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‘Se fosse o nosso povo, o camburão estava lá’, diz Jocelino sobre Pazolini

Vereadores de Vitória comentam confusão com prefeito no desfile de Carnaval

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A confusão envolvendo o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), no desfile de Carnaval realizado no Sambão do Povo, na madrugada desse domingo (23), foi comentada por vereadores durante a sessão da Câmara realizada nesta segunda-feira (24). Parlamentares de oposição criticaram o prefeito pela postura no evento, enquanto aliados de Pazolini buscaram repudiar a violência, mas evitando defendê-lo de forma enfática.

“Se fosse o nosso povo, o camburão estava lá, o desfile ia ser até parado por conta de confusão. Mas, com autoridades públicas envolvidas em confusão no meio do desfile do Sambão do Povo, agentes da Prefeitura e do Governo do Estado…é lamentável que essa situação tenha acontecido”, afirmou Professor Jocelino (PT), acrescentando que o destaque do Carnaval teria que ser dado às comunidades e escolas.

Ana Paula Rocha (Psol) e Karla Coser (PT), por sua vez, criticaram a presença do prefeito na avenida no momento em que o desfile estava acontecendo, por atrapalhar a evolução da escola Mocidade Unida da Glória (MUG). Rocha também pediu que o repúdio à violência se estenda às comunidades periféricas que diariamente sofrem com a repressão policial.

“Quem é do Carnaval sabe que qualquer corpo estranho ao desfile, que esteja no ambiente do Sambão, na praça do desfile, na avenida, atrapalha a evolução da escola, tanto que a gente pode ver nos vídeos o desespero da harmonia da MUG para garantir o desfile da escola. Então não dá pra gente querer aqui inaugurar a lacração como método de governo”, comentou.

Karla Coser também questionou a razão de Pazolini ter tido a iniciativa de filmar uma suposta agressão a uma mulher, em vez de acionar a segurança, e questionou qual será o destino das filmagens feitas pelo prefeito. “O protagonismo tem que ser das escolas, e não de quem quer arrumar confusão e quer ser maior do que o outro”, discursou.

O vereador bolsonarista Armandinho Fontoura (PL), por sua vez, afirmou que foi atrás do Boletim de Ocorrência (BO) e de outras filmagens sobre o ocorrido. Mostrando imagens do coronel da Polícia Militar envolvido na confusão, Sérgio Luiz Anechini, ele afirmou que o tumulto ocorreu porque o agente estava armado, mesmo fora de serviço, e acrescentou que encaminharia um projeto de lei para proibir o uso de armas de fogo em eventos públicos – apesar de o bolsonarismo ser reconhecidamente defensor do armamento da população.

O presidente da Câmara de Vereadores, Anderson Goggi (Goggi), aliado de Pazolini, defendeu que a Casa repudia “qualquer tipo de agressão”, e criticou quem, em sua visão, só quer “falar de um fato isolado que não deveria acontecer”, parabenizando o Governo do Estado e a Prefeitura de Vitória pela organização do Carnaval.

Já o vereador Baiano do Salão (Podemos) defendeu que o prefeito “foi vítima de uma agressão mesmo sem ter feito nada de errado”. Em resposta à proposta de Armandinho Fontoura, destacou que o Estatuto do Desarmamento já veda o uso de arma de fogo por agentes de segurança fora do período de serviço. “Qual foi o crime do prefeito? O prefeito foi vítima da violência. Que crime tem em filmar em espaço público?”, acrescentou.

Aylton Dadalto (Republicanos), do mesmo partido de Pazolini, opinou que, “se for comprovado o relato da Segurança, devemos repudiar a violência contra a mulher”. Já Dárcio Bacarense (PL) disse que preferia “esperar apuração” do caso envolvendo o prefeito e um militar, mas criticou a postura de dos dois protagonistas do episódio.

“Eu só lamento, eu acho que o prefeito, se ele viu uma situação irregular, ele não precisava puxar o celular pra filmar, só chamar alguém pra tomar conta. E assim também o coronel de tomar o celular [da mão do prefeito]”, comentou.

Bruno Malias (PSB), por sua vez, se limitou a dizer que é “contra todo tipo de violência”, mas que, “existem várias dúvidas [sobre o episódio], e que as dúvidas sejam apuradas pelas pessoas competentes”.

A confusão

Vídeos compartilhados nas redes sociais desde a madrugada de domingo mostram o prefeito de Vitória em uma confusão envolvendo um outro homem, que depois foi identificado como Sérgio Luiz Anechini, subsecretário da Casa Militar do Governo do Estado.

Um dos vídeos mostra Lorenzo Pazolini utilizando o celular para filmar o coronel, que estava vestido com trajes civis. Anechini, então, pede para que o prefeito se aproxime, e em seguida toma o celular da mão dele. No meio da confusão que se forma, uma mulher, que seria esposa do PM, bate em Pazolini com um pano branco e o prefeito cai no chão com a mão no rosto.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Vitória enviou nota à imprensa estadual e nacional dizendo que o prefeito decidiu filmar o oficial porque ele estava agredindo uma mulher e portava uma arma na cintura em local visível.

Anechini, de acordo com a CNN Brasil, alegou que foi impedido de entrar em uma área restrita mesmo tendo credencial, o que gerou um entrevero com um segurança, homem. O pano branco na mão da mulher que bateu em Pazolini seria uma camisa rasgada na confusão.

“Eu tento conversar com ele, e ele se nega a conversar. Eu pego o celular da mão dele, e aí eu sou imobilizado com golpe de mata-leão. Os vídeos mostram que em nenhum momento eu esbocei reação. Eu fui vítima, eu fui agredido”, disse Anechini à CNN Brasil.

Por envolver um agente que atua na gestão do governo Renato Casagrande (PSB) e o prefeito de Vitória, opositor do governo estadual e pré-candidato a governador, a confusão ganha um ingrediente político a mais.

O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), aliado de Casagrande e um dos cotados para ser candidato a governador de situação em 2026, também fez postagem nas redes sociais no mesmo dia da confusão, registrando sua passagem pelo Sambão do Povo, acrescentando uma frase que soa como ironia ao prefeito adversário: “Aqui, a gente só espalha amor e emoção.”

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