário que, provavelmente, terá Renato Casagrande como candidato a senador. Outras figuras cotadas para a disputa apresentam força eleitoral, como o deputado federal bolsonarista Evair de Melo (PP), ou até mesmo o ex-governador Paulo Hartung (a caminho do PSD), que ainda não mostrou de fato o que pretende em 2026.

Também será preciso alinhar o posicionamento do PT em relação à disputa para governador. No caso de uma candidatura própria, Helder Salomão seria o candidato mais cotado. Contarato quis entrar no páreo em 2022, mas foi barrado, devido à aliança fechada com Casagrande.

Antes disso, o PT capixaba se prepara para a disputa interna na direção do partido, que acontecerá no primeiro semestre deste ano. Em 2019, Jack Rocha, da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil, se elegeu com o apoio da corrente Alternativa Socialista, de João Coser, em uma disputa acirrada contra Helder Salomão, da Resistência Socialista. Logo após a derrota eleitoral, Coser iniciou as articulações visando o comando interno do PT no Estado.

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