O líder comunitário de Paul, Paulo Cezar Froes, denunciou nesta segunda-feira (7), na tribuna popular da Assembleia Legislativa, que a empresa Liquiport, que possui tanques de armazenamento de combustível na região e pretende construir outros 10, se instalou na região sob a omissão do poder público. Segundo ele, com 63 mil habitantes, a Grande Paul está abandonada.
“Encontramos muitas barreiras para lutar contra os tanques e hoje a população vive com agonia e medo, à mercê de mentiras contadas pela empresa. Ela nos passa falsa segurança, e diz que se acontecer um acidente, a fumaça não é toxica. Está mentindo! Quer que a população aceite a crueldade que está se fazendo ali”, ressaltou ele
De acordo com ele, a empresa já chegou à região aterrando áreas, obrigando os moradores a conviver com tanques de armazenamento de seis milhões de litros de combustível, muito próximos às residências. “A população abre a janela e dá de cara com os tanques. Conhecemos os casos de acidente, lá já ocorreu um na década de 70, e até hoje tem ferro retorcido do desastre”, contou.
Ao todo, nove tanques já foram implantados no Morro do Atalaia e o líder comunitário ressaltou que a comunidade sempre lutou contra os licenciamentos do empreendimento. “A empresa apostou na impunidade. Na audiência pública para discutir o problema, na última semana, o presidente do Iema [Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos] sequer compareceu. Não fomos nós, mas sim os órgãos competentes que permitiram esses tanques lá até hoje”, denunciou. Froes cobrou a retirada imediata dos tanques e mais atenção com o bairro, que sofre com fortes alagamentos e falta de equipamentos de lazer.
Além da Liquiport, ele denunciou um aterro feito pela Codesa, que não tem saída para a água. “Durante as chuvas, não tem comércio que fique aberto”. Entre os tanques que a Liquiport pretende construir na região, alguns ficam a cinco metros da Igreja Católica e a dez metros de uma creche. O líder comunitário sugeriu que os tanques sejam transferidos para a área do antigo presídio de Vila Velha.
O deputado estadual Euclério Sampaio (PDT) afirmou que não admitirá um novo estudo sobre o empreendimento. Segundo ele, um novo estudo só viria para justificar o empreendimento, e não para proteger a comunidade.
Já o deputado Jose Esmeraldo (PMDB ) ressaltou a covardia do Iema por não enviar representante ao debate com a comunidade. “Esse quantitativo de tanques são bombas que podem atingir não só Paul, mas toda a região”, disse o parlamentar.