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Tapete vermelho

Nada será capaz de apagar o que a Assembleia Legislativa sempre fez – e ainda faz -em favor das poluidoras do Estado, principalmente aquelas que os capixabas já estão carecas de conhecer, Vale, ArcelorMittal, Usiminas e companhia ilimitada, com suas audiências públicas que resultam em um festival de gentilezas e corporativismo. A série da vez é regida pelo próprio proponente, o veterano, calejado e simpático deputado estadual Claudio Vereza, do PT. Um verdadeiro presente dos deuses. 

Século Diário não chega a dizer que Vereza esteja comprometido. Mas não pode deixar de questioná-lo quando, fugindo a inúmeras atitudes de combate à poluição do ar, tenha se colocado contra a CPI do Pó Preto. Uma CPI que dificilmente não revelaria em sua plenitude os crimes ambientais dessas poderosas transnacionais que, literalmente, destroem vidas no Espírito Santo. 

Embora insista que esse é o melhor caminho, o deputado petista não convence. Essas audiências com ele no comando não têm qualquer poder punitivo, servem apenas para um desfile de cúmplices das poluidoras, com o papel de lustrar bem a imagem delas, para que possam continuar como estão: posando de desenvolvimentistas e criadoras de emprego, quando na verdade os empregos são ínfimos, dada a condição de serem meras indústrias de semielaborado. Ainda por cima, sequer pagam ICMS, imposto motor da vida do Estado.

Basta ver a claque dos secretários municipais de Meio Ambiente que lá estiveram nessa quarta-feira (2),  numa ostensiva posição em favor de seus aliados. Não faltou o de Vitória, onde a poluição atmosférica é maior que as demais.

Salta aos olhos a forma da seleção dos encontros. Nessa última – outras virão -, Vereza conduzia com se fosse uma luta entre David e Golias, com as entidades ambientalistas enfrentando os enviados das poluidoras e o poder público. 

O mais grave, entretanto,  ainda está por vir. A próxima audiência será toda destinada às empresas poluidoras. E tome mais palanque para o show. Só uma perguntinha: onde o deputado estava com a cabeça? Tem que ter muito estômago para aguentar. E ouvir. 

Em meio a tantos absurdos, a única salvação é o papel que tem desempenhado os representantes dos movimentos sociais. Pois se não fossem eles, com seus contundentes questionamentos e disposição de encarar as poluidoras, o circo estaria armado de vez. 

O que acontece hoje no Espírito Santo, o naturalista capixaba Augusto Ruschi previu lá atrás, com a chegada das empresas, ainda nos anos 60. E sob intenso tiroteio da imprensa. A mesma imprensa que continua acoitando esses criminosos ecológicos. Soltos, porque esse País não ouviu Ruschi na sua proposta de um Tribunal para julgá-los.

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