Espaço será inaugurado ainda em abril, segundo ativista Deborah Sabará
Em vídeo publicado na internet, a ativista Deborah Sabará mostrou o espaço da futura Cozinha Solidária que está sendo construída pela Associação Gold no Centro de Vitória. Já nos acabamentos finais, o local deve ser inaugurado no fim de abril, com previsão para o dia 28 ou 29, para um “chá de cozinha nova”, contando com um almoço ou jantar a ser servido na ocasião.
Segundo a coordenadora de projetos da Associação Gold, a cozinha segue as normas de uma cozinha industrial com acabamento em cerâmicas, caixa de esgoto, tomadas e outras exigências. Devido aos poucos recursos disponíveis, a entidade lançou uma campanha de doações de panelas, pratos, talheres e utensílios de cozinha, novos ou usados e em bom estado, para ajudar a equipar o espaço. As doações podem ser levadas diretamente na sede da entidade, na sala 202 do Edifício Alexandre Buaiz, localizado na Avenida Presidente Florentino Avidos, próximo ao Palácio Anchieta, no Centro de Vitória. Quem preferir realizar doações em dinheiro pode enviar Pix para 2799956-6004.
A iniciativa de construção da Cozinha Solidária surgiu a partir de um edital do Fundo Positivo com foco em projeto de Justiça Climática voltado a mulheres travestis e transexuais. “Pensamos em algo que pudesse ter um impacto significativo e que fosse permanente. Quando acontece alguma tragédia, desmoronamento, enchentes, muitas famílias ficam sem conseguir acessar as refeições. A cozinha nasce com a ideia de ter alimentos em casos de tragédias climáticas, a gente desenvolveu o trabalho neste sentido”, explica Debora Sabarah.
Com a estrutura quase pronta, a associação busca novos parceiros para poder ampliar ainda mais a proposta. “A gente precisa estabelecer estrutura políticas a partir dos movimentos sociais. Pensar que o planeta vai sofrer com as mudanças climáticas e essas tragédias atingem a população mais vulnerável, que vai continuar precisando inclusive de alimentos. Precisamos estar preparados caso isso aconteça”.
Além de servir alimentação para pessoas trans e travestis, a proposta é conseguir parcerias para atender a população LGBTQIAPN+ como um todo e também o público geral. Atualmente, a Gold já possui parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por meio da qual recebe alimentos quinzenalmente para redistribuir ao público-alvo da organização que se encontra em situação de vulnerabilidade.
A Cozinha Solidária ainda é vista como um espaço que pode servir para projetos de culinária, reaproveitamento de alimentos e formação de pessoas para empregabilidade e renda, como cursos de garçom, chapeiro e empreendedorismo na área gastronômica.
A localização do equipamento é no Edifício Murad, vizinho à sede da entidade e mesmo prédio onde funciona a Casa Gold, que vem recebendo eventos culturais. “Queremos uma casa que sirva de estrutura para os movimentos sociais, pois muitos grupos e coletivos às vezes não conseguem se reunir, ter um lugar de encontro com boa localização, tendo inclusive uma cozinha à disposição para preparar alimentos durante as atividades”.
Deborah considera que a Cozinha Solidária é um passo a mais para contribuir com a inauguração da primeira casa de acolhimento para pessoas LGBTQIAPN+ no Espírito Santo, um sonho antigo da Gold, que deve funcionar no mesmo edifício. “Há uma necessidade grande, porque as demandas chegam para nós e não temos como ajudar. Recebemos contato recentemente de um hospital precisando de um abrigo para uma pessoa LGBT, recebemos solicitação de uma companheira dizendo que foi despejada por falta de condições de pagar o aluguel e não ter para onde ir. A gente não consegue dar conta na Gold e, infelizmente, não existem políticas com esse foco”.