Os trabalhadores dos Correios do Espírito Santo descartaram a possibilidade de greve para a próxima semana, conforme deliberação feita em assembleia da categoria nessa quarta-feira (10). Os funcionários da estatal se queixavam de excesso de trabalho, inclusive aos sábados, domingos e feriados. A empresa se comprometeu a fazer um rodízio nas convocações a partir do primeiro final de semana após o feriado de 15 novembro.
A possibilidade de iniciar a paralisação foi anunciada à estatal por meio de ofício encaminhado em 29 de outubro, no qual o Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Correios, Prestação de Serviços Postais, Telégrafos, Encomendas e Similares do Espírito (Sintect/ES) deu um prazo até essa quarta-feira para que a empresa se posicionasse sobre a reivindicação da categoria.
O presidente do sindicato no Estado, Antônio Braga, informa que, além do rodízio, pois os mesmos funcionários tinham que trabalhar aos finais de semana e feriados, as convocações serão feitas com 48 horas de antecedência. Esta também era uma das reclamações, já que a divulgação das escalas ocorria no dia da prestação do serviço.
Outro compromisso assumido pelos Correios foi o de contratar mão de obra terceirizada, considerando que a demanda, já grande, irá aumentar com o período da Black Friday. O sindicato destaca que defende a realização de concurso público, mas aprova a contratação como medida emergencial neste momento de aumento de demanda.
A entidade já havia encaminhado um ofício para a empresa em 13 de setembro, mas não obteve resposta. Nele, afirma que tem recebido denúncias de “falta de estrutura, assédios, má gestão da máquina pública e processos administrativos gerados contra os trabalhadores, oriundos de falhas de processos concebidos pela própria empresa”.
Em um segundo documento, o Sintec destaca que durante todo o ano de 2021, “a Superintendência Regional do Espírito Santo tem abusado do uso das convocações em dias de repouso”, salientando que “os empregados têm trabalhado por diversos domingos e praticamente todos os feriados, sob ameaça da gestão nas unidades”.
Antônio afirma que a empresa não realiza concurso desde 2011. Somado a isso, as compras pela internet aumentaram durante a pandemia do coronavírus e o número de bairros atendidos por cada carteiro também, fazendo com que a qualidade dos serviços dos Correios caísse, elevando problemas, como os casos de extravio.
Ele destaca também o fato de que os trabalhadores têm feito duas horas extras por dia no expediente da semana, além de trabalhar aos sábados também com hora extra, e domingos e feriados.
Para o presidente do sindicato, existe nos Correios a intenção de desanimar o trabalhador, para justificar a privatização. “Ele fica desanimado, o trabalho não rende, e se ele se negar a comparecer, sofre processo administrativo”, enfatiza.
O presidente do Sintect recorda que, no Acordo Coletivo de Trabalho firmado em 2020, foram perdidas ou modificadas mais de 50 cláusulas. Uma delas é a que determina que caso o funcionário tenha que trabalhar aos domingos ou feriados, pode receber em dinheiro ou em dois dias de folga, conforme sua escolha. Agora, porém, é a empresa que decide, e sempre nega a folga.