Depois da segunda manifestação dos rodoviários na manhã desta terça-feira (19), foi marcada para às 17h a audiência entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado (Sindirodoviários), Justiça do Trabalho, Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Governo do Estado e empresas de ônibus para discutir o decreto que suspende as atividades dos cobradores do Sistema Transcol durante 60 dias.
Segundo o diretor do Sindirodoviários, Jean Carlos Gomes da Silva, os trabalhadores esperam que a audiência resulte em bons resultados para a categoria, com a suspensão do decreto. Ele destaca, ainda que, outra opção, é a garantia de estabilidade dos cobradores após os 60 dias.
Entretanto, Jean demonstra não ter muita confiança nesta última, caso seja acordada. “Quando colocaram os ônibus com ar-condicionado para circular, disseram que os cobradores teriam estabilidade até 2022, mas não cumpriram. Vários já foram demitidos”, recorda o diretor do Sindirodoviários.
Na manifestação da manhã desta terça-feira (19), os rodoviários se concentraram às 6h, na Praça de Jucutuquara, em Vitória, de onde saíram a pé, seguidos por diversos ônibus em comboio até a Praça Oito, no Centro.
O protesto ocorreu diante da falta de respostas sobre o horário da audiência que ocorreria nesta terça-feira. A realização desta havia sido confirmada após a manifestação feita pelos trabalhadores nessa segunda (18), mas o horário não foi repassado para a categoria, que esperou por essa informação até às 22h, motivando o novo protesto.
O decreto que suspende as atividades dos cobradores foi anunciado pelo governador Renato Casagrande (PSB) no dia 13 de maio e entrou em vigor no último domingo (17). O governo alega que é para evitar o contágio da Covid-19 por meio do pagamento da passagem em dinheiro, cabendo aos usuários usar somente o Cartão GV.
De acordo com Jean, parte dos cobradores será afastada por 60 dias e outros terão sua carga horária reduzida, atuando na venda de cartões nos terminais e dentro dos ônibus. O sindicato afirma que isso é desvio de função e que não há garantias de que os cobradores não serão dispensados após os 60 dias. O Sindirodoviários acredita que o decreto é uma forma de fazer com que todos passageiros adquiram o cartão. Assim, afirma, não será necessária a presença dos cobradores, permanecendo somente a bilhetagem eletrônica.
Quanto ao argumento do Governo do Estado sobre o não manuseio do dinheiro em prevenção à Covid-19, a entidade afirma que os cobradores que irão vender os cartões nos terminais também terão que ter contato com dinheiro, assim como os clientes, na venda desse produto. Nos ônibus municipais, como os de Vila Velha e Vitória, a atuação dos cobradores prossegue, o que para a categoria, demonstra que, de fato, a ideia do Governo do Estado é dispensar os cobradores depois.