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Prefeito quer ampliar área de plantios de eucalipto em Montanha

Depois de arrendar fazendas do Grupo Simão em Montanha, extremo norte do Estado, para expandir seus plantios de eucalipto, a Aracruz Celulose (Fibria) articulou com o prefeito Ricardo Favarato (PMN) a elaboração de um projeto de lei que permite aumentar a área plantada da monocultura no município de 15% para 25%. A matéria já tem o apoio da maioria dos vereadores e seria votada nessa quarta-feira (4) na Câmara. Mas uma mobilização de 500 integrantes da Via Campesina suspendeu a sessão. 
 
O objetivo principal do movimento era realizar uma audiência com Favarato, mas os camponeses encontraram a prefeitura fechada em pleno horário de expediente, com a entrada protegida por uma barreira de policiais militares.
 
Para alertar os moradores de Montanha, a Via Campesina percorreu em marcha os bairros do município debatendo sobre os impactos gerados pela monocultura e o agronegócio. Segundo a entidade, Montanha tem um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, reflexo da presença do latifúndio.
 
 

O ato se encerrou em frente ao Fórum de Montanha, onde tramitam denúncias de descaso e perseguição contra os assentados da região. Eles relatam pressão da Justiça, da polícia e do próprio Grupo Simão contra os camponeses. 
 
A Via Campesina considera a mudança da lei municipal um ataque brutal ao campesinato, com único objetivo favorecer as empresas de celulose e os grandes fazendeiros que arrendam suas terras para o plantio de eucalipto. A entidade anuncia que irá realizar outras ações ainda este mês, como uma audiência pública no município vizinho de Ecoporanga, que também sofre os impactos da monocultura da Aracruz Celulose.
 
“Nós seguiremos em marcha, não podemos negar nosso compromisso histórico com a luta, essa região é marcada pelo coronelismo, mas também é marcada pela luta do povo”, ressaltou Dione Albani, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
 
Além da Aracruz, que arrendou mais de 17 mil hectares do Grupo Simão em Montanha, Pinheiros, Ponto Belo e Mucurici, a Suzano Papel e Celulose também pretende expandir seus plantios para a região. Para isso, arrendou 14 fazendas, com área de plantio de seis mil hectares.

A região já enfrenta graves impactos decorrentes da monocultura do eucalipto e ainda da pecuária extensiva. No município de Montanha é constante a escassez de água, tanto nas comunidades rurais como nas urbanas. Outro problema é o desmatamento e uso intensivo de agrotóxicos, que contamina o solo e gera doenças aos trabalhadores. 

 
Os projetos estão em processo de licenciamento no Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado (Idaf). Órgão que, segundo os camponeses, é cúmplice do agronegócio.

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