Família do jovem assassinado na Rua da Lama pede justiça
A família do jovem Breno Rezende de Carvalho, 25 anos, assassinado na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória, nesse sábado (15), concedeu entrevista à imprensa na manhã desta quarta-feira (19), na Polícia Civil (PC). O tio da vítima, Max Célio de Carvalho, afirmou que a família quer “justiça, e não vingança”, e se queixou do fato de a imprensa chamar o assassino, Vilson Luiz Ballan, dono do bar Sofá da Hebe, de empresário.
“Para a gente é agressivo ver em algumas matérias chamando ele de empresário. Ele é um bandido, marginal, dono de um bar. Precisa começar a dar essa cara para ele”, apontou Max.
A família conversou com a imprensa após diálogo com o delegado geral da Polícia Civil (PC), José Darcy Arruda; o chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), Ricardo Almeida; e o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, Ramiro Pereira Diniz.

A PC informou que a apresentação do assassino junto à polícia, ocorrida nessa terça-feira (18), foi efetivada mediante um acordo. “Percebendo que o cerco estava fechando, que não tinha como fugir, que onde ele fosse ia ser preso, a defesa, então, entrou em contato com a DHPP e fez um acordo de apresentação, e ele se entregou. Foi cumprido o mandado de prisão temporária”, informou Ramiro.
O acordo, afirma, contemplava a não exposição de Vilson, por exemplo, por meio da divulgação de suas fotos por parte da PC. Para cumprir o acordo, a corporação também transportou o assassino da DHPP para o Instituto Médico Legal (IML) em uma viatura descaracterizada para não chamar atenção da imprensa. Quanto ao mandado de prisão temporária, Ramiro explicou que é comum solicitá-lo, em vez da prisão preventiva, em casos de “crimes hediondos ou equiparados”.
De acordo com Ramiro, a prisão temporária possibilita que a pessoa fique presa por 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para a conclusão do inquérito. Na preventiva, o prazo para a conclusão é de 10 dias, prorrogável por mais 10, portanto, bem menor. O delegado informou, ainda, que o mandado de prisão de Vilson foi expedido na manhã do último domingo (16) e que o carro usado na fuga foi encontrado na casa do irmão do assassino, com a faca utilizada no crime dentro dele.
O irmão, proprietário do bar Caldeirão, também na Rua da Lama, foi ouvido, segundo Ramiro, mas os detalhados do depoimento não foram divulgados. Segundo Darcy Arruda, se for constatado que outras pessoas estão envolvidas no crime, serão indiciadas e presas. Se condenado, a pena para Vilson, acredita o delegado-geral da Polícia Civil, será de cerca de 40 anos por homicídio duplamente ou triplamente qualificado, já que a motivação do crime, conforme afirmou, foi fútil e não houve direito à defesa por parte da vítima.
O caso
Segundo testemunhas, Breno estava no Sofá da Hebe com amigos quando foi abordado por Vilson, que o acusou de não ter pago uma conta no valor de R$ 16,00. Teria, então, começado uma discussão, já que, de acordo com os presentes, a vítima tinha pago. Posteriormente, Breno foi para outro bar com os amigos, mas Vilson, já armado com uma faca, foi até lá e o assassinou.
O criminoso, que tem passagem pela Polícia por posse de armas e drogas e por desacato, teria fugido do local em um carro branco, no banco do carona, portanto, com outra pessoa dirigindo.
“Dá um pouco de alívio saber que está preso, que vai pagar pelo que fez. Não é fácil, falo por mim, que sou pai. Registrei meu filho, certidão de nascimento, e tive que reconhecer a morte do meu filho na certidão de óbito”, desabafou o pai de Breno, Eduardo de Carvalho.

O crime causou comoção social e, inclusive, foi realizado um protesto em frente ao Sofá da Hebe nessa segunda-feira (17). “É uma dor que não tem reparação, mas esses movimentos de apoio, de manifestação de carinho ao Breno, trazem um pouco de alento ao coração por saber que nosso menino, em pouco tempo de vida, conseguiu construir essa rede de afeto, de carinho, de amor”, diz Max.

O Caldeirão, bar do irmão de Vilson, continuou a funcionar após o assassinato, fechando somente diante dos protestos. “Acho isso uma afronta, uma irresponsabilidade, uma demonstração de indiferença. Se a família não estiver envolvida [no crime], ela também é vítima, pois afeta elas também, mas isso [o não fechamento do bar] mostra que não têm noção do que é ser uma pessoa do bem”, aponta Max.