A abertura de uma calha na área da Reserva Natural Jacarenema não irá solucionar o problema das famílias inundadas em Guaranhuns. A avaliação é de Petrus Lopes, do Instituto Jacarenema. Ele também advertiu que as obras emergenciais da Prefeitura de Vila Velha configuram crime ambiental. O ambientalista ressaltou que as máquinas da prefeitura estão devastando uma grande quantidade de vegetação de restinga para cavar o canal.
As críticas do ambientalista às ações desesperadas do prefeito Rodney Miranda (DEM) foram mal recebidas pela equipe da prefeitura. Houve uma discussão mais acalorada entre o Petrus Lopes e o secretário de Meio Ambiente de Vila Velha, Jader Mutzig. Até a Polícia Militar esteve no local para esfriar os ânimos.
Petrus esteve no local procurando um responsável pela obra. Ele queria saber mais detalhes sobre a intervenção. Funcionários que trabalhavam no local disseram que não havia engenheiro, nem outro profissional responsável para sanar as dúvidas do ambienatlista. “Foram falando que não tinham ninguém [para dar informação], então disse que iria anotar as placas das máquinas para denunciar e eles acabaram indo embora. Logo depois chegaram duas motos da PM e vinte minutos depois uma viatura com policiais com metralhadoras na mão perguntando quem era o ambientalista que mandou parar as máquinas”, contou.
“Tentaram me coagir. A polícia veio atrás do ambientalista que parou as máquinas e o secretário chegou a ficar cara a cara comigo, mas a discussão não teve andamento. Fui embora”, disse Petrus.
Nas redes sociais o protesto do ambientalista ganhou repercussão. De acordo com a declaração do professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fábio Malini, depois que a imprensa, Petrus e outras lideranças comunitárias deixaram o local, o secretário de Meio Ambiente, após mandar as máquinas retomarem o serviço, teria feito o seguinte comentário com os trabalhadores: “Se der errado, deu”.
Críticas
Para o ambientalista Petrus Lopes, o prefeito está cometendo um desastre ambiental. “A primeira calha não funcionou e agora estão corrigindo. Para isso, vão tirar mais 15 metros de vegetação. Ao cobrar um responsável pela obra fui informado que não havia”.
Segundo ele, a projeção da calha foi desenhada com a boca paralela à vazão do rio, ou seja, a água passa por ela e não entra no canal. Na opinião do ambientalista, a calha, se necessária, deveria ter sido feita na diagonal.
Ele acrescenta que falta ao município maior conhecimento científico sobre a capacidade hidrológica e sobre o controle do excedente de água na região. “O conhecimento está ai, é preciso interpretá-lo. Já acionei o Estado, a própria prefeitura, o Iema e a imprensa. O que estão cometendo aqui é um desastre ambiental”, completou Petrus.
Segundo ele, uma das possibilidades seria dragar o Rio Jucu. A medida vem sendo discutida pela Prefeitura de Vila Velha, mas até agora nenhuma decisão foi tomada neste sentido.
Outra alternativa, tratando-se de um caso emergencial, seria o aluguel de bombas de grande capacidade . Petrus estima que a operação exigiria 15 bombas instaladas no dique do Jucu. Isso resolveria o problema em cerca de 42 horas. Outra medida, continua o ambientalista, seria a ligação do antigo Rio da Costa com o Rio Jucu, seu dreno natural.
Já para uma solução em longo prazo, o Instituto Jacarenema defende a construção de uma barragem na região de Pedra Mulata para reter e gerir a vazão do rio. A medida, defende o ambientalista, também geraria energia elétrica.
Outra solução seria a instalação de caixas secas com sistemas hidráulicos nos bairros que estão abaixo do nível do mar em Vila Velha, implantação de estações elevatórias de água e estações de bombeamento e de comportas.