Vereadoras Karla Coser e Camila Valadão denunciaram a “intransigência” da gestão de Pazolini
O acampamento da ocupação Chico Prego, em frente à Prefeitura de Vitória, completou 100 dias sem que em nenhum momento a gestão de Lorenzo Pazolini (Republicanos) dialogasse com as mais de 30 famílias que lá se encontram. Na sessão desta segunda-feira (18) da Câmara Municipal, as vereadoras Camila Valadão (Psol) e Karla Coser (PT) denunciaram a falta de diálogo por parte do gestor e cobraram providências.
Camila Valadão afirmou se tratar de “100 dias de descaso, 100 dias de vergonha”, pois “o prefeito, a partir da sua administração, nega a essas famílias o direito fundamental, o direito básico à habitação”. Ela destacou que há 100 dias “crianças estão acampadas no frio por descaso da gestão municipal”, além de que “a cidade acompanha a intransigência, a falta de diálogo e o compromisso zero com essa questão no que diz respeito às pautas municipais”.
A alegação da gestão, segundo Karla, é de que as famílias não estavam mais na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Irmã Jacinta, no Morro do Romão. A vereadora recordou que o argumento para o não início das obras de reforma da unidade de ensino era a ocupação, mas, de acordo com ela, mesmo com a saída das famílias, “as obras estão muito atrasadas”.
A vereadora salientou que o “Ministério Público, OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], e a Defensoria Pública “estão se envolvendo”, sendo “inaceitável que a gente permaneça calmo com trinta e poucas pessoas e diversas crianças morando em frente à prefeitura”. Karla terminou sua fala lembrando que Pazolini é delegado da Criança e do Adolescente, por isso, “precisa ter mais sensibilidade nesse sentido”.
As famílias se revezavam entre a ocupação e o acampamento em frente à prefeitura, montado para reivindicar o cumprimento da decisão judicial de encaminhá-las para um abrigo e que ainda vigora. Contudo, no 22º dia de acampamento, foram despejadas do colégio depois de a gestão municipal inflamar a comunidade contra as famílias, após várias tentativas fracassadas de retirá-las do espaço de maneira ilegal.
Acionada, a DPES foi imediatamente à escola. “A ação é ilegal, pois descumpre os temos de uma determinação judicial que garante os direitos dos ocupantes do local”, informou, embasada na sentença emitida no início de março. Quando essa sentença foi proferida, a coordenação estadual do MNLM divulgou nota afirmando que a prefeitura não teria capacidade de cumpri-la, já que, atualmente, não há vagas suficientes nos abrigos municipais.
Na véspera dessa ação ilegal, a prefeitura já havia enviado guardas da Romu para a escola. Segundo os ocupantes, os guardas fizeram muitas fotos e alegaram estarem fazendo “um levantamento”, mas sem informar o objetivo. Assustadas, as três famílias que estavam na escola chamaram ajuda das demais, que estão acampadas em frente à sede da prefeitura, na Avenida Beira-Mar.