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‘Corremos risco de ter esgoto lançado no mar e nos mananciais sem tratamento’

Após demissões, oficina eletromecânica da Cesan paralisou. Trabalhadores acampam em frente à estatal pela reintegração

Teve início, na tarde desta terça-feira (10), um acampamento de trabalhadores da Carraro Engenharia, em frente à sede da Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), em Jardim Limoeiro, Serra. A motivação foi a demissão de onze funcionários e o fato de a empresa não atender às reivindicações da categoria. A realização do acampamento foi aprovada em assembleia nessa segunda-feira (9), assim como a deflagração de uma greve, que começa nesta sexta-feira (13).

“A oficina eletromecânica está parada. Qualquer pane que tenha no sistema de água e esgoto da Grande Vitória, a Cesan vai ter dificuldade de recolocar água na casa das pessoas, de tratar esgoto. A gente corre risco de ter esgoto lançado no mar, nos mananciais, sem tratamento, por irresponsabilidade de uma empresa que demitiu 11 trabalhadores por estarem dialogando sobre melhores condições de trabalho”, diz a diretora de Finanças do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Espírito Santo (Sindaema), Wanusa Santos Correa.

Leonardo Sá

Caso a empresa não abra diálogo, os trabalhadores irão ficar no acampamento até esta quinta-feira (12), véspera da greve. A Carraro tem 86 funcionários e mantém, com a Cesan, contrato emergencial de seis meses para prestação de serviços de eletromecânica. Atende 31 municípios capixabas, entre eles os da Grande Vitória, norte e noroeste.

O presidente do sindicato, Fábio Giori, relata que quando a empresa assumiu o contrato temporário, em 2021, reduziu salários e benefícios e retirou o plano de saúde. Os trabalhadores reivindicam equiparação salarial com a empresa Tubomills, que também presta serviço para a Cesan, com atividades análogas às da Carraro, mas oferece uma remuneração melhor. Além disso, querem que o ticket alimentação suba de R$ 170,00 para R$ 250,00, e o ticket refeição, que é de R$ 18,00 por refeição, para R$ 25,00.

Leonardo Sá

Quanto ao plano de saúde, como o contrato temporário firmado entre a empresa e a Cesan é de um semestre, eles pedem um auxílio saúde de R$ 400,00, já que muitos serviços dos planos têm carência de seis meses. “A Carraro, uma empresa de São Paulo, não fez contrato [com a Cesan] de acordo com as condições salariais do mercado capixaba”, destaca Wanusa.

O sindicato vinha negociando com a Carraro, mas na última sexta-feira (6), o mecânico industrial Olienay Nascimento Cardoso foi chamado no Departamento de Recursos Humanos e demitido. A medida causou indignação e um grupo adentrou a sala em protesto, o que os fez também perder seus empregos. Ele conta que, quando a atual gestão do sindicato, que assumiu em janeiro último, procurou a empresa para manifestar o desagrado dos trabalhadores com o acordo coletivo feito no ano anterior, a Carraro falou que os empregados haviam aceitado as condições colocadas.
Leonardo Sá

Entretanto, afirma Olienay, as cláusulas não foram discutidas com os funcionários. O que aconteceu, prossegue, foi que a gestão anterior do Sindaema foi até a empresa e, em um encontro do qual também participaram representantes dos patrões, a diretoria apresentou a entidade para os trabalhadores, que eram recém-chegados, e passou uma lista de presença, que está sendo usada como uma concordância por parte dos trabalhadores em relação ao Acordo Coletivo.

Wanusa afirma que há uma “insatisfação generalizada com o acordo coletivo”. “A reivindicação é justa e vamos negociar com a empresa até o fim pela reintegração e por melhores condições de salário”, enfatiza.

A dirigente sindical informa que, durante a greve, os trabalhadores irão fazer piquetes nas bases da empresa, que são em Carapina e Novo Horizonte, na Serra; Aracruz, no norte; e Nova Venécia e Barra de São Francisco, noroeste do Estado.

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